12 de Maio - Terça - Evangelho - Jo 16,5-11
O
Evangelho de hoje encontra-se dentro do Sermão da Planície – que para Mateus é
o Sermão da Montanha – narrado por São Lucas. É o Sermão das Bem-aventuranças,
o Sermão da Felicidade. Sendo este último [Sermão da Felicidade], significa que
não podemos deixar de fora nada que se encontra neste discurso, pois disso
depende nossa felicidade, nossa bem-aventurança: vocação universal de todo
batizado.
Não
podendo deixar de lado nada que aí se encontra na Palavra, muito menos
podemos deixar de viver esta que é a regra de ouro para toda a vivência do amor
entre nós: viver a misericórdia como o Senhor a vive conosco. Ser
misericordioso como o Pai é misericordioso.
“Misericórdia”
significa, do latim, “coração que se volta para o miserável” – entendendo
miserável não de forma pejorativa, mas como aquele que está necessitado de
misericórdia. Jesus é este que se encontra totalmente voltado para nós a partir
da nossa miserabilidade, ou seja, vive por excelência o amor do Pai: amor que
consiste em amar o outro a partir daquilo que ele tem de pior.
Jesus é
misericordioso, pois exerce a misericórdia; mas ao mesmo tempo, Ele é a
misericórdia do Coração do Pai. A misericórdia que exercemos para com os outros
possui poder de ressurreição para essas pessoas. Jesus nos envia a exercer a
misericórdia, não pelo fato simplesmente de Ele ser misericordioso, mas sendo
misericordioso, e nos enviando para o exercício desta misericórdia, quer que
propaguemos a ressurreição que nos foi dada mediante o amor do Seu coração
misericordioso, vivido de forma misericordiosa.
Não
possuímos o direito de julgar nenhuma pessoa, pois Jesus não nos julga de forma
condenável, como, muitas vezes, fazemos para com os outros. Aliás, teríamos um mundo
melhor, uma sociedade melhor, uma família melhor, se em vez de condenarmos,
exercêssemos a misericórdia e o amor para com as pessoas, a começar por aquelas
bem próximas de nós.
Não há
dúvida de que a causa de tanta infelicidade, que acontece em nossa sociedade, a
começar em cada um de nós, muitas vezes, se dá pelo fato da falta de
misericórdia que exercemos sobre as pessoas. Vivemos, infelizmente, numa
sociedade cruel, desumana; mas, quanto de sociedade existe dentro de mim e de você?
Sejamos os
primeiros a viver a misericórdia de forma concreta! Nesta Quaresma, neste tempo
maravilhoso que nos encontramos, como podemos exercer de forma concreta a
misericórdia? Existem as obras de misericórdia: corporais e
espirituais. Dar de comer a quem tem fome; dar de beber a quem tem sede; vestir
os nus; acolher os peregrinos; visitar os doentes e presos; todas estas são
obras de misericórdia corporais.
Aconselhar
os ignorantes; ter paciência com os que se encontram fracos na caminhada; rezar
pela conversão dos pecadores; dentre outras, são as obras de misericórdia
espirituais. A nós cabe exercer a misericórdia fazendo aos outros o que
gostaríamos que fizessem conosco e como agissem conosco.
As obras
de misericórdia nos convidam a darmos aos outros aquilo que possuímos de melhor
em nós mesmos. “Dai e vos será dado”, diz Jesus. Muitas vezes, não recebemos
porque nossas mãos se encontram fechadas para tudo e para todos. A medida daquilo que recebemos, enquanto
graças de Deus, consiste no tamanho de nossa disponibilidade em ajudarmos, em
amarmos os outros.
Não há
pobreza em nosso meio. Há miséria! Miséria esta fruto da falta de amor, de
abertura, de entrega, de misericórdia para com os outros.
Padre Pacheco
Comunidade Canção Nova.
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