11/06/2015
Tempo Comum -
Anos Ímpares - S. Barnabé
José,
cognominado Barnabé, isto é, filho da consolação, é chamado apóstolo embora não
tenha pertencido ao grupo dos Doze. Era membro da comunidade judaica de Chipre,
em Jerusalém. Não conheceu pessoalmente Jesus, mas converteu-se logo nos
primeiros anos do Cristianismo, e teve um papel importante na expansão da
Igreja. Daí ser chamado apóstolo. Foi ele que apresentou Paulo à comunidade de
Jerusalém, garantindo-lhe a sua recente conversão. Conduziu Paulo a Antioquia,
apresentando-o também lá à comunidade dos fiéis. Acompanhou o Apóstolo na sua
primeira viagem missionária, cerca do ano 60. Depois, separou-se de Paulo,
regressando a Chipre onde terá sido martirizado no ano 60.
Lectio
Primeira
leitura: Atos 11, 21b-26; 13, 1-3.
Naqueles dias, foi
grande o número dos que abraçaram a fé e se converteram ao Senhor. 22A notícia chegou aos
ouvidos da igreja de Jerusalém, e mandaram Barnabé a Antioquia. 23Assim que ele chegou e
viu a graça concedida por Deus, regozijou-se com isso e exortou-os a todos a
que se conservassem unidos ao Senhor, de coração firme; 24ele era um homem bom,
cheio do Espírito Santo e de fé. Assim, uma grande multidão aderiu ao Senhor. 25Então, Barnabé foi a
Tarso procurar Saulo. 26Encontrou-o
e levou-o para Antioquia. Durante um ano inteiro, mantiveram-se juntos nesta
igreja e ensinaram muita gente. Foi em Antioquia que, pela primeira vez, os
discípulos começaram a ser tratados pelo nome de «cristãos.» 1Havia na igreja,
estabelecida em Antioquia, profetas e doutores: Barnabé, Simeão, chamado
‘Níger’, Lúcio de Cirene, Manaen, companheiro de infância do tetrarca Herodes,
e Saulo. 2Estando
eles a celebrar o culto em honra do Senhor e a jejuar, disse-lhes o Espírito
Santo: «Separai Barnabé e Saulo para o trabalho a que Eu os chamei.» 3Então, depois de terem
jejuado e orado, impuseram-lhes as mãos e deixaram-nos partir.
O nosso texto
mostra-nos o papel de Barnabé como elo de união entre a igreja mãe de Jerusalém
e a comunidade de Antioquia. Assim, colaborou na evangelização e na edificação
da Igreja.
A sua relação com
Paulo também foi importante. Apresentou-o às comunidades de Jerusalém e de
Antioquia garantindo a conversão à fé cristã daquele que todos conheciam e
temiam como terrível perseguidor. Fê-lo seu companheiro de missão, apesar de
Paulo acabar por ultrapassá-lo no intento de inculturar a fé. Ambos foram
missionários empreendedores e geniais a quem devem as comunidades de todos os tempos.
Evangelho:
Mateus 10, 7-13
Naquele tempo, disse
Jesus aos seus Apóstolos: Ide e proclamai que o Reino do Céu está perto. 8Curai os enfermos,
ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demónios. Recebestes
de graça, dai de graça. 9Não
possuais ouro, nem prata, nem cobre, em vossos cintos; 10nem alforge para o
caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem cajado; pois o trabalhador merece
o seu sustento. 11Em
qualquer cidade ou aldeia onde entrardes, procurai saber se há nela alguém que
seja digno, e permanecei em sua casa até partirdes. 12Ao entrardes numa casa, saudai-a. 13Se essa casa for digna,
a vossa paz desça sobre ela; se não for digna, volte para vós.
Jesus percorre cidades
e aldeias a anunciar o evangelho do Reino e a curar doentes, e verifica que as
multidões andam desorientadas e abandonadas como ovelhas sem pastor. Então,
chama Doze dos seus discípulos para estarem com Ele e partilharem a sua missão.
Dá-lhes poder sobre os espíritos imundos e para curar os doentes. Segundo
Mateus esta missão dirige-se exclusivamente às ovelhas perdidas da casa de
Israel: como Jesus, também os seus apóstolos – por agora – devem concentrar os
seus esforços num horizonte bem delimitado, enquanto esperam maiores aberturas,
depois da Páscoa do Senhor. Os missionários devem proclamar o que Jesus disse e
fez, e nada mais; devem exercer o seu ministério em absoluta gratuidade.
Meditatio
O discurso missionário
de Jesus revela-nos a magnanimidade do seu coração. A pobreza de meios, na
pregação do Evangelho, não é um limite mas abertura na confiança e na
generosidade. A pobreza faz-nos livres e capazes de dar a todos, por causa do
Reino de Deus, gratuitamente o que recebemos: “Recebestes de graça, dai de
graça.” (v. 8).
S. Barnabé realizou
esta página do Evangelho na sua vida. O livro dos Atos informa-nos que ele,
possuindo um campo, o vendeu, entregando aos Apóstolos, o produto da venda. Fez
o que o jovem rico não teve coragem de fazer (Mt 19, 21; Mc 10, 21). A
confiança em Deus, com que faz este gesto, é acompanhada pela confiança nos
outros. Ao chegar a Antioquia, em vez de se preocupar com aqueles “pagãos”
recém-convertidos ao Evangelho, Barnabé reage com total confiança: “Assim que
ele chegou e viu a graça concedida por Deus, regozijou-se com isso” (v. 23).
Não é um apagador de entusiasmos, preocupado com a observância de minúcias. É
“um homem de Deus, cheio de Espírito Santo e de fé” (At 2, 24), que “exorta a
todos a que se conservem unidos ao Senhor” (cf. v. 23). O mais importante é
aderir a Cristo. Deste modo, “uma grande multidão aderiu ao Senhor” (v. 24).
Outro aspeto que nos
revela a amplitude do seu coração é o seguinte: ao dar-se conta da fecundidade
daquele campo de apostolado, não o reservou só para si, mas “foi a Tarso
procurar Saulo” (At 10, 25). Quando Paulo se tornou mais importante do que ele
no apostolado entre os pagãos, pode dizer-se de Barnabé o que dizem os Atos,
quando da sua chegada a Antioquia: “regozijou-se com isso” (v. 23).
Barnabé está
completamente à disposição de Cristo. Por isso, o Espírito Santo pode
reservá-lo para uma missão mais universal: a evangelização das nações.
Em Barnabé, vemos
resplandecer a confiança e generosidade, baseadas na pobreza do coração. Dizem
as nossas Constituições: “A partilha dos bens no amor fraterno permite-nos
verificar que, na Igreja e com a Igreja, somos sinal no meio dos nossos irmãos.
Esta pobreza segundo o Evangelho convida-nos a libertar-nos da sede de posse e de
prazer que sufoca o coração do homem. Estimula-nos a viver na confiança e na
gratuidade do amor” (n. 46).
Oratio
Senhor, que belo
modelo a imitar. S. Barnabé é um discípulo muito amável, bom, piedoso e
caridoso para com o próximo. Possui, além disso, as virtudes mais austeras,
pois se despojou dos seus bens, e desafiou todas as contradições. A seu
exemplo, quero sacudir a minha tibieza, e viver a gratuidade que carateriza os
verdadeiros missionários. Educai o meu coração, e fazei-o aproximar do ritmo do
vosso Coração. Dai-me um coração manso e humilde como o vosso. Ámen.
Contemplatio
S. Barnabé não era do
número dos doze apóstolos, mas foi-lhe acrescentado e trabalhou muito com S.
Paulo. Levita e cipriota, estudava as santas Letras em Jerusalém sob a direção
do Rabino Gamaliel, quando foi testemunha da cura do paralítico na piscina.
Uniu-se então imediatamente aos discípulos de Nosso Senhor. Era um homem jovem,
amável e bom. Era bom, dizem os Atos, e cheio de fé e ricamente dotado com os
dons do Espírito Santo. Os apóstolos chamaram-no Barnabé, o que quer dizer «o
Filho da consolação». Depois do Pentecostes, estava em Damasco quando aconteceu
o milagre da conversão de S. Paulo. Fez-se o anjo da guarda de S. Paulo,
conduziu-o a Jerusalém e apresentou-o aos apóstolos. Trabalharam juntos vários
anos, e receberam a missão de pregar a fé aos gentios. Ganharam quase toda a
cidade de Antioquia. Barnabé era de uma família abastada. Tinha uma bela
propriedade na ilha de Chipre. Vendeu-a e apresentou o valor aos apóstolos.
Dava assim o grande exemplo do desapego e da vida religiosa. Havia em Antioquia
um grupo de padres, de profetas e de doutores. O Espírito Santo revelou-lhes
positivamente a missão de Paulo e de Barnabé para a conversão dos gentios.
Enviaram, portanto, estes dois apóstolos para os países do ocidente. Barnabé e
Paulo passaram na ilha de Chipre onde fizeram maravilhas e ganharam para a fé o
próprio procônsul, Sérgio Paulo. De lá foram para a Ásia Menor e pregaram na
Pisídia, em Perga, em Antioquia, em Icónio, em Listra. Foi uma alternativa de
sucessos e de perseguições. (L. Dehon, OSP 2, pp. 311-312).
Actio
Repete muitas vezes e
vive hoje a palavra:
“Recebestes de graça,
dai de graça”. (Mt 10, 8).
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S. Barnabé, Apóstolo
(11 Junho)
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