Vou colocar adubo na figueira. Pode ser
que ela dê fruto.
Este Evangelho narra que contaram a
Jesus um fato trágico: Houve dentro do Templo um motim de judeus vindos da
Galiléia. A guarda romana entrou na área reservada somente aos judeus, e matou
violentamente a todos.
Os que deram a notícia a Jesus esperavam
dele uma solidariedade aos judeus mortos, e um repúdio à profanação do lugar
sagrado.
Mas Jesus chama a atenção para algo mais
importante: Esse judeus eram violentos, iguais aos soldados que os mataram.
Neste momento de comoção nacional, Deus chama todos à conversão, pois é dessa
que depende a vida mais importante, a eterna.
O povo judeu era pequeno e fraco; não
havia nenhuma saída diante do poder opressor, a não ser a fé, que depende do
perdão sem limites.
Muita gente interpreta as catástrofes –
enchente, incêndio, acidente... – como castigos de Deus. E se é a própria
pessoa que é vítima, ela se pergunta: Que pecado eu fiz para merecer isso?
Essa mentalidade descarta a vida futura,
e pensa que Deus deve castigar os maus e premiar os justos aqui na terra. E nem
nos lembramos que Jesus era justo e sofreu a vida inteira. Maria Santíssima e
os demais santos também.
Deus Pai não é como nós; ele “faz
brilhar o sol sobre maus e bons, e cair a chuva sobre justos e injustos” (Mt
5,45). Deus nos adverte através de sinais; mas nem sempre converte os
pecadores, enviando-lhes desgraças.
Às vezes um favor de Deus é para nós
motivo de conversão: como Deus é bom para mim, apesar de eu ser tão ingrato a
ele! Foi isso que aconteceu com Zaqueu (Lc 19,1). Na verdade, só há um castigo
de Deus: perdê-lo para sempre.
É comum encontrarmos no Antigo
Testamento Deus castigando o povo com desgraças. Isso porque eles não tinham
clareza sobre a vida futura, sua fé ainda era imperfeita. Temos, entretanto, o
exemplo de Jô, um servo de Deus que sofreu a vida inteira.
“Vós pensais que esses galileus eram
mais pecadores do que todos os outros? Eu vos digo que não. Mas se vós não vos
converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo.” As catástrofes são sinais de
Deus a nós, não para julgarmos as vítimas, mas para “por a nossa barba de
molho”. Através delas Deus nos convida à conversão.
E Jesus cita outra catástrofe, que
também era comentada pelo povo: O prédio (torre) que caiu em Jerusalém, matando
dezoito pessoas. E repete o alerta: “Se não vos converterdes, ireis morrer
todos do mesmo modo”.
Vamos aproveitar as notícias de
catástrofes para a nossa conversão, pois nós também podemos ser vítimas e, de
uma hora para outra, morrermos.
Na parábola da figueira, Jesus deixa
claro que a nossa conversão se mostra pelos frutos, isto é, pelas nossas boas
obras. Não adianta ser uma figueira bonita, se não dá fruto. O mundo está cheio
de pessoas de ótima aparência, mas pouco fruto.
Boas obras, nós sabemos: é não falar mal
dos outros, falar só a verdade, ser justo, perdoar, amar o próximo, ajudar os
necessitados...
“O machado já está posto à raiz das
árvores. Toda árvore que não der bom fruto será cortada e jogada ao fogo” (Mt
3,10).
“Vou colocar adubo na figueira. Pode ser
que ela dê fruto.” Foi o pedido do vinhateiro, quando o dono queria cortar a
figueira. Que bom se nós fôssemos como este vinhateiro, fazendo alguma coisa
pelas pessoas que estão no caminho errado, ou perdem tempo sem fazer boas
obras! “Os que tiverem ensinado a muitos o caminho da virtude, brilharão como
as estrelas, por toda a eternidade” (Dn 12,3).
Certa vez, um homem resolveu separar-se
da esposa e disse a ela: “Vou separar-me de você. Você pode separar tudo o que
é importante para você nesta casa, que eu fico com o resto”.
Ela respondeu: “Sim, mas antes vamos
fazer uma festinha. Assim as crianças se divertem, dormem e depois nós faremos
a divisão”.
Então prepararam um churrasco, e
convidaram os amigos. Como ele estava tenso, acabou bebendo um pouco exagerado
e, quando as visitas foram embora, ele dormiu.
Enquanto ele dormia profundamente, a
esposa, com a ajuda dos amigos, tirou todas as coisas do quarto do casal, menos
a cama dos dois, em que ele estava dormindo, colocou no quarto as crianças, e
dormiu ao lado dele.
Quando, no outro dia cedo, ele acordou, perguntou
assustado o que havia acontecido. Ela disse: “Você não me pediu para separar o
que é mais importante para mim? Já separei. Para mim, o mais importante é o que
está aqui: você e os nossos filhos”.
Como o vinhateiro da parábola, essa
senhora ainda acreditava na sobrevivência da família; por isso quis ainda
“colocar um pouco de adubo” na tentativa de salvá-la.
Maria Santíssima era uma boa árvore, que
produziu para nós o melhor fruto do mundo: Jesus, nosso Salvador. Santa Mãe de
Deus, rogai por nós!
Vou colocar adubo na figueira. Pode ser
que ela dê fruto.
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