quarta-feira, 16 de abril de 2014

Amou-os até o fim. Padre Queiroz

Pe. Antonio Queiroz


Amou-os até o fim.
Hoje, quinta-feira santa, o Evangelho narra a cena do lava-pés, e a segunda Leitura narra a instituição da Eucaristia. São os dois fatos principais que celebramos hoje.
O evangelista João começa a narrar os acontecimentos do tríduo pascal com as seguintes palavras: Jesus, “tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim”. João vê todos os acontecimentos dos últimos dias de Jesus na terra como desdobramentos do seu amor por nós; um amor intenso, incondicional, gratuito e sem limites.
Com o gesto de lavar os pés, Jesus quis mostrar como deve ser o nosso amor ao próximo; deve ser prático e concretizado no serviço humilde e gratuito aos que precisam.
“Dei-vos o exemplo, para que façais a mesma coisa que eu fiz.” Lavar os pés, naquele tempo, era uma necessidade constante, devido à poeira e ao fato de as pessoas andarem descalço ou de sandálias. Ótimo exemplo escolhido por Jesus para mostrar que amar é servir, é atender às necessidades do outro, mesmo que sejam as mais humildes. Na família, quem costumava lavar os pés era a escrava. Por isso que Pedro estranha a atitude de Jesus. Mais tarde realmente Pedro entendeu e se tornou um grande servidor da Igreja.
Em outra passagem Jesus explica: “Quem quiser ser o maior entre vós seja aquele que vos serve, e quem quiser ser o primeiro entre vós seja o escravo de todos” (Mc 10,43-44)
Quando o mestre da Lei perguntou a Jesus qual é o maior mandamento da Lei de Deus, Jesus apresenta como exemplo a parábola do bom samaritano que cuidou do ferido encontrado na estrada (Lc 10,25-37).
No juízo final, as pessoas serão salvas ou condenadas conforme fizeram ou não fizeram esses gestos práticos de amor: “Vinde, benditos de meu Pai! Recebei em herança o Reino que meu Pai vos preparou desde a criação do mundo! Pois eu estava com fome...” (Mt 25,34ss)
“Religião pura e sem mancha diante do Deus e Pai é esta: assistir os órfãos e as viúvas em suas dificuldades e guardar-se livre da corrupção do mundo” (Tg 1,27). “Há mais felicidade em dar do que em receber” (At 20,35).
Quem ama quer estar perto da pessoa amada. Jesus nos ama muito, por isso quis estar pertinho de todos nós na Eucaristia. Em seu poder infinito, ele conseguiu uma aproximação que nenhum ser humano consegue: entre dentro de cada um de nós como alimento.
E S. Paulo nos lembra, um pouco antes do texto que está na segunda Leitura: “O pão que partimos não é a comunhão com o corpo de Cristo? Como há um único pão, nós, embora sendo muitos, formamos um só corpo” (1Cor 10,16-17). Assim como o pão surge da união de vários grãos de trigo, a Comunidade cristã é formada pela união de várias pessoas que comungam.
Conta-se que na Holanda aconteceu um fato interessante: Um dia um menino estava perto de uma represa e de repente viu que apareceu na barragem um buraquinho, pelo qual começou a esguichar água. Mais que depressa o garoto foi lá, enfiou o seu dedinho no buraco e o tampou.
E ele começou a gritar, pedindo socorro. Veio logo uma equipe e consertou a barragem, salvando a represa. Mas na verdade quem a salvou foi o menino. Os nossos gestos de amor e de serviço, por pequenos que sejam, podem às vezes produzir grandes resultados.
Campanha da fraternidade.Uma das maiores dificuldades para a construção da paz é a desilusão. As pessoas ficam descrentes na possibilidade de superação dos gigantescos problemas que geram violência, e preferem continuar sofrendo, ou partir também para a violência. Vale aqui a palavra de Jesus: “Coragem, eu venci o mundo” (Jo 16,35). Como disse S. Paulo: “A esperança não decepciona” (Rm 5,5).
Maria Santíssima via-se a si mesma como uma escrava: “Eis aqui a escrava do Senhor”. Que ela nos ajude a imitar o seu Filho, ajudando com humildade os nossos irmãos e irmãs.
Amou-os até o fim.
Padre Queiroz


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