quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Cristo Rei, solenidade-Maria de Lourdes

SOLENIDADE  DE  CRISTO  REI:  JESUS REI  -  JESUS PASTOR - JESUS OVELHA
Maria de Lourdes Cury Macedo

Domingo, 23 de novembro
Evangelho de Mt. 25, 31- 46

Estamos no último domingo do ano litúrgico. No domingo que vem com o Advento começa o novo ano da Igreja.
Quando o fim do ano litúrgico se aproxima as leituras nos levam a refletir sobre a nossa vida, tendo em vista o encontro definitivo e último com Cristo – o Juízo Final.
Domingo a Igreja celebra a festa de Cristo-Rei, por isso todas as leituras vão destacar que Cristo é o Rei.
Realmente Jesus é Rei. Os textos bíblicos nos mostram de uma maneira bastante séria e clara a diferença entre o reinado de Cristo e o domínio dos poderosos da terra.
Jesus usou muito a expressão -  “Reino de Deus”. A mensagem de Jesus pode ser resumida no Reino de Deus. Reino que Ele viveu, praticou e ensinou a todos no qual a lei maior é a lei do Amor. O Reino de Jesus não é um lugar: é um novo modo de ser, de agir e de amar; um novo modo de crer e esperar.
Apesar de Jesus usar a expressão “Reino de Deus” Ele tinha uma atitude realística e crítica ante os reis do mundo, que governam sem amor, sem justiça, visando seus próprios interesses e não se importando com o povo.
Jesus ensina os discípulos a não imitar os reis, os governos, porque eles agiam em benefício próprio. Escravizando o povo. Usando do cargo, do poder não para bem governar e dar boas condições de vida para o povo, mas para mandar, explorar e ser servido.
Jesus, porém, ensina que o 1º a servir tem que ser o chefe. Que  o trabalho de comandar um povo tem que ser um serviço para o bem de todos. Quando Jesus lava os pés dos apóstolos na 5ª feira Santa, Ele mesmo nos dá o ensinamento e testemunho de serviço ao irmão.
Mas, Jesus só foi realmente reconhecido Rei depois de sua ressurreição, quando ele triunfou sobre todos os inimigos, inclusive o último, a morte.
Embora Jesus não tenha recusado o título de Rei durante seu ministério aqui na terra, Ele se identificou muito mais com um pastor do que com um rei.
Jesus é o rei-pastor. No entender da Bíblia, um rei só é realmente rei, se ele agir de acordo com o coração de Deus, que se iguala, identifica com um pastor.
Quando pensamos em rei, imediatamente pensamos em moradia fixa e luxuosa; em exército, em armas, em burocracia e intermediários; luxo, riqueza, formalidade; julgamento, lei e trono.
Já a palavra pastor nos lembra o espaço aberto do campo, a liberdade, o contato direto com as ovelhas, a solidariedade de vida, a mobilidade e a ausência de preocupação em defender a si mesmo, porque para o pastor importa as ovelhas.
Na história do povo de Deus houve pastor ruim, mau, violento, que maltratava as ovelhas. Por isso o próprio Deus se faz pastor de seu povo: tira, destitui os maus pastores de suas funções e arranca as ovelhas de suas garras de lobos. Deus mesmo vai em busca do rebanho e dele cuidará; tratará da ovelha que se feriu e fortalecerá a que estiver doente. Tudo isto se tornou realidade na pessoa, na vida, nas palavras e nas ações do bom pastor, Jesus Cristo.
Jesus admitiu de uma forma indireta que era rei, mas quanto a pastor não deixou dúvidas: Ele mesmo se declarou o bom pastor. Definiu o bom pastor como aquele que dá a vida pelas ovelhas e, assim ele fez, deu a sua vida pelas suas ovelhas, que é o seu povo.
Jesus, o bom pastor procura as ovelhas e cuida bem delas, está sempre no meio delas e as resgata da dispersão, ou quando se espalham, se debandam. Procura a ovelha perdida, reconduz a extraviada, enfaixa a que tem perna quebrada e fortalece as doentes. A alegria do pastor não consiste na punição de suas ovelhas. Ele mesmo se esforça para que elas estejam bem.
No Evangelho de hoje, Jesus aparece em sua glória, acompanhado dos anjos e sentado  no trono como um rei, mas seu jeito de proceder, de agir é comparado ao de um pastor que separa as ovelhas dos cabritos. Neste Evangelho existe uma grande surpresa: Jesus se identifica com as ovelhas. Ele se faz uma ovelha como nós. Ele assume a condição de ovelha. Bem que João Batista o chamou de Cordeiro de Deus.
Os profetas se referiam a Jesus como um Cordeiro imolado. E Jesus neste discurso aparece  como rei e pastor, mas se iguala as ovelhas.    Não com as ovelhas fortes e bem nutridas, alimentadas, mas com a fraca, a doente, a sedenta, a desgarrada, excluída: “Eu tive fome...., tive sede......, era estrangeiro...., estava nu......,  doente......, na prisão......, todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos pequeninos foi a mim que o fizestes. E o contrário também...... quando não fizestes ao irmão foi a mim que deixastes de fazer.
Esta cena nos mostra a surpresa dos que são colocados à direita do rei Jesus e o espanto dos que não souberam reconhecer Jesus nos mais pequeninos.
Jesus reconhece que quando fizeram com amor e desinteresse para os desprotegidos, para os famintos, para os sedentos, para os sem teto, sem condições mínimas para viver, aos doentes sem recursos para se tratar, para os prisioneiros (não só da cadeia, mas prisioneiro do pecado, dos vícios), foi para Ele que fizeram. Jesus assume como feito a sua própria pessoa. Ele se coloca como uma dessas ovelhas pequeninas. No rosto destes desclassificados de nossa sociedade, transparece a realeza de Cristo, pois eles são “meus irmãos mais pequeninos”. Cristo identifica-se com nossos irmãos. Daí surge o valor da caridade. O amor verdadeiro é manifestado no serviço ao próximo.
A cena oposta apresenta-nos os amaldiçoados pelo rei-juiz, por não terem sabido reconhecê-lo nos mais pequeninos. “Muitos me dirão naquele dia: “Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome, não expulsamos demônios em teu nome”? Então lhes confessarei: não sei quem são vocês, afastem-se de mim”.
Triste constatação: os amaldiçoados são os que se julgavam estar muito perto de Jesus (mas longe dos irmãos pequeninos) e os salvos são os que não percebiam que estavam perto de Jesus (mas estavam perto dos irmãos pequeninos). Estas cenas paralelas nos mostram o caminho pelo qual se chega ao reconhecimento da realeza de Cristo.
Portanto, Jesus pastor e rei identifica-se com as ovelhas mais fracas e nos fortalece para sermos pastores.
Em relação a Jesus somos ovelhas. Ele nos guia pelos prados verdejantes e nos dá conforto e segurança. Quem segue Jesus sente esperança, coragem, amparo em qualquer situação da vida.
Mas, no convívio com os irmãos devemos ser pastores como Jesus. Aquele que faz o que Jesus fez. Pastor que tem os mesmos sentimentos que Jesus teve. Pastor que vai atrás das ovelhas perdidas, que ajuda os mais fracos, que tem compaixão de todos, que trabalha para o bem comum com amor, justiça, paz, fidelidade. Pastor que vive e ensina a viver a lei do Reino de Deus que se resume no Amor.
O tempo que Deus nos concede nesta vida é precioso e não pode ser desperdiçado. Devemos portanto, alicerçar a nossa vida nos valores que Jesus ensinou, que são as obras de misericórdia. “Sede misericordiosos, como o Pai é misericordioso”. Quando eu sou misericordioso eu me pareço com Deus. As obras de misericórdia nos serão cobradas rigorosamente  no juízo final. E quais são elas?
1- Dar de comer a quem tem fome; 2 – Dar de beber a quem tem sede; 3- Acolher o estrangeiro; 4- Vestir o nu; 5- Visitar os presos; 6- Cuidar dos enfermos; e 7- Enterrar os mortos.
Assim, se tivermos a atitude correta como nos ensina Jesus, poderemos ser contados entre os benditos do Pai, aqueles que receberão o Reino como herança.
Meus irmãos e irmãs, concluindo podemos afirmar: Cristo-Rei foi antes de tudo pastor, até mesmo igualando-se com as ovelhas. Nós perante Jesus somos ovelhas; perante os irmãos, somos pastores, porque somente assim, imitando e seguindo Jesus reinaremos.
Jesus espera que tenhamos mostrado um amor prático para com o nosso semelhante.
Pensemos seriamente nestas perguntas: Você ama o seu irmão? Você faz alguma coisa pelo outro, seja ele quem for, mostra sua solidariedade, seu apreço, seu amor prático e eficaz pelo ser humano, semelhante a você?
Pai, fortaleça meu desejo de amar e servir meus semelhantes, principalmente os mais necessitados de amor, de atenção, os mais pequeninos de Jesus. Amém!!!!



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