sexta-feira, 22 de maio de 2015

Fazer ,esperando uma recompensa--Diac. José da Cruz


Terça Feira da Oitava Semana do TC  26/05/2015
1ª Leitura Eclesiástico 35, 1-15
Salmo 49/50 “Ao que procede retamente, a este eu mostrarei a Salvação de Deus”
Evangelho Marcos 10, 28-31

" Fazer  ,esperando uma recompensa..."

Este evangelho é sequência do anterior, meditado ontem, Jesus nem tinha acabado de falar e o apóstolo Pedro, todo garboso, achando que ele e o grupo de discípulos eram bem melhores do que o homem rico, que foi embora de cabeça baixa, disse a Jesus "Eis que deixamos tudo e te seguimos...", e em seguida a pergunta que com  certeza ele fez ou deixou no ar "Vamos ganhar o que?".
Na parábola dos empregados convidados para trabalharem na Vinha, aqueles primeiros que madrugaram receberam uma moeda de ouro, e imaginavam que os últimos que começaram as cinco da tarde, receberiam um valor menor. O Filho mais velho, na Parábola do Filho Pródigo, irritou-se e encheu-se de ódio contra o Pai, porque ele dava uma recompensa a quem não merecia, referindo-se a festa e ao boi gordo abatido para o churrasco na recepção do Filho mais novo, que tinha partido um dia dissipando os seus bens em uma vida devassa.
Embora o Judaísmo não influencie mais a vida dos cristãos da Pós-modernidade, mas a questão da recompensa ainda existe, nos impedindo de amar gratuitamente e incondicionalmente as pessoas. Nas Famílias, mesmo nas cristãs bem constituídas, ainda se premia o filho ou a filha mais comportado, mais estudioso, mais trabalhador. Na sociedade, as pessoas boas sempre são lembradas pelos nossos políticos, ainda em vida, ou virando nome de rua depois de mortas. Quando alguém de uma vida Santa,  consegue um ótimo emprego, ou algum prêmio que vai mudar sua vida, tipo ganhar na Mega sena acumulada, na própria comunidade irão dizer "Deus te abençoou, porque você merece..." E por fim, temos a Teologia da Retribuição e Prosperidade, que lotam templos enriquecendo pastores mal intencionados, tudo para prosperar e ser bem sucedido nesta vida.
Lembro-me dos meus tempos de catequese lá nos anos sessenta, onde aprendíamos a ser bons para poder ir para o céu, e quando aprontávamos alguma, em casa ou na catequese, alguém nos alertava " Olha, desse jeito você não vai para o céu". Será que hoje em nossas comunidades  muita gente não pensa assim? E pode acontecer ainda pior, alguém ser bom para que nenhum mal lhe aconteça...Essa conduta e modo de pensar está muito longe de SER CRISTÃO de verdade.
Jesus garante que a renúncia e o desapego a tudo nesta vida, para ficar com ele e se tornar um discípulo, não ficará sem recompensa, de fato, as alegrias que se sente, quando se ama e se doa gratuitamente é algo fantástico, mas que, porém, pode se tornar frustrante, quando esperamos algum retorno, algum elogio, algum confete, quando queremos uma boa alisada em nosso ego...por conta de sermos bons....
Termino com uma bela oração do Século XVI "Meu Deus, não é o céu que prometestes que me leva a querer-te, também não é o inferno tão temido que me leva a deixar de te ofender...somente o teu amor leva-me a agir, e de tal modo, que mesmo que não houvesse o céu eu te amaria, e mesmo que não houvesse o inferno eu te temeria. Nada o Senhor tem que me dar para que eu o ame, pois ainda que não esperasse o que espero, eu te amaria do mesmo modo como eu te amo"  (Diácono José da Cruz – Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim SP – E-mail cruzsm@uol.com.br)



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