domingo, 26 de julho de 2015

A parábola do joio no campo-Dehonianos

28/07/2015

Tempo Comum - Anos Ímpares - XVII Semana - Terça-feira

Lectio
Primeira leitura: Êxodo 33, 7-11; 34, 5b-9.28
Naqueles dias, 7Moisés pegou na tenda e foi colocá-la a certa distância do acampamento. Deu-lhe o nome de tenda da reunião. E todos aqueles que desejavam consultar o Senhor iam à tenda da reunião, fora do acampamento. 8Quando Moisés se dirigia para a tenda, todo o povo se levantava, permanecendo cada um à entrada da própria tenda, para o seguir com os olhos, até Moisés entrar na tenda. 9Logo que Moisés entrava na tenda, a coluna de nuvem descia e mantinha-se à entrada, e o Senhor falava com Moisés. 10E, ao ver a coluna de nuvem que permanecia à entrada da tenda, todo o povo se levantava e se prostrava, cada um à entrada da sua tenda. 11O Senhor falava com Moisés, frente a frente, como um homem fala com o seu amigo. Moisés voltava, em seguida, para o acampamento; mas Josué, filho de Nun, o seu servidor, homem ainda novo, não se afastava do interior da tenda. Moisés, passando junto dele, pronunciou o nome do Senhor. 6O Senhor passou em frente dele e exclamou: «Senhor! Senhor! Deus misericordioso e clemente, vagaroso na ira, cheio de bondade e de fidelidade, 7que mantém a sua graça até à milésima geração, que perdoa a iniquidade, a rebeldia e o pecado, mas não declara inocente o culpado e pune o crime dos pais nos filhos, e nos filhos dos seus filhos até à terceira e à quarta geração.» 8Moisés curvou-se imediatamente até ao chão e prostrou-se em adoração, 9dizendo: «Se, entretanto, alcancei graça aos teus olhos, ó Senhor, vem, por favor, caminhar no meio de nós, pois este é um povo de cerviz dura. Mas perdoa-nos as nossas iniquidades e os nossos pecados e aceita-nos como propriedade tua.» 28Moisés permaneceu junto do Senhor quarenta dias e quarenta noites, sem comer pão nem beber água. E escreveu nas tábuas as palavras da aliança, os dez mandamentos.
A leitura que hoje escutamos é composta por dois pequenos textos, o primeiro eloísta e o segundo javista, que nos referem a renovada aliança pelo Senhor, mediante um acto de renovação permanente do culto. O Senhor, apesar do pecado do povo, pela sua misericórdia e pelo seu amor, permanece junto do povo, graças a Moisés. Este, pegou «na tenda da reunião», isto é, no lugar do culto, e «foi colocá-la a certa distância do acampamento» (v. 7), como que a indicar que Deus não pode conviver harmoniosamente com homens pecadores, apesar de estar sempre disponível a perdoar-lhes. Todos os que reconheciam o seu pecado podiam dirigir-se à tenda e falar com Deus, tal como o intercessor Moisés, quando falava com o Senhor face a face, como amigo a amigo, e como Josué, que «não se afastava do interior da tenda» (v. 11). Em resumo, Deus, que se revela a Moisés como misericordioso, quer ensinar ao seu povo que o verdadeiro lugar da aliança não é o monte Sinai ou um qualquer outro lugar material, mas o reconhecer-se pecador e o estar disposto a acolher a sua misericórdia, que se manifesta nas situações concretas e por meio de homens e pessoas santas e amigas de Deus.

Evangelho: Mateus 13, 36-43
Naquele tempo, 36afastando-se das multidões, Jesus foi para casa. E os seus discípulos, aproximando-se dele, disseram-lhe: «Explica-nos a parábola do joio no campo.» 37Ele, respondendo, disse-lhes: «Aquele que semeia a boa semente é o Filho do Homem; 38o campo é o mundo; a boa semente são os filhos do Reino; o joio são os filhos do maligno; 39o inimigo que a semeou é o diabo; a ceifa é o fim do mundo e os ceifeiros são os anjos. 40Assim, pois, como o joio é colhido e queimado no fogo, assim será no fim do mundo: 41o Filho do Homem enviará os seus anjos, que hão-de tirar do seu Reino todos os escandalosos e todos quantos praticam a iniquidade, 42e lançá-los na fornalha ardente; ali haverá choro e ranger de dentes. 43Então os justos resplandecerão como o Sol, no Reino de seu Pai. Aquele que tem ouvidos, oiça!»
O Evangelho oferece-nos várias parábolas para nos ensinar como é que Deus faz chegar a sua Palavra aos homens. A parábola do joio no campo alerta-nos para a existência de outro semeador: o semeador do mal. Onde Deus semeia, também Satanás semeia. A acção do semeador do mal caracteriza-se por acontecer durante a noite, enquanto os criados dormem. Durante o dia, não seria possível uma tal acção. A separação entre o que é bom e o que é mau só terá lugar no momento da ceifa, isto é, no dia do juízo final (cf. Mt 9, 37; Mc 4, 29; Jo 4, 35). Quando chega o tempo da ceifa – não antes, para não arrancar também o trigo – o dono dirá aos ceifeiros que cortem o trigo e o joio, e que os separem: o joio vai para queimar e o trigo é guardado no celeiro. Esta parábola parece querer que responder a uma questão surgida nas primeiras comunidades: porque existem bons e maus cristãos na Igreja? A resposta é: tanto Deus como Satanás semeiam a sua semente. Deus tolera essa sementeira, e o crescimento e a maturação de ambas as sementes, para dar aos maus oportunidade de conversão.

Meditatio
O texto do Êxodo, que hoje escutamos, já nos faz antever o projecto de Deus de habitar no meio do seu povo, e de ter com cada um de nós uma relação pessoal profunda. Esta intenção divina começa a concretizar-se quando Moisés ergue a tenda e a chama «tenda da reunião». A tenda é o lugar do encontro. O texto sagrado diz que Moisés «foi colocá-la a certa distância do acampamento» (v. 7). Deus não podia habitar no meio do seu povo, porque esse povo tinha pecado, tinha-se afastado dele, tinha caído na idolatria. Portanto, a tenda estava distante. Mas era acessível: «todos aqueles que desejavam consultar o Senhor iam à tenda da reunião» (v. 7). Mesmo fora do acampamento, a tenda era o lugar do encontro de Deus com os homens e dos homens com Deus. Mas esse encontro será permanente quando, como nos diz João, no seu evangelho, o Verbo se fizer carne e habitar entre nós: «O Verbo fez-se homem e veio habitar connosco» (Jo 1, 14). Na Incarnação, o Verbo de Deus, o Filho de Deus, ergueu a sua tenda no meio das nossas tendas, tornou-se nosso vizinho e companheiro. Podemos, agora, falar com Ele, não apenas como um homem fala a outro homem, mas como um amigo fala ao seu amigo: «Já não vos chamo servos, … mas chamei-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi ao meu Pai» (Jo 15, 15). 
Na nova aliança, cada homem, cada um de nós, é chamado a esta relação pessoal, profunda com Deus, uma relação, não só face a face, mas coração a coração. É um privilégio que havemos de acolher com respeito, admiração, reconhecimento. A Eucaristia oferece-nos a inaudita possibilidade de receber Jesus, o Filho de Deus feito nosso irmão, nosso amigo, não só no meio de nós, mas dentro de nós, para falarmos com Ele, escutá-l´O, deixar que guie toda a nossa vida e a encha do seu amor. Pela Incarnação, pela Eucaristia, o Filho do homem, semeou e semeia em nós essa «boa semente». Há que impedir que o joio a sufoque. Há que deixá-la germinar, crescer, frutificar.

Oratio
Senhor Jesus, Tu viveste uma intensíssima intimidade com Deus, a Quem chamavas “Abbá”, com a confiança familiar que esse nome comporta. Mas quiseste viver também em grande intimidade connosco. Pela Incarnação, tornaste-Te nosso vizinho, amigo, irmão. Pela Eucaristia, quiseste permanecer connosco até ao fim dos tempos. Assim continuas a partilhar a nossa vida e a nossa sorte. Assim queres ser nosso companheiro, nosso alimento de caminhada, nossa luz e nossa força. Obrigado, Senhor! Obrigado! Amen.

Contemplatio
A comunhão é uma extensão da Incarnação. Em que consiste propriamente este mistério inefável (da Incarnação)? É que o homem se torna Deus pela união hipostática da natureza divina à natureza humana. Ora, não convinha que o Verbo se incarnasse em cada um de nós. E todavia o Coração de Jesus, tão ávido de se dar, dizia para Si mesmo: Entre todos os meus tesouros, há um, o mais precioso de todos, a minha divindade, que se torna inacessível aos meus irmãos e aos meus amigos; não gozam como Eu da união hipostática. Ora bem! Eis o que farei; dar-lhes-ei a minha carne que é a vida do mundo, inebriá-los-ei com o meu sangue, no seu coração colocarei o meu Coração e então a minha divindade unir-se-á a eles de um modo muito especial, embora não hipostático, dado que não o é por natureza. É assim que a divina Eucaristia, por meio da santa comunhão, nos faz entrar no próprio mistério da Incarnação, e estende-o a todos os filhos de Adão que quiserem pôr-se em estado de dele aproveitar. Que há de maior? Que há de mais belo? Que há de mais terno e de mais generoso! Associar-nos à divindade unindo-nos à humanidade santa de Jesus, ao seu Coração divino; tal é então o fim da santa Comunhão, e é assim que este Coração amante não se contenta com a qualidade de irmão, de amigo, ou de pai, mas torna-se o esposo das nossas almas e do nosso coração mesmo. «A minha carne, diz, é verdadeiramente uma comida, e o meu sangue verdadeiramente uma bebida». Comer Deus, saciar-se de Deus, incorporar-se em Jesus Cristo, não fazer senão uma só coisa com Ele, oh! Que glorioso privilégio! E quanto a incarnação eucarística é um complemento maravilhoso da primeira Incarnação. Todos os autores místicos descrevem muito longamente os efeitos maravilhosos da santa Comunhão. Faltar-nos-ia o tempo para os analisar, mas nós encontramos tudo e muito mais nesta magnífica síntese: A divina Eucaristia não é outra coisa senão a Incarnação aplicada a cada um de nós (Leão Dehon, OSP 2, p. 421s.).

Actio

Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«O Verbo fez-se homem e veio habitar connosco» (Jo 1, 14). 
  

Nenhum comentário:

Postar um comentário