segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Comentários-Prof.Fernando

Comentários-Prof.Fernando*      preparando o Natal/4 = 21 dez. 2014
4º dos 4 domingos de preparação: de (G)graça
[2Samuel 7,1-5.8-12.14.16; Romanos16,25-27; Lucas 1,26-38]

Do rei famoso, Davi a uma mulher, chamada Maria
·                 No 1º domingo dos 4 de preparação do Natal, meditamos sobre Criador que se faz Carne. Depois:  Caminhos. No 3º: a Alegria. Hoje, bem perto da Festa, contemplamos o dom de Deus que se entrega. Alegra-te Maria, pois recebeste a Graça (de graça). Todas as religiões procuram “subir” até os céus. Aqui, porém é Ele que “desce” até nós. Conversou com Abraão e Moisés, trouxe ao povo Liberdade.
·                 Davi (segunda leitura de hoje) preocupa-se em construir uma casa digna de Deus (o templo). Mas, diz-lhe um profeta: Não és tu quem me edificará uma casa para eu habitar. Davi pensava – dentro da estabilidade alcançada por seu reino – que já era tempo de construir uma habitação digna para Deus (um Templo será feotp. Mas por seu filho, Salomão). Não é preciso “fazer” nada para Deus, mas ele é quem vai construir uma “Casa” para Davi, de cuja descendência virá o Messias e seu reino que não terá mais fim (Lucas1,33). Deus não quer ser prisioneiro de uma Arca ou de um Templo. Mais do que em qualquer “espaço sagrado” (preocupação da Religião), sua presença é a do pastor de Israel: ele quer estar próximo de cada um. Davi é escolhido na Graça.
·                 Não há, da parte do ser humano, nenhuma possibilidade de fazer um dom a Deus, mas este vem morar dentro do próprio ser humano (é o fundamento maior dos Direitos Humanos: o “sagrado” da Pessoa). Nisto se resume o Evangelho: tudo o que está a nosso alcance para responder ao dom de Deus é cuidar do outro ser humano, “templo” da divina presença, que é mais importante que qualquer sacrifício ou oferta. Parece que vemos aqui a Bíblia andar na contramão de certa pregação de dízimos e distribuição de objetos sagrados, onde estaria a cura e prosperidade, “amuletos” de Deus...
·                 Davi prefigura Maria. A que recebe a Graça (gratuita!). A longa caminhada do povo de Israel é contínuo aprofundamento da compreensão do Dom. Deus quer evitar a absolutização do sacrifício ou do templo (isto é, da Religião – cf., por ex., o diálogo de Jesus com a mulher samaritana – João 4). Maria “escuta” e aceita a Palavra do Mensageiro. É o protótipo da Fé.

O que fazer com o Dom recebido?
·                 O dom que nos foi dado (a graça recebida no Natal, vida, morte e ressurreição de Jesus) é um presente tão grande que não podemos guardá-lo só para nós. Toda “anunciação” que nos é repetida em inúmeros momentos da vida quer dizer: ele conta conosco para “nascer” no coração dos seres humanos. Precisa de nossas mãos para trabalhar, de nossa boca para anunciar, de nossos olhos para ver o sofrimento humano que vamos aliviar até curar. O diálogo entre Maria e o Mensageiro (=Anjo) de Deus não podia ser mais simples. As perguntas não são para “interpretar” os planos divinos, mas para saber como agir a fim de que se realize a proposta celeste.
·                 Diante da Palavra que diz “a Deus nada é impossível” ela aceita, na confiança da Fé, o dom. Em Maria este Dom tornou-se, literalmente, Carne vivente em seu seio. Como Abraão, Davi e os Profetas, Maria também compreendeu que só precisava aceitar a presença. A “força do Altíssimo” – como é comum dizer-se no Antigo Testamento – é como nuvem que nos envolve: nosso ‘invólucro’.
·                 Ele não está na Arca: ele é a Arca que nos guarda, um Templo que nos protege. Eis o caminho inverso do querer fazer uma habitação para Deus, como pensava inicialmente Davi, ou, nas palavras do profeta: Vou preparar um lugar para o meu povo: eu o implantarei de modo que possa lá morar sem jamais ser inquietado. Os homens violentos não voltarão a oprimi-lo como antigamente (...) Eu suscitarei, um teu filho, e confirmarei a sua realeza. Eu serei para ele um pai e ele será para mim um filho. Tua casa e teu reino serão estáveis para sempre diante de mim, e teu trono será firme para sempre” (verso 10 e 12-16 – segunda leitura).
·                 Diante da pretensão de se fazer grandes Templos para Deus, ele se fez, para o ser humano, um “invólucro”, abrigo protetor, um pai. Palavra de embaixador: O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra.
 
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( * ) Prof.(1975-2012:filos/educ;teol/ética) fesomor2@gmail.com


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