quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Eles falam e não praticam-Pe. Antônio Queiroz CSsR

03 de Março - Terça - Evangelho - Mt 23,1-12

Eles falam e não praticam.
Neste Evangelho, Jesus nos pede coerência entre o que falamos e ensinamos, e o nosso próprio procedimento. Devemos dar testemunho da verdade e da justiça, não só pelas nossas palavras, mas também pela nossa vida.
E Jesus cita alguns contra testemunhos dos mestres da Lei e dos fariseus, cujo procedimento era bem diferente do que diziam e da “santidade” que mostravam. Também nós, freqüentemente nos apresentamos como justos, bons cidadãos e bons cristãos, sendo que, às escondidas, não somos nada disso: enganamos, mentimos etc.
Eles gostavam de ser chamados com títulos de honra e de ocupar lugares de honra nas festas e até na sinagoga. Entretanto, “Deus resiste aos soberbos, mas dá a sua graça aos humildes” (Tg 4,6; Pr 3,34). Se queremos receber as graças de Deus, precisamos ser humildes.
A falta de humildade na sociedade leva-a a nunca dizerem a verdadeira causa dos problemas sociais. Por exemplo, por que existem os menores abandonados? A culpa está toda em nós adultos. A criança em si é boa. São os adultos que lhes ensinam as coisas erradas.
Também nas Comunidades cristãs, quantas vezes falta humildade! Por exemplo, o líder de uma pastoral sofre uma humilhação, ou é vítima de uma fofoca, pronto, desanima e quer largar tudo. Imagine se Jesus tivesse feito assim! Logo no início de sua vida pública já teria desistido, e nós receberíamos esta Vida Nova em que vivemos pelo batismo!
“Nada façais por competição ou vanglória, mas, com humildade, cada um considere os outros como superiores a si e não cuide somente do que é seu, mas também do que é dos outros” (Fl 2,3-4).
“O maior dentre vós deve ser aquele que vos serve. Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado.”
Campanha da fraternidade. A paz é fruto da justiça. Podemos dizer também: a paz é fruto da santidade. Se nós nos convertemos e nos santificamos, a paz aumenta ao nosso redor e vai se expandindo como as ondas de um lago, quando jogamos uma pedra no meio dele. Somos injustos em relação aos nossos irmãos e irmãs que moram nas favelas, colocando neles, de antemão, o “selo” de bandidos, sendo que nas favelas estão as melhores famílias do nosso país.
Certa vez, um pequeno País resolveu por em prática aquelas palavras que Maria disse no seu hino Magnificat: “A minha alma engrandece o Senhor... Ele derrubou do trono os poderosos e elevou os humildes; encheu de bens os famintos e despediu os ricos de mãos vazias...”
Foi tudo feito democraticamente, através de impostos altos aos ricos, aplicando os recursos aos mais pobres e outras estratégias.
Aconteceu que um dia estava, em uma casa de carnes, uma fila esperando abrir para comprar carne. Um senhor muito rico disse, em tom de revolta contra o governo: “Eu nunca imaginei que um dia estaria numa fila para comprar carne!” Uma senhora velhinha que estava um pouco atrás, disse também: “Eu nunca imaginei que um dia estaria numa fila para comprar carne!”
A frase é a mesma, mas os sentidos são contrários. Para o rico foi uma expressão de revolta devido à humilhação de ter de entrar numa fila, coisa que antes não acontecia devido aos privilégios que a riqueza lhe concedia. Já para a mulher foi uma expressão de alegria, pois antes não tinha condições de comer carne e agora tem.
Maria Santíssima era uma pessoa humilde. Ela nunca se promoveu a si mesma. Quando se referiu a ela mesma, chamou-se de escrava: “Eis aqui a escrava do Senhor”. As escravas eram as mulheres mais humildes da época.
Nas horas de triunfo de Jesus, ela não aparecia. Por exemplo, na multiplicação dos pães, quando o povo queria fazê-lo rei, o Evangelho não fala da presença de Maria. Certamente ela estava por ali, mas escondida.
Já na cruz, no meio daquela fúria do povo, lá estava ela, de pé, bem visível a todos, enfrentando as zombarias e humilhações, próprias de uma mãe de condenado.
É interessante que Maria era humilde, mas, como vimos no seu hino Magnificat, não enterrava seus talentos, numa falsa humildade, minha a cabeça erguida e falava o que devia, na hora certa e para a pessoa certa.
Está aí o verdadeiro sentido da humildade: é a verdade. Vamos pedir a Nossa Senhora que nos ensine a ser humildes, mas que tenhamos uma humildade bem ativa e transformadora, principalmente praticando tudo aquilo que falamos para os outros.
Eles falam e não praticam.


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