segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Jejuar ou fazer Banquete?-Diác. José da Cruz


SEXTA FEIRA APÓS A QUARTA DE CINZAS 20/02/2015
1ª Leitura Isaias 58, 1-9ª
Salmo 50/51, 19b “Um coração arrependido e humilhado, ó Deus, que não haveis de desprezar”
Evangelho Mateus 9, 14-15
"Jejuar ou fazer Banquete?"
Vamos projetar o evangelho lá no seu tempo real em que foi escrito, cerca de 80 a 90 anos após a morte e ressurreição de Jesus, não nos esqueçamos que são escritos pós pascais....
Provavelmente havia alguma comunidade exagerando no Jejum sem saber o seu real significado. Jejum não significa tristeza ( a pessoa pode até ficar com cara de triste, se na casa dela, justo no dia em que ele decidiu jejuar a esposa prepara uma bela de uma feijoada bem suculenta) . O próprio Jesus exortou que quando se jejuasse, lavasse o rosto e usasse perfume, para não ficar com cara de quem está morrendo de fome.
Jejujar é preparar-se para algo grandioso que vem. Quando jejuamos, nos abstemos de alimento porque cremos que o nosso alimento essencial é a Graça de Deus dada através de Jesus. A Igreja orienta jejum em dois dias do ano: na quarta Feira de cinzas e na sexta Feira da paixão.Mas quem quiser jejuar todo dia, desde que saiba como fazê-lo e qual o seu sentido real, poderá fazê-lo pois é um ótimo exercício espiritual. Só lembrando, principalmente para quem trabalha e estuda, que o nosso organismo precisa de alimento com frequência e o exagero no jejum poderá ter consequências funestas na saúde e essa não é a vontade de Deus.
Mas voltemos ao evangelho, uma comunidade jejuava a outra não. Os discípulos de João e os Fariseus faziam Jejum mas os discípulos de Jesus não faziam. E agora, quem estava certo? Em nossos dias há pessoas que se habituaram a jejuar em um ou dois dias da semana. Depende de cada organismo e de cada espiritualidade. O evangelho não é uma manifestação contra o jejum, mas quer colocá-lo em seu devido lugarpara que se possa compreender o seu sentido.
Os discípulos de João e o grupo dos Fariseus não tinham ainda percebido que o Messias esperado, o tempo novo prometido pelas profecias já havia chegado com Jesus. Não sei se os discípulos de Jesus chegaram a jejuar algum dia, mas o fato é que naquele momento, eles não estavam nem aí com as normas religiosas do Judaísmo e a observância da Lei, não porque fossem insensíveis e não respeitassem a tradição de Israel, mas é que em Jesus descobriram algo novo e inédito, que superava toda e qualquer prescrição. O que sentiam era uma imensa alegria por estarem com ele em suas andanças e pregações. Queriam era mais fazer banquetes para beber, comer e extravasarem sua alegria que tinha em Jesus a razão de ser.
A humanidade só ficou sem a presença de Deus encarnado em seu meio, nas horas em que Jesus estava no sepulcro (por esta razão que na igreja não se celebra eucaristia na sexta Feira Santa) Era esse Jejum que Jesus se referia, ao dizer que quando o noivo fosse tirado do meio deles, eles iriam jejuar, isso é, ter que esperar mais uma vez (mais um pouco de tempo e não me vereis, mais um pouco de tempo e tornareis a me ver...)
Nós todos que cremos e professamos nossa Fé em Jesus, vivemos esse "Já, mas não agora" do Reino de Deus, a nossa esperança escatológica nos anima a caminhar pela longa estrada, Jesus caminha conosco em nossa Igreja, sem dúvida nenhuma, entretanto, por causa de nossas fraquezas e limitações as vezes podemos nos desanimar e mudar o foco da nossa atenção. Para que isso não ocorra a Igreja tem o seu tempo forte na liturgia, principalmente na quaresma onde o Jejum, a esmola e a oração, são os elementos essenciais nesta vida, que nos ajuda a preparar melhor para este definitivo encontro com o Senhor, quando acontecer a Páscoa da nossa Vida.....

                                                                            Diácono José da Cruz
                            Paroquia Nossa Sra. Consolata - Votorantim
Email     cruzsm@uol.com.br


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