quinta-feira, 25 de junho de 2015

PEDRO, PEDRA, ROCHA – Maria de Lourdes Cury Macedo

Domingo, 28 de junho de 2015.
Evangelho de Mt 16,13-19   
        
         Pedro era um pescador do Mar da Galileia. Ele se chamava Simão, que significa broto de bambu, varinha fina que se dobra ao vento. Quando Jesus teve seu primeiro encontro com  Simão, Jesus disse que seu nome seria mudado para Pedro, que é traduzido como Rocha (Jo 1,42). Portanto Foi Jesus quem trocou o seu nome de Simão por Pedro, pedra, rocha, para indicar sua nova missão. Dar um novo nome é mudar a situação da pessoa.  No Antigo Testamento somente Deus era chamado de rocha.
         Simão era um galileu que habitava em Cafarnaum, cidade próxima ao mar da Galileia, onde ele era pescador com seu irmão André. Sabemos que Pedro era casado porque o evangelho fala que ele vivia com sua sogra em Cafarnaum.
André, irmão de Pedro, era discípulo de João Batista. João Batista apresentou aos seus discípulos, Jesus dizendo que Jesus era o Cordeiro de Deus. André contou a Pedro que ele havia conhecido o Mestre e levou Pedro para conhecê-lo. Portanto, Pedro conheceu Jesus, quando lhe foi apresentado por seu irmão André, as margens do rio Jordão, onde tinha ido, atraído pela fama de João Batista.
Pedro provavelmente, pertencia a um grupo de pessoas que lutavam contra a dominação romana, esse grupo era  chamado  zelotas.
         Como podemos perceber pelas narrativas dos Evangelhos, Pedro tinha um temperamento explosivo e espontâneo, falava tudo o que sentia, era franco, leal e generoso, de iniciativas ardentes e de raciocínio rápido, era precipitado (apressado) e ao mesmo tempo um tanto medroso, receoso, tímido.
Um dia, Jesus caminhando ao longo do mar da Galileia, viu dois irmãos: Simão e André,  que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores. Jesus disse-lhes: “Vinde após mim e eu vos farei pescadores de homens”. Imediatamente deixaram suas redes e seguiram Jesus. E foi assim, sem vacilar, sem pensar duas vezes, que ele atendeu ao chamado de Jesus para torna-se um “pescador de homens”. 
         A partir deste encontro Pedro nunca mais se afastou de Jesus e esteve presente em todos os momentos muito importantes da vida de Jesus como: a transfiguração de Jesus no Monte Tabor, onde Jesus revela a sua divindade. Pedro falou para Jesus: “vamos fazer três tendas para ficarmos aqui”. Tamanha era a felicidade, alegria e paz que sentiu.
         Certa vez Jesus foi ter com os apóstolos no barco, no mar da Galiléia, à noite, e foi andando sobre as águas, Pedro ao ver o Senhor andando sobre as águas, quis também andar e Jesus disse a ele, “Venha”. Pedro foi, mas teve medo e começou a afundar. Jesus o repreendeu, dizendo: “Homem fraco na fé, porque duvidaste?”
         Mas, mesmo com toda a sua teimosia e ignorância foi Pedro que deu o primeiro testemunho de fé quando Jesus perguntou: “Quem vocês dizem que eu sou?“ Pedro respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus Vivo!”
         Jesus, que conhece intimamente cada um dos seus seguidores, que mesmo diante de todas as fraquezas de Pedro conhecia sua força, ao ouvi-lo proclamar sua Fé, lhe disse: “Feliz és tu, Simão, filho de João, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas Meu Pai que está nos Céus. E eu te declaro: Pedro, tu és pedra e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão sobre ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: Tudo o que ligares na terra será ligado nos céus e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.” ( Mt, 17-19)
Pedro recebe uma missão especial: em nome do Senhor deve ensinar e julgar, isto é, ser porta-voz da vontade de Deus. Jesus simboliza a missão que está dando a Pedro pela entrega das chaves do Reino dos céus. O poder de ligar e desligar indica a autoridade para transmitir a doutrina do Mestre e decidir o que é de acordo ou contrário ao evangelho.
Assim Jesus institui sua Igreja na profissão de fé em Cristo, feita por Pedro. Jesus confia a Pedro a missão de ser o chefe deste novo povo, a Igreja. Pedro recebe das mãos de Jesus a missão de ser o primeiro papa, aquele que tem como missão confirmar os irmãos na fé e a responsabilidade em manter a unidade da fé em Cristo e na Igreja. Pedro ficaria no lugar de Jesus para comandar o grupo dos apóstolos e todos que se convertessem ao cristianismo. 
         Pedro que conviveu com Jesus, que recebeu dele tantas lições de vida para o amor, para a renúncia, para a obediência, para conhecer suas próprias limitações; esse mesmo Pedro que jurou morrer por seu Mestre, que lhe jurou fidelidade na última ceia; que até mesmo tentou defendê-lo dos soldados cortando a orelha do soldado Malco, na hora da prisão de Jesus, quando vão levá-lo para julgar, condenar e crucificar, na hora difícil de Jesus, Pedro se enfraqueceu. Esse Pedro-pedra, forte, explosivo, sentindo medo e talvez até mesmo decepção acompanha Jesus de longe, se esconde atrás de uma fogueira e nega conhecê-lo por três vezes, na noite que prenderam Jesus para julgá-lo, condená-lo e matá-lo. Assim que o galo cantou, Pedro se lembrou das palavras de Jesus, que ele Pedro o trairia três vezes. Então Pedro chora amargamente por ter traído o seu Mestre, o seu querido amigo, e recorda tudo o que Jesus ensinou e da missão recebida das mãos de Jesus.
         Pedro dormiu na 5ª feira-santa quando Jesus em agonia no getsêmane pede que ore uma hora com Ele. Mas, na madrugada do Domingo da ressurreição Pedro corre até o túmulo e entra sem medo para verificar se o corpo do Senhor estava lá. Pedro encontra o túmulo vazio.
         Depois da ressurreição, Jesus vai até ao mar da Galileia, Pedro está no barco e quando reconhece Jesus se joga nas águas de roupa e tudo e nada 100 metros para se encontrar com Jesus. 
Jesus se encontra com os seus apóstolos na praia e enquanto lhes prepara um peixe, assando-o na brasa, pergunta a Pedro por três vezes: Pedro tu me amas? E Pedro responde: Sim Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta os meus cordeiros. Quando Jesus acabou de perguntar pela terceira vez, Pedro se entristeceu porque se lembrou que também o negou por três vezes.
         Depois da ascensão de Jesus aos céus, quando Jesus envia o Espírito Santo sobre os apóstolos no cenáculo, foi Pedro quem fez o discurso para uma multidão convertendo mais de três mil pessoas, provando que não estavam embriagados de vinho doce, mas sim repletos do Esp. Santo. Assim iniciou-se  a igreja missionária, a qual Jesus confiou a Pedro a missão de ser o chefe.
         Aquele Pedro medroso enfrenta qualquer um em nome de Jesus e da Igreja.
         Em nome de Jesus Pedro realiza milagres e prodígios. Um dia subindo ao Templo encontrou com um aleijado de nascença pedindo esmolas. Pedro disse-lhe: “Não tenho nem ouro nem prata, mas o que tenho, eu te dou: em nome de Jesus Cristo Nazareno, levanta-te e anda!” E o aleijado ficou curado.
 Cada vez mais aumentava a multidão dos homens e mulheres que acreditavam no Senhor. De maneira que traziam os doentes para as ruas e punham-nos em leitos e macas, a fim de que quando Pedro passasse ao menos a sua sombra cobrisse alguns deles e ficassem curados. Vinha gente de todo o lugar trazendo doentes e os atormentados por espíritos imundos, e todos eles eram curados.
Assumindo a missão que o Mestre lhe confiou, Pedro dirigiu as primeiras pessoas da Igreja de Jesus, as primeiras comunidades.  A sua primeira sede de trabalho apostólico foi a cidade de Antioquia, mas no ano de 42 mudou-se para Roma, onde fundou uma comunidade de cristãos.
         De Roma, Pedro mandou pregadores do Evangelho para outras partes do mundo. Depois de cinco anos foi expulso da cidade pelo imperador. Voltou para Jerusalém onde presidiu o primeiro Concílio da nossa Igreja por volta do ano 49, o Concílio de Jerusalém.
         Pedro foi preso diversas vezes por pregar o nome de Jesus e por seus milagres. Foi torturado, mas não se intimidava. Tendo retornado para Roma, aí permaneceu até ser martirizado por ordem do imperador Nero. Depois de ser açoitado, foi amarrado numa cruz, no dia 29 de junho, provavelmente no ano 64. Diz a tradição que ele mesmo pediu para ser crucificado de cabeça para baixo por não se achar digno de morrer da mesma forma que Jesus.
         Pedro governou a Igreja por aproximadamente 33 anos. Sua vida mostra concretamente a transformação ocorrida nele depois de Pentecostes. Podemos perceber a diferença que aconteceu em Pedro, a transformação. Podemos observar que Pedro do evangelho é um, Pedro dos atos dos Apóstolos é outro, porque está repleto do Espírito Santo, e com alegria e disposição deu a sua vida por Jesus, pela missão a ele confiada de dirigir a igreja e de levar a palavra de Deus até os confins do mundo.
O Espírito Santo nos transforma, nos encoraja, nos dá forças como deu a Pedro para cumprir sua missão. É só nos entregarmos a Ele, nos encharcarmos dele e deixar-nos guiar pelos seus dons e carismas.
Pedro é exemplo para nós. Somos como Pedro, imperfeitos por isso nos identificamos com ele, nos sentimos semelhantes a ele. A vida e a transformação de Pedro nos mostram que também nós podemos nos transformar, que todos temos capacidade de crescer e nos fortalecer na fé. Podemos, assim como Pedro, buscar forças nos ensinamentos de Jesus, na Palavra Sagrada e nos Sacramentos, para vencer nossa teimosia, ignorância e limitações, para seguindo seu exemplo, nos tornarmos mais uma “pedra” a ser colocada na construção do Reino.

Queridos irmãos e irmãs, vamos ser pedras vivas, fortes, duras como rochas, como pedra, como Pedro para instalar o Reino de amor, justiça e paz aqui na terra.   AMÉM!
        






3 comentários:

  1. Maria de Lourdes; bela reflexão, como todas deste SITE, leio todas e de todos, Deus a de continuar estendo as mãos sobre vocês evangelizadores. Este trabalho de vocês tem nos ajudados como ministros da palavra, assim podemos levar nossos trabalhos a outros cristãos. Que Deus abençoe todos vocês.

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