segunda-feira, 1 de setembro de 2014

-CORREÇÃO FRATERNA-José Salviano

23º DOMINGO TEMPO COMUM


Evangelho - Mt 18,15-20

7 de Setembro de 2014 - Ano A

CORREÇÃO FRATERNA-José Salviano

Jesus nos apresenta uma sequência de procedimentos os quais devemos recorrer ou aplicar diante do desvio de conduta do nosso irmão, antes de condená-lo, antes de excluí-lo, antes de o considerar um pagão, um pecador público.

1ª LEITURA - EZ 33,7-9

            Deus nos cobrará, nos pedirá conta pela morte do ímpio que se foi em estado de pecado. Porque nós, que somos os profetas atuais, temos a obrigação de advertir os nossos familiares, amigos, assim como a todos que poderemos alcançar com a nossa catequese, sobre o perigo que ameaçam as suas salvações, pelo fato de terem se desviado do caminho de Deus. Se não avisarmos os nossos irmãos a respeito de sua conduta errada e eles morrerem em pecado, a responsabilidade será nossa. Deus irá cobrar de nós, pela nossa omissão, e pelo nosso comodismo de nos preocupar somente com a nossa salvação, nos esquecendo dos demais. 
            E uma vez tendo nós cumprido o nosso dever de avisar ao nosso irmão sobre o mau uso de sua liberdade, e ele vier a morrer em pecado, a responsabilidade será dele.

2ª LEITURA - RM 13,8-10

            Paulo neste texto nos explica sobre o amor fraterno em relação ao cumprimento da Lei. Conheci uma jovem rica porém, muito infeliz. Ela falava chorando que o seu pai não lhe dava a menor atenção, e quando ela reclamava do fato dele ser um pai ausente, ele respondia: O que você quer mais? Eu não lhe dou tudo?   Referindo-se aos muitos presentes que dava a todos da família, mas eram só presentes, desprovidos, ou desacompanhados de qualquer carinho, afeto e atenção.
Caríssimos. O que Paulo está nos dizendo é o seguinte: Que o principal dever nosso para com o irmão, é o amor fraterno.  Atenção sincera, ajuda mútua, partilha, respeito, inclusão, etc. Pois ao agir assim, estamos cumprindo a Lei de Deus.
            Ao contrário daqueles que pensam em apenas presentear o irmão, e amar a Deus sem se importar com as carências do próximo, não está agindo de acordo com a Lei.  O cristão teórico e prático é aquele que assume o seu semelhante de forma plena, no plano espiritual, e não somente de forma material. Pois todos os mandamentos: Não matarás, não roubarás, não cobiçarás, etc, se resumem no amor que devemos ao nosso próximo, o qual deve ser igual ao amor próprio, deve ser igual a tudo o que desejamos de melhor para a nossa pessoa.

EVANGELHO - MT 18,15-20
            O nosso relacionamento com as pessoas partindo da família, é uma coisa muito complicada, por causa do egoísmo, da usura, da ânsia de domínio, pela ação direta do demônio, pela nossa carência afetiva...
            Muitas vezes, os desentendimentos entre os familiares precisam ser resolvidos com a ajuda de uma terceira pessoa que nem é daquela família, mas sim uma amiga, um amigo neutro, imparcial, que está enxergando com clareza a verdadeira causa do atrito de uma forma racional e não subjetiva. É bom que os irmãos em desentendimento recorram a um amigo, amiga de verdade, para remediar, para acalmar os ânimos, que não passam de "picuinhas" bobas, geradas pela falta de Deus nas mentes dos envolvidos em combates frontais.
            Jesus nos apresenta uma sequência de procedimentos os quais devemos recorrer ou aplicar diante do desvio de conduta do nosso irmão, antes de condená-lo, antes de o excluí-lo, antes de o considerar um pagão, um pecador público.
"Em verdade vos digo,tudo o que ligardes na terra será ligado no céu,e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu."
            Meus irmãos, minhas irmãs. Neste Evangelho, vamos entender que esta famosa ordem, esta famosa frase, não foi dita por Jesus somente a Pedro, mas sim também estendida para toda a Igreja enquanto comunidade orante e praticante da fraternidade, e unida pelo amor de Cristo Jesus. Ou seja, a comunidade católica depois de usar todos os recursos de reabilitação, de conversão, de re-inclusão da irmã, do irmão, desgarrado pela sua má conduta, poderá deixá-lo de lado.  E a força desse ato somente se deve ao fato de que os membros dessa comunidade eclesial, esteja reunida em nome de Cristo, e não em nome do egoísmo pessoal de cada um, ou de um líder que se arvora em fazer a cabeça do grupo só por que ele não vai com a cara do condenado em questão.

            As leituras de hoje nos mostram que o amor ao próximo, que a correção fraterna não é uma coisa teórica, mas sim, deve ser expressado em atitude, deve ser exercido na prática, ao começar pela nossa casa. 
            Pais, mães e principalmente avós bonzinhos e boazinhas que permitem os jovens fazerem tudo o que lhe vier na cabeça para não os melindrar, é uma das causas de tantos drogados, de tantas uniões sem Deus.
            A nossa omissão é também a causadora de muitos males no mundo. Pelo fato de que ninguém gosta de ter os seus erros apontados, nós ficamos com medo, nos acomodamos e para não ofender o irmão, acabamos contribuindo para a sua perdição.  Amigo de verdade é aquele que vê os nossos defeitos, cita-os e nos perdoa. Mas os amigos, os filhos, e demais irmãos, não pensam assim. Quando apontamos os seus defeitos, eles travam sua amizade conosco, e vão procurar se apoiar em outros amigos que os aceitam do jeito que eles são: Pedófilos, drogados, fugidos do lar, revoltados com os pais e com a sociedade.
            Não sejamos omissos diante do desvio de conduta do nosso irmão. Tentamos de tudo, sem medo de nos tornar intransigentes. Uma vez que nos esforcemos pela sua recuperação física religiosa e moral e não deu certo, mesmo assim não desistamos. Rezemos por ele, por ela, sem parar. Façamos a nossa parte, e pedimos a Deus para que tenha piedade daqueles que precisam de ajuda.
            Muitos preferem dizer: Não temos nada a ver com a conduta dos outros. Cuidemos da nossa vida. Isso é pura omissão. Mas o pior, é que pessoas que pensam e agem desse jeito, não ignoram por completo o irmão, a irmã desgarrada, e sim fazem fofocas, falam mal, cochicham, em vez de ajudar, em vez de dar a mão para que levantem da sarjeta em que se meteram.
            A correção fraterna faz parte do amor aos filhos, do amor ao próximo, do amor de Deus para conosco. Deus nos ama, Deus nos orienta e nos corrige. Os pais amam os filhos e não os querem fracassados, condenados, presos. Daí, a necessidade de correção. Mas precisa ser correção fraterna!
            Os pais enfrentam uma grande dificuldade na orientação de seus filhos adolescentes. Porque quando eles eram crianças, tinham os pais como seus heróis, e depositavam neles toda sua confiança. Até seguravam em suas mãos ao caminhar pelas ruas.  Depois que cresceram mais um pouco, seus novos heróis não são mais os pais, mas sim, os artistas, os cantores, os amigos, os namorados as namoradas. E é exatamente aí que mora o grande perigo! Pois esses novos heróis, nem sempre são modelos de vida em abundância a serem copiados e seguidos. 
         Todos nós necessitamos uns dos outros para viver nossa fé. Nos mostrando os nossos defeitos, para nos ajudar a combater o nosso egoísmo e viver o pleno amor de Cristo que é demonstrado na prática ou na convivência fraterna. A Igreja reúne uma comunidade unida pelo amor de Cristo, na qual aprendemos que Jesus exige que não sejamos omissos diante do desvio, diante do nosso irmão desgarrado, e que não o deixemos seguir um caminho errado em sua vida. Jesus exige que não o deixemos seguir em frente até cair no precipício. Mas essa correção fraterna deve ser efetuada com bondade, compaixão paciência, sem humilhar o nosso irmão que como ovelha, se desviou do rebanho.
            O fato de alguém não fazer nenhum ato de maldade ao irmão, não significa que está praticando os ensinamentos de Jesus. O fato de não matar, não roubar, não significa que você é plenamente bom para o seu irmão, não significa que você está fazendo plenamente a vontade do Pai. Não praticou o mal, porém, não fez nenhum  bem! Se omitiu, negligenciou, na responsabilidade que Jesus nos exige na correção para com o irmão. Portanto, você não demonstrou que ama verdadeiramente o seu próximo. Meus irmãos. Jesus quer que sejamos responsáveis por nossos semelhantes, não devemos ficar no comodismo, mas sim, ajudá-los a ser sempre alguém melhor, a ser cristãos autênticos.

Vai e faça o mesmo. Bom domingo.



José Salviano.

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