domingo, 27 de julho de 2014

Não convém que um profeta morra fora de Jerusalém - Pe. Antonio Queiroz



Não convém que um profeta morra fora de Jerusalém.
O Evangelho de hoje tem duas partes: 1) A hostilidade de Herodes para com Jesus. 2) Palavras duras de Jesus contra Jerusalém.
Jesus estava a caminho para Jerusalém, cujo governador era Herodes, quando um grupo de fariseus lhe diz: “Tu deves ir embora daqui, porque Herodes quer te matar”.
Já havia matado João Batista, e agora tenta desfazer-se de Jesus, intimidando-o, para que se afastasse do seu território. Herodes tinha medo de os profetas, com a sua influência sobre o povo, desestabilizarem o seu poder e o seu prestígio.
Mas Jesus é um profeta corajoso. Ele responde: “Ide dizer a essa raposa: eu expulso demônios e faço curas hoje e amanhã; e no terceiro dia terminarei o meu trabalho... Porque não convém que um profeta morra fora de Jerusalém”. Foi uma referência à sua ressurreição, três dias após a sua morte. Ele disse, em outras palavras, que seu compromisso é com Deus Pai e com mais ninguém, e que não são ameaças que vão mudar o seu trabalho.
“Não convém que um profeta morra fora de Jerusalém.” Por quê? Porque Jerusalém, no Antigo Testamento sempre foi palco dos grandes acontecimentos religiosos, partidos tanto da bondade de Deus como da maldade do povo.
“Jerusalém, Jerusalém! Tu que matas os profetas...” Jesus se refere à recusa do povo em receber os enviados de Deus. “Eis que vossa casa ficará abandonada”. É uma referência à destruição de Jerusalém, acontecida anos depois. São ameaças proféticas que não deixam de ser mais um convite ao povo para a conversão.
Jesus não procurou a morte, mas também não correu dela. Ele não queria morrer – como qualquer ser humano não quer morrer – e sim viver o máximo possível aqui na terra para fazer o bem e consolidar o Reino de Deus. Mas quando colocaram a morte no seu caminho, ele não arredou o pé, ele não arreda o pé da missão que recebera do Pai.
Quando S. Pedro, diante do perigo da condenação de Jesus em Jerusalém, sugeriu a ele que não fosse para lá, Jesus lhe deu uma resposta pesada: “Vai para trás de mim, satanás! Tu estás sendo para mim uma pedra de tropeço, pois não tens em mente as coisas de Deus, e sim as dos homens!” (Mt 16,23). “Coisas de Deus” é fazer a vontade de Deus, confiando nele e arriscando até a vida terrena. “Coisas dos homens” é querer salvar a vida terrena, mesmo que se afaste um pouco da vontade de Deus. Jesus caminhava para Jerusalém porque fazia parte da sua missão recebida do Pai.
Que bom se nós fôssemos assim! “Haja entre vós o mesmo sentir e pensar que no Cristo Jesus” (Fl 2,5).
“Se alguém quer me seguir, tome a sua cruz...” (Mc 8,34).
“Jesus Cristo me deixou inquieto, com as palavras que ele proferiu. Nunca mais eu pude olhar o mundo sem sentir aquilo que Jesus sentiu” (Música do Pe. Zezinho).
Vamos colocar a busca da vontade de Deus acima de tudo na nossa vida.
Havia, certa vez, um padre que tinha em seu quintal uma seriema. E a casa paroquial ficava ao lado da igreja. Esta seriema cantava cada vez que se tocava o sino chamando o povo para a Missa. O interessante é que, em outros momentos, podiam tocar o sino à vontade que ela não cantava. Mas, tocou para a Missa, pronto, ela cantava. E cantava alto, como que querendo ajudar o sino a chamar o povo.
Deus criou o mundo em perfeita harmonia. Até os animais obedecem a Deus e “querem” que nós lhe obedeçamos. Que, devido à nossa desobediência, Jesus não tenha de dizer a nós o que disse a respeito de Jerusalém: “Jerusalém, Jerusalém! Tu que matas os profetas... Quantas vezes eu quis reunir teus filhos, como a galinha reúne os pintinhos debaixo das asas, mas tu não quiseste!”
A firmeza de Maria Santíssima, cujo coração foi transpassado pela espada de dor, seja para nós um exemplo e um incentivo. Santa Mãe das Dores, rogai por nós.
Não convém que um profeta morra fora de Jerusalém.




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