FESTA DA APRESENTAÇÃO DO
SENHOR 02/02/2013
1ª Leitura Malaquias 3, 1-4
ou Hebreus 2, 14-18
Salmo 23 (24) “É o Senhor
dos Exércitos”
Evangelho Lucas 2, 22-40
"UM
DEUS EM FAMÍLIA..."
A igreja ensina que toda criança de pais cristãos deverá ser batizada
nos primeiros meses de vida, pois o batismo é uma consagração da criança a
Deus, era costume entre os judeus a apresentação do primogênito no templo,
quando a mesma era circuncidada, uma espécie de batismo que marcava a criança
como propriedade de Deus e pertencente a ele, além da sua inserção na
comunidade.
Os avós ou as pessoas idosas, queridas da família, costumam carregar a
criança e sonhar com um futuro maravilhoso para ela. Na comunidade onde Jesus
foi apresentado, Simeão e Ana eram os mais idosos e coube a eles recepcionar
Maria e José na porta do templo, como faz os irmãos e irmãs da pastoral do
batismo. Eles representam toda a comunidade e o povo de Israel, que pode enfim
contemplar o prometido de Deus, aquele que veio trazer a salvação a toda
humanidade.
Nesta vida sonhamos tantos sonhos, mas parece que quando chega a idade,
paramos de sonhar. Simeão e Ana guardavam no coração a esperança de ver o
Messias, aqui não se trata de uma esperança humana, mas de uma esperança que
brota da fé, essa crença muito viva presente no coração das pessoas simples, de
que Deus irá agir e a humanidade encontrará seu verdadeiro caminho e cada ser
humano resgatará sua imagem e semelhança do Criador.
Nas palavras proféticas do velho Simeão, aquele menino irá derrubar e
erguer muitos em Israel, e os pensamentos de muitos corações serão desvendados.
Para reformar uma casa velha, é preciso derrubar para depois reerguer. As
lideranças religiosas não aceitaram e não quiseram fazer esta reforma que
renova o íntimo do homem, pela ação salvívica realizada por Jesus.
Esta rejeição irá doer e traspassará a alma de Maria como uma espada
cortante. Não se trata de um mau agouro, mas de uma verdade presente até hoje
em nosso meio quando o evangelho de Cristo e o seu reino de amor e de justiça
continuam sendo rejeitados por toda a sociedade. Aonde começa essa rejeição?
Precisamente no seio da família que é sagrada porque inicia a criança nessa
vida nova recebida no batismo, levando-a aos poucos a descobrir-se como filha
querida de Deus.
Família não é um agrupamento de pessoas que moram sob um mesmo teto, mas
sim de pessoas que tem uma comunhão de vida dentro de uma co-responsabilidade,
partilha e fraternidade. Infelizmente em nossos dias o que prevalece é o
individualismo, cada membro da família tem sua vida, seus interesses, suas
amizades e preferências de modo que em uma mesma família podemos ter pessoas de
diferentes credos, culturas ou ideologias. O pai e a mãe deixam de ser
educadores e formadores dos filhos, e a pós-modernidades é que dita as normas e
ensina como viver, e que valores são importantes.
Maria e José não eram figuras decorativas na vida de Jesus, mas
exerceram com seriedade, empenho e santidade a missão que lhes fora confiada
por Deus: a de serem educadores e catequistas do seu Filho.
A formação do caráter e da personalidade da pessoa exige um equilíbrio,
é preciso ter um pai e uma mãe, que sejam testemunhos de amor e exemplo de vida
para os filhos, pois nossa primeira igreja é a família.
Nessa pequena comunidade aprende-se o sentido da vida a partir de uma
vivência pautada pelo amor e o respeito ao outro, e assim a família é como um
pequeno riacho de águas puras e cristalinas que nos leva ao rio maior que é a
comunidade, que por sua vez nos leva ao infinito da plenitude em Deus.
José e Maria, apesar de terem uma missão tão especial e grandiosa, de
serem os educadores do Filho de Deus, não se fecharam em seu privilégio, mas
abriram-se á comunidade à qual levaram a criança, quando se completaram os dias
da purificação da mãe, para ser apresentado no templo e assim consagrar a Deus.
Nossos filhos não são nossos, mas pertencem a Deus e devem descobrir o sentido
da vida a partir da sua vocação para viver o amor. Essa descoberta começa na
família e depois se torna madura na vida em comunidade, pois é na igreja que
descobrimos e entendemos nossa vocação de servir.
A lei dizia que “todo primogênito do sexo masculino, deveria ser
consagrado ao Senhor” mas Maria e José não estão ali simplesmente para cumprirem
uma lei, mas é que a fé que tem em Deus, fazem eles perceberem que aquele filho
não lhe pertence, mas é uma dádiva para toda humanidade. Um dia aquele menino
irá crescer, e na graça de Deus irá se descobrir como um ungido do senhor, nada
poderá detê-lo em sua missão, a vocação do amor que quer servir extrapola a
vida familiar. José e Maria sabem disso e por isso oferecem um sacrifício, um
par de rolas ou dois pombinhos, como ordenava a lei do Senhor.
Os filhos representam tanto para nós, e talvez tão pouco para
transformarem o mundo, assumindo a vocação do amor. Muitas vezes desejamos que
os filhos sejam grandes e importantes para si mesmos, entretanto, eles são a
nossa maior contribuição para ajudar a melhorar o mundo e a sociedade. Maria e
José não querem de maneira egoísta “guardar” o menino só para si, mas o
consagra a Deus que irá dá-lo para os homens.
Maria é a fonte transbordante, plena de graça divina, José é o homem
justo, sábio e forte, porque lê os acontecimentos da vida com os olhos da fé...
O menino tem por quem “puxar”... Toda família torna-se sagrada quando as
pessoas que dela fazem parte sabem reconhecer na missão do outro o agir de
Deus.
"O
menino crescia e tornava-se forte, cheio de sabedoria e da graça de Deus."
Lc.2,40
gostei dessa bela reflexão, vou partilhar na homilia que farei hoje na Santa Celebração em que celebrarei.
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