10 de Maio - DOMINGO -
Evangelho - Jo 15,9-17
Não fostes vós que me
escolhestes, mas fui eu que vos escolhi.
Hoje nós celebramos a
festa do Apóstolo S. Matias. A escolha dele, em substituição a Judas
Iscariotes, está narrada na primeira Leitura: At 1,15-26. Fizeram um sorteio.
Nós hoje escolhemos os nossos líderes geralmente através da votação. Mas no
fundo quem escolhe é sempre Deus, seja através do sorteio, da votação, ou de
qualquer outro sistema eleitoral.
Não somos nós que
escolhemos a Deus, mas é ele que nos escolhe. Da nossa parte, cabe a
disponibilidade, como teve S. Matias. Ele não escolheu ser Apóstolo, foi a
Igreja que o escolheu. Ou melhor, foi Deus que o escolheu através da Igreja.
É interessante o
discursinho de S. Pedro, que está na primeira Leitura. O que ele fez foi um
discernimento junto com a Comunidade, isto é, uma busca da vontade de Deus.
Usando outras palavras, Pedro disse: Deus quer que haja doze Apóstolos, porque
foi assim que Jesus constituiu o grupo, que é uma continuação das doze tribos
de Israel. Mas Judas nos deixou. Portanto, Deus quer que um de vocês ocupe o
lugar dele.
Com essas palavras,
Pedro motivou a Igreja ali reunida, umas cento e vinte pessoas, a buscarem uma
saída, indicando candidatos para preencher a vaga. Pedro ainda deu critérios
para a escolha: “Há homens que nos acompanharam durante todo o tempo em que o
Senhor Jesus vivia no meio de nós, a começar pelo batismo de João até o dia em
que foi elevado ao céu. Agora, é preciso que um deles se junte a nós”. Esses são
os chamados setenta de dois discípulos. A Comunidade trocou idéias e apresentou
Matias e José Barsabás.
A Comunidade escolheu
através de um sorteio. Nós hoje costumamos fazer votação ou outro sistema
qualquer. É a mesma coisa. No fundo, quem escolhe é Deus, seja através do
sorteio, ou dos votos, ou de qualquer outro sistema eleitoral.
O importante é a
Comunidade fazer as três coisas que essa Comunidade fez: 1ª) Ter o desejo de
fazer a vontade de Deus, não a própria vontade. 2ª) Rezar, pedindo a Deus que
ilumine e dirija na hora de votar ou de escolher. 3ª) Os membros fazerem a sua
parte, conversando entre si e trocar idéias sobrem quem é o mais indicado para
o cargo.
Deus quer que os
postos vagos nas pastorais, nos ministérios e nos vários serviços da nossa
Comunidade sejam preenchidos. Vários motivos levam um cargo a ficar vago:
doença, mudança da família para outra cidade, impossibilidade de continuar,
devido a compromissos pessoais ou familiares, devido a doença. E também por um
motivo muito comum: a pessoa que exercia o cargo parou de participar da
Comunidade.
O próprio fato de
haver uma função vaga é um chamado de Deus para todos os membros da Comunidade.
É algo que nos inquieta. A primeira coisa que a gente pensa é: Será que eu
tenho condições de assumir essa função? Ou: Será que eu não poderia convencer
alguém a assumi-la?
Imagine se S. Pedro
aparecesse hoje na nossa Comunidade, convivesse uns dias com ela e depois
fizesse um discursinho na hora da Missa: “Irmãos, eu descobri que tal cargo
está vago. Isso não pode acontecer! Deus não quer isso! Peço a vocês que se
reúnam, conversem entre si e apresentem alguns candidatos para fazermos uma
votação”. Que bonito seria, não? Que aprendamos a lição da escolha de Matias!
Uma função vaga na nossa Comunidade é, por si mesma, um chamamento de Deus a
nós. Que nos esforcemos para que, de uma forma ou de outra, essa função seja
preenchida.
No Evangelho, Jesus
fala que o seu amor nasce da obediência aos seus mandamentos: “Se guardardes os
meus mandamentos, permanecereis no meu amor”. Essa expressão “no meu amor”
refere-se não apenas ao nosso amor a ele, mas ao amor que ele carrega no
coração, que é o amor que existe dentro da SS. Trindade e que foi derramado em
nossos corações (Rm 5,5).
De fato, o amor de
Deus não é apenas sentimento, ele se mostra nas nossas ações e atitudes. “Nem
todo aquele que me diz: ‘Senhor! Senhor!’, entrará no Reino dos Céus, mas só
aquele que põe em prática a vontade de meu Pai que está nos céus” (Mt 7,21).
Um dos mandamentos de
Jesus é pertencer à sua Igreja, que é una, santa, católica e apostólica.
E neste Evangelho
Jesus fala também: “Eu não vos chamo servos, mas amigos”. Ele quer ser nosso
amigo. Vamos também ser amigos dele, amigos fiéis e sinceros, como ele é
conosco.
“Ninguém tem amor
maior do que aquele que dá sua vida pelos amigos.” O Apóstolo S. Matias pregou
a Palavra de Deus na Palestina, e depois na Ásia Menor, onde morreu mártir. Diz
a tradição que ele foi apedrejado e depois morto a machadadas. Portanto, deu a
vida por Cristo e pela santa Igreja.
Existe o chamado
martírio incruento, isto é, martírio sem sangue. São cristãos que dão a vida
por Cristo e pela Igreja, e morrem por esta causa. Diante de Deus, o martírio
incruento tem o mesmo valor do martírio de sangue.
Certa vez, um pai
comprou para o seu filho de sete anos uma pipa, brinquedo que em alguns lugares
é chamado de papagaio. O menino foi direto para o terreiro, a fim de soltar a
pipa. Mas ele não conseguiu levantá-la. Por mais que se esforçava, a pipa não
subia. O garoto corria pra lá e pra cá, mas nada.
O pai viu, veio, pegou
a linha e com facilidade levantou a pipa, mas só a uns dois metros do chão,
para que o menino fizesse o resto. Passou a linha para o filho e explicou como
fazer. Aí sim, o papagaio se levantou, foi para as alturas e o garotinho ficou
muito feliz.
S. Pedro, na eleição
do Apóstolo Matias, fez como esse pai. Ele não levantou a pipa mas ajudou o
filho a fazê-la. S. Pedro não escolheu o sucessor de Judas, mas incentivou e
orientou a Comunidade como fazê-lo. As pessoas têm muitas pipas para serem
levantadas. Que tal nós darmos uma mãozinha? Feliz daquele e daquela que,
apesar do vento, não deixa a sua pipa cair nem se enroscar nas árvores!
Que Maria Santíssima e
os Apóstolos S. Pedro e S. Matias nos ajudem a levar em frente a nossa
Comunidade, observando os mandamentos de Jesus.
Não fostes vós que me
escolhestes, mas fui eu que vos escolhi.
Nenhum comentário:
Postar um comentário