sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

DEUS É MISERICÓRDIA – Maria de Lourdes Cury Macedo


Terça-feira, 23 de Dezembro de 2014
EVANGELHO DE LC 1,57-66

O Evangelho de hoje apresenta o acontecimento que marcou o início de uma nova época, a aurora de um novo dia, de um novo tempo na História da Salvação. Porque até então o povo de Deus, descendente de Abraão esperava o Messias prometido e vivia recordando de geração em geração as promessas que Deus fizera de enviar o Salvador. Vivia na esperança da realização das promessas.
Com o nascimento de João Batista, o precursor do Senhor, o profeta do Altíssimo, termina o tempo da recordação das promessas do Senhor e começa o tempo da realização dessas promessas. Plenitude dos tempos.
          Isabel e Zacarias foram os pais de João. Eles eram pobres. Na época do nascimento de João os dois já eram idosos.  Zacarias era sacerdote no Templo. E Isabel era discriminada por ser mulher, pobre, estéril, e sem esperanças de ser mãe. (A mulher estéril era considerada sem a bênção de Deus, amaldiçoada.)
          Quando o anjo apareceu a Zacarias no Templo e disse que Isabel teria um filho, falou o nome que Deus queria que colocasse no menino, João (Lc 1, 13) que significa: Deus é misericórdia, ou Deus manifestou sua bondade. Neste dia Zacarias ficou mudo e surdo. Passado algum tempo Isabel ficou grávida de João.          
          O nascimento de João Batista é visto como um ato de misericórdia do Senhor na vida de Isabel. Deus mostra como é grande o seu poder e gratuito o seu amor fazendo com que Isabel estéril e de idade avançada ficasse grávida.
          Podemos fazer uma comparação entre o ventre de Isabel estéril e a humanidade a.C. também estéril. O ventre de Isabel representa a condição em que vivia a humanidade: sem vida, sem esperança, sem futuro. É uma situação triste e sem saída. Mas Deus intervém do alto para dar-lhe vida, movido unicamente por seu grande amor.
          O Antigo Testamento relata muitos casos semelhantes de mulheres que conceberam na velhice, porque Deus para se revelar aos homens fazia prodígios, milagres grandes para que o povo acreditasse n’Ele. Para que o povo enxergasse que existia um Deus poderoso e que para Deus nada era impossível. Assim aconteceu com Abraão e Sara que tiveram seu filho na velhice.
          Quando João nasceu não lhe deram o nome no dia do nascimento como era o costume. No oitavo dia foram circuncidar o menino, parentes e vizinhos queriam dar-lhe o nome de Zacarias, nome do pai. A tradição era dar o nome do avô, não o do pai.
A circuncisão é o sinal que a pessoa passa a pertencer ao povo da Aliança, ou seja, ao povo de Deus descendente de Abraão, tornando-se herdeiro das promessas feitas por Deus a Abraão e a sua descendência. No oitavo dia, portanto, João Batista torna-se um israelita, como seu pai. (A circuncisão pode ser comparada ao nosso batismo – pertencer ao povo de Deus, a Igreja).  
          Na antiguidade o nome tinha muita importância, indicava a pessoa, a sua condição, as suas qualidades, o seu destino, a sua missão.
          O nome Zacarias significa: Deus se recordou ou Deus recorda as suas promessas. No antigo testamento o povo vivia recordando as promessas que Deus fizera ao seu povo de enviar o Messias, aquele que viria trazer a Salvação, a libertação para todos.
          No momento da circuncisão quando João se tornou membro deste povo, ele não poderia chamar Zacarias porque este menino estava iniciando uma nova época. Terminou o tempo em que se recordavam as promessas, chegou o tempo de ver em ação a bondade de Deus, a realização das promessas.
No momento de colocar o nome, como vimos queriam que ele se chamasse Zacarias como o pai. Isabel, no entanto, queria que fosse João, então perguntaram por meio de sinais a Zacarias, ele pediu uma tabuinha e escreveu: “João é o seu nome”. Neste momento os lábios de Zacarias se abriram, sua voz saiu e as palavras que Zacarias pronunciou são palavras de louvor ao Senhor. São palavras de bênção: ele canta as maravilhas das quais é testemunha. Diz: “o Senhor visitou e resgatou o seu povo... como havia anunciado, desde os primeiros tempos, por meio dos seus santos profetas”.

Não duvidemos das promessas de Deus e como Zacarias vamos todos os dias abrir a nossa boca e proclamar as maravilhas de Deus na nossa vida e no mundo.
Maria de Lourdes



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