06- de Junho - Sábado - Evangelho
- Mc 12,38-44
Padre
Antonio Queiroz
Esta
pobre viúva deu mais do que todos os outros.
O
Evangelho de hoje tem duas partes. Na primeira, Jesus nos alerta sobre o perigo
da hipocrisia, que consiste em dar uma aparência daquilo que a pessoa não é.
Todos nós somos um pouco hipócritas: escondemos os nossos defeitos e publicamos
as nossas virtudes.
Nas
cidades históricas de Minas, existem os “santos de pau oco”. O escultor só faz
a cabeça e os braços do santo. O resto, que ficaria escondido debaixo da roupa,
não existe. Se levantamos a roupa do santo, vemos apenas uma haste de madeira.
Todos nós somos um pouco “santos de pau oco”. Mas de Deus ninguém esconde nada!
Na
segunda parte do Evangelho, Jesus elogia a generosidade da viúva que colocou no
cofre do Templo duas pequenas moedas, que não valiam quase nada, mas que era
tudo o que ela possuía para viver.
Quem
ama a Deus, confia nele, e não mede os sacrifícios que faz por ele. Aliás, nem
vê seus gestos como sacrifício. A viúva amava muito a Deus, por isso confiava
nele e sabia que não ia passar fome sem aquelas moedas.
As
outras pessoas “deram do que tinham de sobra”. Sinal que colocavam a própria
segurança, não em Deus, mas nos próprios bens. Por isso que os ricos são ricos,
e por isso que existe fome no mundo.
Mas
a mensagem de Jesus vai muito além de oferta em dinheiro. Isto foi apenas uma
ocasião. Podemos nos perguntar: a viúva foi imprudente? É certo alguém fazer
isso que ela fez, dar a Deus tudo o que possui para viver? É certo ajudarmos um
necessitado, usando para isso um tempo não livre, ou um bem do qual vamos
precisar?
A
parábola do bom samaritano (Lc 10,25-37) vai na mesma linha. O samaritano não
calculou nada, quando desceu do cavalo e socorreu o ferido que viu na beira da
estrada.
Todo
gesto de amor verdadeiro inclui a doação da nossa vida; do contrário é egoísmo
disfarçado em amor. Até um simples dar uma moeda ao mendigo que nos pede, só
será amor verdadeiro se estiver embutida no gesto uma entrega total nossa a
Deus, presente naquele mendigo.
“Ninguém
tem maior amor do que aquele que dá a vida por quem ama” (Jo 15,13). E Jesus,
que falou essa frase, nos deixou o exemplo com a sua própria vida.
“Buscai
em primeiro lugar o Reino de Deus, e tudo o mais vos será dado por acréscimo.”
Aí está o caminho da felicidade, da realização pessoal e do sentido da vida que
todos nós buscamos.
Aquela
viúva certamente tinha alegria e descontração, ao passo que aqueles outros
estavam tensos e preocupados. É o que acontece quando seguimos e quando não
seguimos o plano de Deus.
Certa
vez, um mendigo estava andando numa estrada, com seu saco de bugigangas nas
costas. De repente, percebeu que vinha ao seu encontro uma carruagem de ouro!
Ele pensou: agora estou feito, vou pedir para ele e receberei uma boa ajuda!
Para sua surpresa, quando a carruagem foi se aproximando, diminuiu a velocidade
e parou. É agora – pensou ele – nem precisei pedir e já vou ganhar uma boa
soma. Um príncipe desceu da carruagem, vestido com roupas douradas, aproximou-se
do mendigo, estendeu a mão e disse: “O senhor pode dar-me alguma coisa?” O
mendigo ficou tão surpreso que nem respondeu nada. Retirou de seu saco três
grãos de arroz e deu para o príncipe. Quando a carruagem foi embora, ao olhar
sua mochila, a surpresa ainda foi maior: encontrou três grãozinhos de ouro,
exatamente do tamanho dos grãos de arroz que ele havia dado! E aquele mendigo
ficou lamentando: por que não dei todo o arroz que eu tinha! Assim eu agora
estaria rico e não precisaria mais pedir esmolas!
Vamos
ser generosos com Deus; assim ele também será generoso conosco.
Maria
Santíssima, quando foi ajudar a prima Isabel que estava grávida, ficou lá três
meses. Se ela fosse calculista, certamente teria voltado antes para casa, ou
nem teria ido, já que ela também estava grávida, e do próprio Messias. Se ela
fosse calculista, também não estaria ao pé da cruz, junto do Filho, devido ao
perigo que isso representava para ela.
Vamos
pedir ao nosso bom Deus que, pela intercessão de Nossa Senhora, faça com que os
nossos atos sejam dirigidos pelo amor, que nos leva às vezes ao heroísmo.
Esta
pobre viúva deu mais do que todos os outros.
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