segunda-feira, 31 de março de 2014

No mesmo instante, o homem ficou curado - Pe. Antonio Queiroz


  
No mesmo instante, o homem ficou curado.
Este Evangelho narra a cura, feita por Jesus, de um homem doente que estava ao lado da piscina de Betesda, havia trinta e oito anos. Ali perto, em Epidauro, havia um santuário pagão, dedicado ao deus da saúde Esculápio, que influenciava na esperança daqueles doentes que ali ficavam ao lado da piscina, esperando a cura, que nunca vinha. Esse homem curado por Jesus é um símbolo das pessoas enganadas pela sociedade consumista e alienadora.
Jesus vai até o doente, cura-o e manda que ele mesmo carregue a sua cama. A diferença entre Jesus e os donos da piscina é que eles prometiam para o futuro, Jesus liberta agora. Para eles, a pessoa não podia libertar-se sozinha, Jesus manda que o curado se liberte com as próprias forças, carregando a sua cama.
Mas, no caminho, outro problema: os judeus queriam impedi-lo de carregar a própria cama, por ser sábado. Intimidam-no. Duas pessoas foram ao encontro daquele doente: Jesus, que o liberta, e o judeu, que quer impedir essa libertação.
Jesus se preocupava com a vida das pessoas. Para ele, o importante é defender e promover a vida, mesmo que para isso seja necessário desobedecer a alguma lei ou autoridade. Os judeus, ao contrário, estavam preocupados com as leis, pouco se interessando pela vida humana.
Na sociedade atual, acontece algo parecido: todos querem ter um “lugar ao sol”. Mas é difícil, porque cada vez que um levanta a cabeça, vêm as pauladas, tentando afundá-lo novamente, a fim de que não concorra a este “lugar ao sol”. Na hora da eleição, sempre surgem novas artimanhas, a fim de enganar o povo.
Uma das grandes armas que os opressores usam para alienar o povo é o paternalismo. O paternalista não promove o necessitado, pelo contrário, ele se projeta às custas do necessitado, que continua cada vez mais necessitado. Os mantenedores da piscina de Betesda eram paternalistas..
O pobre tem a tendência de destacar as próprias limitações e incapacidades, e de exaltar as qualidades do “pai” que o ajuda. O pobre faz isso a fim de ganhar mais favores do “pai”. Ele diz: “Nós somos fracos, ele (o paternalista) é forte, é quase um “deus” para nós”. Isso impede a libertação dos dependentes, pois esta libertação consiste justamente no contrário: destacar as próprias forças, competências e virtudes.
O assistencialismo é a ferramenta que o paternalista usa para se projetar diante dos pobres. O assistencialismo amarra as mãos dos “assistidos”. Não confunda com a assistência prestada pelas obras assistenciais. Esta une as duas coisas: a ajuda e a promoção. Muitas vezes, antes de ensinar a pescar, temos de dar um pouco de peixe.
“Senhor, não tenho ninguém que me leve à piscina, quando a água é agitada. Quando estou chegando, outro entra na minha frente. Jesus disse: Levanta-te, pega a tua cama e anda.” Apareceu alguém que tomou sobre si as dores daquele doente, e o libertou. Custou caro, pois o gesto, unidos com outros semelhantes, lhe trouxe a morte.
“Em tudo vos mostrei que, trabalhando desse modo, se deve ajudar aos mais fracos, recordando as palavras do Senhor Jesus que disse: há mais felicidade em dar do que em receber” (At 20,35).
Na Missa, a consagração do pão e do vinho separados, tornando-se o corpo e o sangue de Cristo, nos lembra a sua morte. Morreu para que tenhamos vida, e para que, como seus continuadores, nos empenhemos na libertação de todas as alienações.
Agora, na quaresma, Cristo nos faz a mesma pergunta que fez ao homem doente: “Queres ficar são? Queres curar-te do teu pecado e comodismo? Queres deixar a tua maca de inválido e começar a caminhar com as próprias pernas, sem in na onda da mídia? Queres mergulhar na piscina da Água Viva, matando a tua sede de felicidade e de libertação total? A turma do “deixa disso” vai aparecer, pois viviam às custas da tua invalidez, mas não lhes dês ouvidos, pois o que te espera é a filiação divina e a fraternidade eclesial”.
Certa vez, um alpinista estava escalando uma montanha e se perdeu. Amarrou-se bem em sua corda de segurança e começou a subir e descer pedras. Mas a noite chegou, uma noite totalmente escura, sem lua nem estrelas, e ele não encontrou o caminho.
Numa hora, coitado, escorregou-se e caiu vários metros, ficando dependurado na corda e balançando no ar. Uma voz interior lhe dizia: “Pula! Solte-se dessa corda!” Mas ele teve medo e continuou ali, dependurado na corda, balançando pra lá e pra cá.
No outro dia, os bombeiros o encontraram morto e congelado pelo intenso frio, suspenso na corda, a apenas dois metros do chão!
Faltou-lhe uma oração e uma reflexão com calma a procura de saídas, por exemplo, jogar um objeto para ouvir o barulho e medir a distância.
Deus nos enriqueceu com mil recursos, e nos assiste vinte e quatro horas por dia. Com ele não existe barreira sem brecha, problema sem solução.
Quando estiver em situação parecida, não vamos agarrar-nos mais ainda na nossa corda, nas nossas limitadas seguranças, mas jogar-nos na total e ilimitada segurança que é Deus. Você continua ainda segurando firme na sua corda? Que pena!
Campanha da fraternidade. Há três tipos de violência: a física, a simbólica e a estrutural. A violência física nós conhecemos. A simbólica é a que se faz pela mídia, a qual explora fatos sem dar espaço para análise; é também a coação, a humilhação, a intimidação, a mentira, a ameaça, a negação de informações, a privação dos bens necessários à subsistência... Muita gente não pratica a violência física mas pratica a simbólica! A violência simbólica leva à violência física.
A violência estrutural, que também leva à violência física, é a negação da cidadania ou da igualdade, de forma sistemática. “Todas as pessoas são iguais, porém algumas são mais iguais que as outras”. Por exemplo, hospitais cheios de leitos vazios, médicos e enfermeiros ociosos e o povo em volta precisando tratamento médico e não tendo acesso.
Existe violência na família: Educação inadequada e de forma incorreta, separação ou brigas dos pais, pedofilia, maus tratos ou descaso dos idosos, aborto que é pior que matar uma criança inocente andando na rua, pois a criança já viu a luz do dia e pode se defender, ao passo que o feto não.
Maria Santíssima foi escolhida como Mãe do Messias. Esta era a maior dignidade de uma mulher judia, na sua época. Mesmo assim, ela se considerava serva. Santa Maria, rogai por nós!
No mesmo instante, o homem ficou curado.



LÁZARO! VEM PARA FORA! - José Salviano

5º DOMINGO QUARESMA


Evangelho - Jo 11,1-45

6 de Abril de 2014 

A morte e ressurreição de Lázaro nos conduz a refletir sobre a nossa existência, a nossa situação atual de vida. Quaresma é tempo de conversão. É tempo de sairmos do túmulo em que estamos, inertes, anestesiados pelas tentações, entorpecidos por tantas alucinações não só de ordem química, como de ordem social, psicológica e mesmo religiosa, o que nos faz mortos para Deus.  Então, a exemplo de Lázaro, voltemos à vida, vamos saborear uma vida nova, um presente da força e do poder de Jesus.

PRIMEIRA LITURA

Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos 8,8-11
Prezados irmãos:  Os que vivem segundo a carne não podem agradar a Deus.   Estão mortos para Deus, e por tanto, precisam ser ressuscitados, precisam voltar à vida, vida da graça.  Viver segundo a carne, é exatamente o contrário de viver segundo o espírito. Aqueles que vivem segundo a carne, se entregaram aos prazeres egoístas, vivem apenas o momento, não têm em mente os ensinamentos de Jesus. São presas fáceis  do diabo, e a cada dia se enterram na areia movediça das ilusões do pecado! Eles precisam da nossa ajuda para sair dessa e voltar a viver como nós.
            Viver segundo o espírito é respirar a brisa suave que vem de Deus, é saborear a palavra, ao  mesmo tempo que a transpira em abundância para todos em sua volta. Viver segundo o espírito é  estar nesta vida  porém, voltado para a vida eterna. É estar com um pé na Terra e outro no Céu. É não se importar com as dores do seu corpo, pois a sua mente supera tudo pela força vinda do alto. Aquele e aquela que vive segundo o espírito, está sempre preocupado em fazer com que os demais também vivam como ele ou ela. Quem vive segundo o espírito, embora esteja na carne, não é levado por ela, não é dominado pelos instintos, embora os usa, porém pela forma correta e abençoada pela Igreja de Deus.
Para viver segundo o espírito precisamos rezar mais. Muito mais. Foi Jesus quem disse: Vigiai e orai. O espírito está preparado mais a carne e fraca.  Desse modo, as pessoas mais santas podem a qualquer momento, cair em tentação, e pecar. Somos como vasos de barro, transportando a palavra ou graça de Deus. A qualquer momento pode pintar, aquela tentação. A qualquer momento do nosso dia, pode aparecer diante de nós, uma tentação para a qual pensamos: Não! Essa eu não vou resistir! É maior que as minhas forças... Nos esquecemos que nunca seremos tentados acima das nossa forças. Então, somos vencidos. Caímos. Em seguida, duas coisas invadem a nossa mente: Correr para a reconciliação com Deus, procurando um sacerdote, o que não é nada fácil, pois mesmo que estejamos em uma região onde  tem padres, eles estão sempre ocupados e não podem atender na hora que queremos ou que precisamos.  A outra opção que aparece na nossa mente é movida por satanás, que fica  por perto nos atentando a repetir aquele pecado. Deixa de ser bobo! Já que você caiu mesmo, faz mais um vez! Aproveita! Depois você confessa.  Acontece que nem sempre é fácil encontrar um padre por perto, principalmente nas regiões onde eles são escassos.  E depois de cair uma vez, caímos mais uma, e mais outra, até chegarmos ao fundo do poço e ficar na depressão total...
...Orai sem cessar...  Que significam estas palavras de Jesus? É para a gente andar pela rua gritando: Aleluia! Meu Deus! Como faziam os fariseus?  Não. Não é isso que Jesus disse, não é isso que temos de fazer. Rezar sem cessar, é estar com a mente sempre ligada em Jesus, em Deus por Jesus. É falar com Deus a todos os momentos do nosso dia. No trânsito, nos perigos: Jesus, socorro! Nos momentos alegres: Obrigado, meu Deus. Nas dificuldades ou nas tentações: Meu Deus me ajude! E assim por diante. Rezar sem cessar, não significa dar uma de doido e sair pela rua gritando o nome de Deus.
O espírito pode até estar preparado, mais a carne é muito fraca.  Caríssimos. Mesmo que  estejamos em Cristo, na sua presença, se descuidarmos da oração, o “bicho pode pegar!” Corremos o dia todo, umas não podem perder a novela, outros não podem deixar de assistir o futebol, outros e outras não podem faltar na academia, etc. São muitas as atividades, além do trabalho diário para a manutenção da casa e da sobrevivência.  E assim, nunca sobra um tempo para Deus, o que na verdade é um tempo para a nossa alma. Porque Deus não precisa de nós, mas sim nós é que precisamos de Deus, precisamos a cada momento estar  conectados a Ele, pois somos fracos, carentes, limitados, tentados, e ou mesmo até viciados...
EVANGELHO
 Jesus  manda Marta chamar a sua irmã, Maria, a qual havia se isolado por causa da dor de perder o irmão. É uma tendência do ser humano se isolar nos momentos de dor, sem querer falar com ninguém, nem mesmo com Deus. É o exemplo da garota que perdeu o namorado, se fecha no quarto e deita de bruços  atravessada na cama e lá fica a chorar.  Muitas pessoas pensam que é melhor se isolar para poder superar aquele sofrimento que lhes parece insuportável. É uma grande ilusão.  Porque neste caso, o sofrimento aumenta ainda mais. Sem a partilha com outras pessoas, mesmo que não sejam amigas, aí é que o peso da dor parece ficar realmente insuportável!  Outras pessoas, ficam cabisbaixas, tristes, exatamente para chamar a atenção dos demais, pois estão carentes de um afago, de um consolo.  É aí que entra em ação  o cristão, a cristã praticante, para acolher  aquela pessoa magoada pela vida, pela sua vida, pelo uso errado de sua liberdade. Convidando-a, encorajando-a voltar a superar o sofrimento e a dor, e a voltar a viver com abundância com a ajuda de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Maria não foi culpada da morte de seu irmão, o que foi fruto de uma fatalidade.  Porém, muitos de nós somos culpados das nossa depressões, angústias e muitos dos sofrimentos pelos quais passamos, pelo mau uso que fazemos da nossa liberdade. 
Hoje estamos a aproximadamente dois meses do carnaval, e muitos são aqueles que estão sofrendo as consequências da grande festa do reinado de momo, na qual a diversão foi sem limites. Muitas estão hoje se lamentando o fato de estarem GRÁVIDAS, muitos e muitas estão em pânico por ter descoberto que estão com AIDS, outros estão prostrados na cama, sem poder trabalhar, por estar com CIRROSE, e ainda outros que perderam o emprego por causa da grande folia, isso sem falar nos assaltos principalmente aquelas pessoas que voltaram para casa altas horas...
Porém, Jesus bondoso e amoroso, vem sempre ao encontro daqueles e daquelas que se encontram isolados por causa do sofrimento e da dor, do sofrimento ou  da morte, e os convida  a voltar a vida, a voltar a viver a graça de Deus Pai.
Quando os amigos de Jesus o avisaram da morte de seu amigo Lázaro, Jesus disse que a situação de seu amigo tinha como finalidade a própria glória de Deus. Glória que não foi um ganho para Jesus, mas sim para nós.  O que Jesus quis dizer, foi que a morte de Lázaro não significou um morte em si, mas sim um milagre com o objetivo de aumentar a nossa fé, e de nos fazer evitar a pior morte, que é a morte da nossa alma pelo pecado mortal, que nos impede de ir para a vida eterna.
 Portanto, a morte de Lázaro nos significou vida. Pois teve a finalidade de nos convidar a CONVERSÇÃO, de nos conduzir a correção dos nossos atos, da nossa caminhada, da nossa vida errante. O ditado popular diz: Tem males que vêm para o bem. Ou, Deus escreve certo com as letras tortas.  Desse modo, muitas coisas aparentemente ruins que nos  acontecem, no fundo são boas para a  correção da nossa trajetória de vida. São como puxões de orelhas de um  Pai que nos ama e quer a nossa felicidade eterna.
A quaresma chega ao seu fim e precisamos rever a nossa vida. Analisar se estamos vivendo segundo a carne ou segundo o espírito.  Ou se estamos vivendo mais pela carne ou mais pelo espírito. Viver para os dois é diametralmente impossível! Ou somos ou não somos cristãos.  Ser um cristão morno, meia boca, ou pela metade, não vai dar certo. Então, meus irmãos. Está na hora de pegarmos as nossas cruzes e seguir a Jesus.  Não tenhamos medo das cruzes.  Lembremos que as recompensas são bem maiores que elas.
E você? Está cuidando da sua conversão?  Vai que ainda é tempo!


José Salviano.

Vosso pai Abraão exultou, por ver o meu dia - Padre Queiroz

DIA 10- QUINTA - Evangelho- Jo 8,51-59

Vosso pai Abraão exultou, por ver o meu dia.
Neste Evangelho, Jesus, numa argumentação judicial com as autoridades da seu país, prova que é o Messias. Ao esperar o nascimento do seu filho Isac, Abraão esperava com alegria, uma descendência bendita de Deus, que é o Cristo. Abraão viu em Isac a cumprimento da promessa de Deus de que o Messias nasceria da sua descendência.
E mais: o nascimento de Isac era mais uma vinda da Sabedoria ou do Verbo de Deus, que séculos mais tarde se encarnaria. Diz o livro dos Provérbios: “O Senhor me gerou no início de suas obras, antes de ter feito coisa alguma, no princípio; desde a eternidade... Eu estava brincando no globo terrestre, e alegrando-me em estar com os filhos dos homens” (Prov 8,22-31). Abraão não viu Jesus como homem. Mas Jesus é uma Pessoa com o Verbo eterno, e Abraão viu a manifestação desse Verbo. Por isso que Jesus fala: “Vosso pai Abraão exultou, por ver o meu dia”.
“Antes que Abraão existisse, eu sou”. Mais uma vez, Jesus declara a sua divindade. Ele é a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade que se encarnou, conforme diz J 1,1-5: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus, e o Verbo era Deus. Ele existia, no princípio, junto de Deus. Tudo foi feito por meio dele, e sem ele nada foi feito de tudo o que existe. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz brilha nas trevas, e as travas não conseguiram dominá-la”.
Na pessoa de Jesus, as duas naturezas, a humana e a divina, eram estanques, isto é, não se comunicavam uma com a outra, a não ser que quisessem. A natureza divina só se comunicava com a humana quando era necessário e útil à missão de Jesus. Fora isso, Jesus agia apenas com os recursos humanos. Era homem como nós em tudo, exceto no pecado.
Só assim a gente entende todo o sofrimento que Jesus teve, no corpo e no espírito (Cf Hb 4-7). Entendemos também por que ele disse que não sabia a data do fim do mundo: “Quanto a esse dia e a essa hora, ninguém sabe nada, nem os anjos do céu, nem o Filho. Somente o Pai é quem sabe” (Mt 24,36).
A natureza divina deixava a natureza humana se virar, com os recursos e as limitações humanas. Esse é o mistério da união hipostática.
Entretanto, nós sabemos que “em Cristo habita, de forma corporal, toda a plenitude da divindade” (Cl 2,9).
“O que é da terra, pertence à terra e fala das coisas da terra. Aquele que vem do céu está acima de todos” (Jo 3,31). Só quem era do céu podia reabrir a porta do céu para a humanidade, porta que fora fechada após o pecado de Adão e Eva.. Quem não veio do céu não tem credencial nem competência para isso. Os fundadores de religiões, por exemplo, são, como nós, da terra, pertencem à terra. Portanto, eles não têm nenhuma competência para fundar uma religião. Com exceção, é claro, de Jesus que veio do céu e fundou a Igreja una, santa, católica e apostólica. “Eu e o Pai somos um” (Jo 10,30).
Justamente devido à sua condição divina, Jesus fala e garante: “Se alguém guardar a minha palavra, jamais verá a morte”. Morre fisicamente, mas permanece vivo em Deus, na vida eterna.
Como é importante nós ouvirmos e guardarmos a Palavra de Jesus, sendo aquela terra fértil, onde a semente cai e produz fruto!
Havia, certa vez, um rapaz, que tinha a memória um pouco fraca. Esquecia facilmente as coisas. Como na quaresma ele queria se confessar, começou logo a marcar em um pau os seus pecados. Cada vez que ele fazia um pecado, fazia um pique no pau.
Numa tarde em que o padre estava de plantão para atender as confissões, ele foi para a igreja. Chegando lá, colocou o pau atrás da porta e ajoelhou-se no banco a fim de se preparar para a confissão.
Depois foi para a salinha onde estava o padre, e se esqueceu de levar o pau. Ele era um rapaz bem forte. Ao chegar lá, o padre lhe disse: “Fale os seus pecados”. Ele falou: “Espere aí, padre, eu vou buscar o pau ali atrás da porta”. O padre disse: “Não, não precisa não, moço! Já está tudo perdoado. Pode ir tranqüilo” Já pensou, um rapaz daquele querendo ir pegar pau!
Quaresma é tempo de fazermos uma boa confissão. Nós não precisamos ter medo do padre nem o padre de nós, pois o que prevalece ali é a misericórdia de Deus. Não precisamos também anotar os pecados. Na hora, nós falamos aquilo de que nos lembramos e o resto fica tudo perdoado. O principal na confissão não é falar pecados, pois na confissão comunitária nós nem falamos os pecados. O principal é o perdão de Deus e, da nossa parte, o arrependimento.
Campanha da fraternidade. No Sermão da Montanha, Jesus nos mostra que devemos quebrar a rede de ódio e vingança que existe na sociedade porque violência gera mais violência. Se quisermos viver a justiça do Reino, devemos pagar o mal com o bem, buscar não a vingança, mas a sua superação. Os que querem ser discípulos de Jesus devem assumir essa atitude.
Nos caminhos do Mestre Jesus, os primeiros cristãos vendiam seus bens. O resultado das vendas era colocado em comum e distribuído de acordo com as necessidades de cada um (cf. At 2,42-44).
A atuação de São Paulo, através de seus escritos, pregações e atividade missionária, levou para o mundo os fundamentos que garantiram comunidades novas, totalmente voltadas para os princípios pregados por Jesus e dando início a um considerável esforço no sentido de conquistar a paz verdadeira e duradoura. Para ele, o amor é a plenitude da Lei e a fonte de toda segurança e paz.
Maria Santíssima é Mãe de Deus, porque é Mãe de Jesus que é Deus. Que ela interceda por nós, já que tem tanto credencial junto da Santíssima Trindade.

Vosso pai Abraão exultou, por ver o meu dia.

Se o Filho do Homem vos libertar, sereis verdadeiramente livres - Padre Queiroz

DIA  09- QUARTA - Evangelho- Jo 8,31-42

Se o Filho do Homem vos libertar, sereis verdadeiramente livres.
Neste Evangelho, Jesus, através da comparação com o escravo, mostra-nos que a liberdade que ele oferece é a única verdadeira e definitiva. No mundo, as coisas são passageiras, como o escravo naquele tempo que ficava passando de família em família. Jesus não é escravo, mas filho. As obras dele permanecem, como o filho permanece sempre na sua família. Além disso, a liberdade oferecida por Jesus é fruto da verdade, e esta não muda. Mas só conhece a verdade quem permanece na palavra de Jesus: “Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”.
A verdade liberta e a mentira escraviza, da mesma maneira que o pecado. Temos de optar entre a verdade e a mentira. O próprio Cristo é a verdade. A mentira é a raiz de muitos pecados, assim como a verdade é a raiz de muitas virtudes.
Jesus declara que a mera descendência natural de Abraão não é garantia de que a pessoa está com Deus. É Cristo que nos estabelece na autêntica linhagem de Abraão, pela fé. Entretanto, para sermos discípulos de Cristo, temos de por em prática a sua palavra.
Abraão é o pai da fé, uma fé não só de cabeça, mas que o levou a jogar a sua vida na direção das promessas de Deus, apesar de não conhecer a fundo essas promessas. Os verdadeiros filhos de Abraão são os que o imitam, jogando-se agora no seguimento de Cristo.
O mundo hoje tenta fazer a cabeça de todo mundo, como um rolo compressor. Essa massificação começa com as crianças, aprofunda-se nos jovens e nestes a massificação já começa a produzir frutos: drogas, sexo livre, gangues... A manipulação atinge também o setor religioso; quem não está firme na Palavra de Deus, não persevera na verdadeira Igreja de Cristo.
É urgente sermos “discípulos e missionários de Jesus Cristo, para que nossos povos tenham vida nele” (Documento de Aparecida).
Os mártires testemunhos que o seguimento de Jesus leva à verdade e está liberta a pessoa. Mesmo morrendo, eles são mais livres do que muitos que andam pelas ruas.
Certa vez, um senhor foi ao hospital visitar um amigo que estava internado, muito mal. O amigo estava com balão de oxigênio.
O visitante chegou ao lado da cama e ficou em pé, parado, conversando com ele. Mas não percebeu que havia pisado na mangueirinha do oxigênio, e assim o doente não podia mais respirar.
Logo o doente começou a sentir-se mal e, percebendo a causa, empurrou o visitante para trás. Foi só este se afastar, pronto, o doente começou a respirar normal e recuperou a tranqüilidade.
Existem certos “visitantes” que se aproximam de nós interessados no nosso dinheiro, e não hesitam em destruir a nossa vida, por exemplo, levando-nos ao vício e a outras coisas que matam.
Campanha da fraternidade. O homem foi criado perfeito e viveu assim até descobrir a maldade, que foi a causa da sua deterioração, da sua exclusão da presença de Deus. O desejo desenfreado do lucro, do poder e do prazer gera a violência e traz todo tipo de mal para a sociedade. São fonte de insegurança.
Antigo Testamento nos mostra que fomos criados para a comunhão com Deus e com os irmãos, na vivência concreta do amor e somente a partir deste critério poderemos de fato ter segurança. Somente põe a sua confiança no Senhor aquele que faz a Sua vontade.
Quanto mais perto de Deus, mais livre é uma pessoa. Maria Santíssima era uma mulher livre. Ela não se submeteu aos tabus da época em relação à mulher: falava em público, denunciava, fazia longas viagens... Que ela nos ajude a permanecer e crescer na Palavra do seu Filho.
Se o Filho do Homem vos libertar, sereis verdadeiramente livres.


Quando tiverdes elevado o Filho do Homem, então sabereis que eu sou. Padre Queiroz

DIA  08 - TERÇA - Evangelho- Jo 8,21-30

Quando tiverdes elevado o Filho do Homem, então sabereis que eu sou.
Este Evangelho mostra como que o preconceito obscurece a inteligência. Os fariseus não entendiam nada que Jesus falava, ou entendiam errado, sempre contra Jesus. Pensaram até que ele deu a entender que ia se matar! Esse pecado da incredulidade radical vai levá-los ao crime mais cruel: matar o Filho de Deus!
Entretanto, Jesus chama a sua crucifixão de elevação. “Quando tiverdes elevado o Filho do Homem, então sabereis que eu sou”. Ele será elevado em dois sentidos: na cruz, ficando a um metro e maio do chão, e justamente naquele momento ele será elevado a Rei do Universo, realeza que conquistou com o seu sangue.
Jesus foi-se revelando aos poucos. Primeiro se revelou como água viva e como luz do mundo. Aqui ele diz: “Vós sois daqui de baixo, eu sou do alto”; e revela claramente a sua divindade.
Só neste Evangelho de hoje Jesus usa duas vezes a expressão “eu sou”. Quando Moisés perguntou a Deus qual é o seu nome, Deus respondeu que seu nome é “Eu Sou”. Por isso que os hebreus chamavam a Deus de “Aquele que é”, em hebraico: Javé. Vejamos a pergunta de Moisés:
“Moisés disse a Deus: ‘Mas, se eu for aos israelitas e lhes disser: ‘O Deus de vossos pais enviou-me a vós’, e eles me perguntarem: ‘Qual é o seu nome?’, o que devo responder? Deus disse a Moisés: ‘Eu sou aquele que sou’. E acrescentou: ‘Assim responderás aos israelitas: ‘Eu sou’ envia-me a vós” (Ex 3,13-14). Vemos, então, que, ao se chamar de “eu sou”, Jesus está declarando que é Deus, junto com o Pai e o Espírito Santo.
Jesus “É”, assim como Deus Pai “É”, mas não se confunde com Deus Pai, pois ele disse: “O Pai me enviou”. E fala também: “O testemunho de duas pessoas é digno de fé”.
“Se não acreditais que eu sou, morrereis nos vossos pecados.” Para nós, o pecado não está somente em fazer algo errado. É também pecado quando nos fechamos em nossos critérios humanos e não nos abrimos a outros horizontes, à sabedoria infinita que é Deus.
É aqui que os homens se dividem entre “aqueles que são lá de cima” e “aqueles que são aqui de baixo”. Não há linguagem comum entre eles, e Jesus perderia o tempo em ficar discutindo com eles. A sabedoria divina se manifestará melhor do que com palavras, quando ele morrer na cruz. “Quando tiverdes elevado o Filho do Homem, então sabereis que eu sou”.
O mesmo acontece com a santa Igreja, em relação àqueles que a caluniam: quando ela se identifica com essa parte da humanidade que é perseguida e marginalizada, então o seu testemunho causa impacto na humanidade, e a salva.
“Enquanto Jesus assim falava, muitos acreditaram nele.” São os que procuravam a verdade. Outros, porém, permaneciam cegos diante dos sinais da identidade messiânica de Jesus. Ele é sinal de contradição; diante de Jesus, os homens têm de se decidir por ele ou contra ele. Essa decisão compromete definitivamente o destino da pessoa. Neste dia da quaresma, Deus nos convida à conversão, antes que seja demasiado tarde.
“Digo-vos com lágrimas: há muitos que andam como inimigos da cruz de Cristo. O seu fim é a perdição; o seu deus é o ventre; as suas glórias, as suas vergonhas. Só aspiram a coisas terrenas” (Fl 3,18s). Por outro lado, quem olha a cruz com fé e com espírito de conversão, como os hebreus olhavam para a serpente de bronze, fica curado do veneno da serpente, alcança a salvação e têm a vida eterna.
Certa vez, um senhor idoso que morava na roça estava indo para a cidade. Ele em cima de um burro e o netinho na frente, puxando o animal.
Passaram dois homens e comentaram entre si: “Um marmanjo desse em cima do burro e a pobre criança a pé!”
O velho escutou. Quando os homens desapareceram na curva, ele disse ao menino: “Filho, venha você aqui e eu vou a pé”.
Logo passaram dois e comentaram: “Engraçado: o velho doente a pé e o moleque a cavalo!”
Quando viravam a curva, o velho falou: “Filho, vamos nós dois em cima do burro”. E assim fizeram.
Dois homens cruzaram com eles e comentaram entre si: “Dois marmanjos nesse burrinho. Como não têm dó do pobre animal!
Quando se distanciaram, o homem disse ao neto: “Filho, vamos nós dois a pé”. Logo passaram uns viajantes e comentaram: “Aqueles dois não são muito certinhos da cabeça. Onde já se viu caminhar a pé, puxando um burro, sem ninguém em cima!”
Quando desapareceram, o homem disse ao neto: “Filho, vamos levar este burro nas costas”. Passaram dois e comentaram: “Olhe lá três burros; dois carregando um!”
Quando estavam sós, os dois largaram o animal e o homem disse ao neto: “Filho, não se importe com o que os outros disserem. Siga a sua opinião”.
A nossa conversão é algo pessoal, entre nós e Deus, e ninguém tem de por o bico. Vivemos numa sociedade eclética, mas para Deus a verdade é uma só, e para nós também.
Campanha da fraternidade. Fomos criados à imagem e semelhança de Deus, que é amor. Assim, a exemplo da Santíssima Trindade, comunhão perfeita de três Pessoas em um só Deus, devemos buscar a comunhão com Deus e entre nós. Sem esta comunhão no seu duplo sentido, não pode haver Cristianismo.
A confiança em Deus e comunhão com os irmãos conduzem à paz. Paz é conceito básico na Bíblia. A palavra hebraica Shalom é saudação que comunica uma paz completa, resumo de tudo de bom que Deus quer oferecer quando faz aliança com o povo. É um termo que abrange bem estar, felicidade, saúde, segurança, relação amorosa consigo mesmo, com a natureza. “Aparta-te do mal e faze o bem: Busca a paz e vai atrás dela” (Sl 34,15). “Como são belos os pés do mensageiro que anuncia a paz!”
Graças à Encarnação, o Filho de Deus nos tornou também filhos de Deus e até participantes da natureza divina: “Quando se completou o tempo previsto, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sujeito à Lei, para resgatar os que eram sujeitos à Lei, e todos recebermos a dignidade de filhos. E a prova de que sois filhos é que Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: ‘Abbá, Pai!’ Portanto, já não és mais escravo, mas filho. E, se és filho, és também herdeiro. Tudo isso, por graça de Deus” (Gl 4,4-7). Nós agradecemos isso a Deus Pai, a Jesus e a Maria Santíssima que colaborou muito de perto nesta nossa elevação.
Quando tiverdes elevado o Filho do Homem, então sabereis que eu sou.
Padre Queiroz
 

O SEGUNDO SINAL -Igreja Matriz de Dracena

31 de março - Evangelho - Jo 4,43-54

O evangelista João chama de sinais os fatos portentosos realizados por Jesus no exercício do seu ministério messiânico. Eles não pretendem ser uma prova da identidade de Jesus, nem tampouco visam forçar as pessoas a abraçarem a fé. 
Os sinais são manifestações da glória de Jesus para quem está disposto a lançar-se na dinâmica da fé. Indicam que nele existe algo que pode conduzir à fé, desde que bem entendido. Sem ela, será impossível identificar os feitos de Jesus como sinais.
Eles possibilitam, a quem se aproxima de Jesus, penetrar no mistério divino, presente na história humana; permitem contemplar Deus atuando em favor da humanidade. Por outro lado, dão a entender que, em Jesus, a salvação torna-se realidade. O Deus invisível faz-se visível na ação de Jesus. 
Todos estes elementos estão presentes no sinal relatado pelo Evangelho. O funcionário real acredita que Jesus pode salvar-lhe o filho, que está à beira da morte. Como resposta, recebeu a ordem de ir para casa, pois seu filho já estava curado. Ao receber a notícia da cura, informou-se sobre a hora exata em que acontecera. E constatou ter sido na mesma hora em que Jesus lhe garantira a cura do filho. Por isso, “ele acreditou, e toda a sua casa”. 
O sinal levou o funcionário real à fé, porque estava predisposto a acolher Jesus. Neste caso, fez surtir o efeito desejado: foi gerador de fé.

Oração
Pai, dá-me sensibilidade para descobrir, nos sinais realizados por Jesus, a presença de tua mão amiga atuando em favor da humanidade.

CEGUEIRA E VISÃO -Igreja Matriz de Dracena

30 de março - Evangelho - Jo 9,1-41


As duas posturas diante dos sinais realizados por Jesus podem ser definidas como cegueira e visão. São a dos fariseus e a do cego de nascença. O incidente em torno da cura do cego revelou a cegueira dos fariseus e o alto grau de visão daquele que tinha sido curado. Tudo se define em torno da capacidade de confessar Jesus como o Messias, diante do testemunho de suas obras.
Os fariseus, aferrados aos seus esquemas mentais, recusavam-se a admitir que realmente foi Jesus quem restituíra a visão ao cego de nascença. Eles raciocinavam assim: as Escrituras afirmam que o Messias, quando vier, haverá de curar os cegos. Como o milagre tinha sido operado em dia de sábado e o Messias, no pensar deles, seria fidelíssimo às leis religiosas do povo; e já suspeitando de Jesus, concluíram que ele não se encaixava na categoria de Messias. Embora não encontrassem explicação plausível para a cura do cego, não mudavam suas idéias a respeito de Jesus. Eles pensavam que Jesus não podia ser de Deus, pois era um pecador.
O cego de nascença, porém, adquiriu tanto a visão física quanto a visão da fé. Tendo sido procurado por Jesus, e dando-se conta de tratar-se do Messias, prostrou-se diante dele, fazendo sua confissão de fé: "Eu creio, Senhor!"
Só quem, de fato, "vê", pode fazer a experiência de fé; não quem se deixa enganar por falsos esquemas teológicos.
Oração
Pai, abre meus olhos para que eu reconheça Jesus como teu Messias Salvador. Livra-me da cegueira provocada por falsos raciocínios, mesmo com roupagem religiosa.

(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica).

O cobrador de impostos voltou para casa justificado, o outro não -Igreja Matriz de Dracena

29 de março - Evangelho - Lc 18,9-14

A PIEDADE CORRETA 

A parábola do fariseu e do publicano aponta para dois diferentes tipos de piedade, representando posições extremas. O discípulo do Reino deve decidir-se pela maneira correta de agradar a Deus, evitando os caminhos enganosos.
A piedade farisaica, baseada na prática cotidiana da Lei, em seus mínimos detalhes, tinha seus defeitos: era cheia de orgulho, uma vez que levava a pessoa a olhar com desprezo para os considerados pecadores e incapazes de perfeição; pregava a segregação das outras pessoas, por temor de contaminação. Os fariseus julgavam-se com direito de exigir de Deus a salvação, em vista dos méritos adquiridos com sua vida piedosa.
A piedade do povo simples e desprezado, como o cobrador de impostos, tem outros fundamentos: a humildade e a consciência das próprias limitações e da necessidade de Deus para salvá-lo, a certeza de que a salvação resulta da misericórdia divina, sem méritos humanos, o espírito solidário com os demais pecadores que esperam a manifestação da bondade de Deus.
A oração do fariseu prepotente e egoísta dificilmente será atendida. É uma oração formal, da boca para fora. Já a oração do publicano é totalmente humilde, porque ele reconhece que sua salvação vem de Deus. Só a oração sem estardalhaço é ouvida!
Oração 
Espírito de humildade na oração, ensina-me a rezar, pondo minha confiança totalmente em Deus, pois só sua misericórdia pode salvar-me.



“QUERES FICAR CURADO?” – Olívia Coutinho


 01 de Abril de 2014
 
Evangelho - Jo 5,1-16
        
Estamos cada vez mais próximos da grande festa do amor: A Páscoa do Senhor Jesus!
A riqueza das leituras deste tempo de graça, nos levou ao desejo de conversão.
Manter o firme propósito de buscar a cada dia a nossa conversão é dar sentido a ressurreição de Jesus.
Para chegarmos renovados a  grande festa da vida, é  imprescindível que abandonemos tudo que é velho, tudo que nos distancia dos verdadeiros valores. 
Aproveitemos bem estes últimos dias deste tempo Quaresmal, para retirarmos  todos os resíduos que ainda nos impede de mergulharmos por inteiros, no mistério do infinito amor do Pai,  que enviou o seu Filho para nos libertar de todas as escravidões.
No evangelho de hoje, Jesus, ao  curar  um paralítico, nos ensina uma forma simples de nos aproximar do Pai, que é  aproximarmos  do  irmão que sofre!
A narrativa nos mostra mais uma vez, a preferência de Jesus pelos excluídos! 
Curando um  paralítico, Jesus  deixa transparecer a imensidão do seu amor e da sua compaixão para com os sofredores! 
O fato se deu, em Jerusalém, numa  festa  dos judeus.  Desta vez, Jesus não  subiu  ao templo, ficando no meio dos  coxos, dos  paralíticos, dos cegos, um povo sem vez e sem voz que buscava através de uma crença, a libertação  de seus males.
 Excluídos por uma sociedade que os ignorava,  aquele povo sofrido, ficava amontoado ao redor de uma piscina,   a espera de que um anjo viesse  movimentar a água da piscina. Eles acreditavam  que  depois do borbulhar da água, o primeiro doente que entrasse na piscina,  cuja água, eles atribuíam um poder  sobrenatural, ficaria curado.
Jesus, ao contrário dos fariseus, que estavam preocupados somente em guardar o sábado, permaneceu no meio daqueles doentes. O seu olhar paira sobre  um paralítico, um excluído dos excluídos,  que estava ali há 38 anos, (o que significa uma vida inteira) a espera do milagre.  Jesus pergunta-o: “Queres ficar  curado?”  o doente respondeu: “Senhor, não tenho ninguém que me leve à piscina, quando  a água é agitada. Quando estou chegando, outro entra na minha frente.” Jesus disse: “Levanta-te, pega sua cama e anda”. No mesmo instante, o homem ficou curado, pegou sua a cama e começou a andar. 
Podemos pensar: se Jesus já sabia que o paralítico estava ali há tantos anos a espera do milagre, porque Ele pergunta: “queres ficar curado?” Ao fazer esta pergunta ao paralítico,  Jesus,  dá a entender que a sua intenção, não era somente  fazê-lo andar fisicamente, mas também despertá-lo para a “vida”, é como se Ele quisesse dizer: acorde para a vida, não fique preso a essa deficiência física  a espera  do movimento da água,  movimente você mesmo, faça o que você pode fazer.
Hoje, Jesus pode também nos fazer perguntas semelhantes: o que queres? O que podes fazer?
 Não podemos ficar paralisados, presos no nosso comodismo, sem saber até mesmo o que queremos. Precisamos deixar de nos esconder atrás de pequenas “deficiências ” para justificar o nosso comodismo.
O paralítico que ficou 38 anos a espera de uma cura, representa  todo o povo oprimido, presos em suas deficiências,  e também aqueles que não lutam pelos seus direitos.
O texto nos chama a atenção também, para a nossa falta de solidariedade, ainda não aprendemos a enxergar o outro com olhar de Jesus, um olhar que não apenas constata a sua necessidade, mas que nos leve a fazer algo a seu favor!
 As águas que borbulhavam vez por outro na piscina, simboliza a imagem de um falso deus, um deus que lembra de vez em quando do seu povo, diferente do nosso Deus. O nosso “Deus” é um Deus verdadeiro,  um Deus presente, que nos ama, que nunca nos abandona!  Nós, é que muitas vezes o abandonamos, não correspondendo ao seu amor, principalmente quando somos indiferentes ao sofrimento dos  nossos irmãos! 
 Não podemos esquecer nunca: Não tem dia e nem hora, para ajudarmos os  nossos  irmãos necessitados.
Tenhamos o cuidado de não nos contaminar com a pior de todas as cegueiras: a cegueira de quem não quer enxergar.
Não esqueçamos nunca: Atrás de uma doença física, pode estar escondida uma ferida na alma! 
 
FIQUE NA PAZ DE JESUS! Olívia