terça-feira, 31 de março de 2015

Depois de oito dias, ele apareceu de novo-Claretianos

DOMINGO, 12 DE ABRIL DE 2015
Zenon, Júlio

Atos 4,32-35: Todos pensavam e sentiam o mesmo
Salmo 117: Deem graças ao Senhor porque é bom, porque eterna é a sua misericórdia
1João 5,1-6: Todo que nasceu de Deus vence o mundo
João 20,19-31: Depois de oito dias, ele apareceu de novo.

19 Na tarde do mesmo dia, que era o primeiro da semana, os discípulos tinham fechado as portas do lugar onde se achavam, por medo dos judeus. Jesus veio e pôs-se no meio deles. Disse-lhes ele: A paz esteja convosco! 20 Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos alegraram-se ao ver o Senhor. 21 Disse-lhes outra vez: A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós. 22 Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: Recebei o Espírito Santo. 23 Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos. 24 Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. 25 Os outros discípulos disseram-lhe: Vimos o Senhor. Mas ele replicou-lhes: Se não vir nas suas mãos o sinal dos pregos, e não puser o meu dedo no lugar dos pregos, e não introduzir a minha mão no seu lado, não acreditarei! 26 Oito dias depois, estavam os seus discípulos outra vez no mesmo lugar e Tomé com eles. Estando trancadas as portas, veio Jesus, pôs-se no meio deles e disse: A paz esteja convosco! 27 Depois disse a Tomé: Introduz aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos. Põe a tua mão no meu lado. Não sejas incrédulo, mas homem de fé. 28 Respondeu-lhe Tomé: Meu Senhor e meu Deus! 29 Disse-lhe Jesus: Creste, porque me viste. Felizes aqueles que crêem sem ter visto! 30 Fez Jesus, na presença dos seus discípulos, ainda muitos outros milagres que não estão escritos neste livro. 31 Mas estes foram escritos, para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome.

COMENTÁRIO


Depois da morte de Jesus, a comunidade se sente com medo, insegura e indefesa ante as represálias que possa sobre da instituição judaica. Ela se encontra em uma situação de temor paralela à do antigo Israel no Egito, quando os israelitas eram perseguidos pelas tropas do faraó (Ex 14,10) e, como aconteceu com aquele povo, os discípulos estão também na noite (já anoitecendo) na qual o Senhor vai tirá-los da opressão (Ex 12,42; Dt 16,1). A mensagem de Maria Madalena, contudo, não os liberta do temor. Não basta ter notícias do sepulcro vazio; só a presença de Jesus pode dar-lhes segurança em meio a um mundo hostil. Porém, tudo mundo a partir do momento em que Jesus, que é o centro da comunidade, aparece no seu meio, como ponto de referência, fonte de vida e fator de unidade. Sua saudação lhes devolve a paz que haviam perdido. Suas mãos e as marcas da cruz, provas de sua paixão e morte, são agora sinais de seu amor e de sua vitória: o que está vivo diante deles é o mesmo que morreu na cruz. Se o medo da morte os afligia, agora percebem que ninguém pode tirar-lhes a vida que o ressuscitado comunica.
O efeito do encontro com Jesus é a alegria, como ele mesmo havia anunciado (16,20: vossa tristeza se converterá em alegria). E começou a festa da Páscoa, a nova criação, o novo ser humano capaz de dar a vida para gerar vida.
Com sua presença, Jesus comunica seu Espírito e este lhes dá força para enfrentar o mundo e libertar a homens e mulheres do pecado, da injustiça, do desamor e dar morte. Para isso os envia ao mundo, a um mundo que os odeia como odiou a ele (15,18). A missão da comunidade não será outra senão a de perdoar os pecados para dar vida, ouo que é igual, colocar fim a tudo que oprime, reprime ou suprime a vida, que é o efeito produzido pelo pecado na sociedade.
Porém, nem todos creem. Um deles, Tomé, o mesmo que se mostrou pronto para acompanhar Jesus na morte (Jo 11,16), que agora resiste a crer no testemunho dos discípulos e não lhes basta ver a comunidade transformada pelo Espírito. Não admite que o que eles viram seja o mesmo que ele havia conhecido. Não crê na permanência da vida. Exige uma prova individual e extraordinária. As frases redundantes de Tomé, com sua repetição e palavras, sublinham estilisticamente sua falta de capacidade de compreender. Não busca Jesus, fonte de vida, mas uma relíquia do passado.
Para crer ele precisa de algumas palavras de Jesus: “Coloca aqui teu dedo, olha minhas mãos; coloca tua mão e coloca-a no meu lado e não sejas incrédulo, mas tenha fé”. Tomé, que não chega a tocar em Jesus, pronuncia a mais sublime confissão evangélica de fé chamando a Jesus de “meu Senhor e meu Deus”. Com esta dupla expressão alude ao mestre a quem chamavam Senhor, sempre disposto a lavar os pés de seus discípulos e ao projeto de Deus, realizado agora em Jesus, de fazer chegar ao ser humano ao ponto mais alto da divindade realizada agora em Jesus (meu Deus...).
Porém, sua atitude incrédula merece uma repreensão da parte de Jesus, que se transformou em bem-aventurança para todos os que não poderão vê-lo nem tocá-lo e terão, por isso, que descobri-lo na comunidade e notar nela sua presença sempre viva. De agora em diante a realidade de Jesus vivo não é percebida com discursos nem buscando experiências individuais e isoladas, mas que se manifesta na vida e conduta de uma comunidade que é expressão de amor, de vida de alegria. Uma comunidade de pensamentos e sentimentos comuns, de colocar em comum os bens e de repartir igualitariamente os bens como expressão de sua fé em Jesus ressuscitado, uma comunidade de amor como defende a primeira carta de João (1Jo 5,1-5).
Oração: Ó Deus de misericórdia infinita, que reanimas a fé do povo com a celebração anual das festas pascais: acrescenta em nós os dons de tua graça para que compreendamos melhor que és verdadeiramente Pai e doador da vida, que nos chamas a acolher e acrescentar e que a tua vida finalmente triunfará. Por nosso senhor Jesus Cristo...

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