domingo, 26 de janeiro de 2014

"As Etapas da conversão" - Diac. José da Cruz

QUARTA FEIRA DA  6ª SEMANA DO TC  19/02/2014
1ª Leitura Tiago 1, 19-27
Salmo 14(15),1b “Quem habitará em vossa montanha Santa?”
Evangelho marcos 8, 22-26


Quando cristãos retornam de algum retiro ou encontro de espiritualidade, alardeando que agora estão convertidos, é para se ficar sempre com um pé atrás. Digo isso porque muitas vezes, o coitado mal volta do retiro e já o engajam em alguma pastoral ou movimento dando-lhes mil e uma tarefas. O pior é quando, por conta desse  excessivo entusiasmo, são convidados a darem testemunho na assembléia....Testemunho como o de Pedro que um dia, cheio de entusiasmo disse a Jesus"Eu te seguirei Senhor por onde fores, jamais deixarei de estar contigo" mas naquele mesmo dia, que era a véspera de sua paixão, Jesus apagou o fogo de palha de Pedro, profetizando que naquela madrugada ele iria negá-lo por três vezes, antes que o galo cantasse. Pedro deve ter ficado indignado com essa previsão catastrófica do Mestre, que parecia não acreditar na sua fidelidade então manifestada. É que Jesus conhece o coração humano, sempre tão volúvel, que parece tão arrojado em um determinado momento, mas em outro se encolhe amedrontado diante de alguma ameaça. Jesus não reclama de Pedro ser assim, apenas lhe mostra que o caminho do discipulado não pode ser percorrido apenas no entusiasmo, pois a jornada é dura, espinhosa e meio complicada.
Nada contra os nossos retiros e encontros de espiritualidade que são úteis e necessários sendo até colocados como obrigação aos ministros ordenados e religiosos, pela Lei da Igreja. O problema é pensar que a conversão já aconteceu, e a partir de agora vão poder vislumbrar um mundo totalmente novo quando na verdade, o mundo é o mesmo, as pessoas são as mesmas, e as situações também. O Novo na verdade, está dentro da pessoa...e um coração renovado renova também o olhar que ganha a luz da FÉ.
A conversão verdadeira é toda um processo de muitas etapas nessa experiência com Jesus  Cristo, é portanto algo dinâmico em nossa vida, pois em cada decisão tomada ou atitude assumida diante de grandes ou pequenos acontecimentos,  vamos mostrando se estamos ou não sendo fiéis a nesse processo.
O homem cego, curado por Jesus nesse evangelho, já tinha feito uma experiência inicial com ele, entretanto  ainda não tinha uma visão clara dos acontecimentos pois a sua visão espiritual confundia homens com árvores que andavam. O que houve ? Jesus não teria feito direito os gestos para realizar a cura? Claro que não, é que o ser humano tem suas limitações e os efeitos da Graça Divina é como aquela chuvinha fina, que sem muito alarde, vai fecundando a terra mansamente fertilizando-a.
Foi somente após mais uma experiência com Jesus que os olhos daquele homem começaram a enxergar perfeitamente. E onde é o lugar de quem tem uma nova visão da vida, das pessoas e dos acontecimentos? É na Comunidade que é a casa dos que crêem. Mas sempre lembrando que a FÉ  é dom de Deus e é Jesus quem abre nossos olhos para vivermos essa realidade totalmente nova.
 Pertencer a uma comunidade, sentir-se Igreja com os demais irmãos e irmãs, não é uma decisão nossa, mas somos Igreja e Comunidade pelo impulso permanente do Espírito Santo. Não se trata de um simples "empurrãozinho" igual aquele que se dá para fazer um carro pegar n o tranco, a Força do Espírito é uma dinâmica em nossa Vida de Fé.

Mas é um processo lento que começa em nosso Batismo e termina com a nossa morte, quando então, totalmente convertidos, Jesus nos mandará para nossa casa definitiva onde teremos a visão Beatífica de Deus. Que não se abata sobre nós o desânimo, se de vez em quando em nossa Vida de Fé, confundirmos árvores com homens....Nossas deficiências e limitações fazem parte desse processo!

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