quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

A FUGA PARA O EGITO - CANÇÃO NOVA


SÁBADO - 28 de Dezembro de 2013 - Evangelho - Mt 2,13-18


Esta narrativa de Mateus expressa um êxodo às avessas. O Egito não é mais o lugar da opressão, mas o lugar da proteção. O opressor não é mais o faraó, mas o rei idumeu-judeu que reina sobre a Judeia e toda a Palestina. Mateus nos mostra que um homem, acreditando nos sonhos, salvou Deus. Assim ele fala: Após o regresso dos magos, eis que o Anjo do Senhor apareceu em sonho a José e lhe disse: Levanta-te, toma o Menino e a Mãe e foge para o Egito. Fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o Menino para o matar. Foi um sonho. E para que soubéssemos disso, a única fonte foi o próprio José.
Acreditando no sonho, ele partiu para uma viagem de muitos quilômetros, no deserto do Sinai, tirando o Deus humanado das garras de um sanguinário. A empreitada da fuga foi dolorosa. A temperatura no deserto, à noite, chega a zero grau e durante o dia a cinquenta graus positivos. A Sagrada Família seguiu por um caminho que nem José conhecia, mas sabia que devia, por cautela, desviar dos caminhos por onde circulavam os judeus, egípcios e romanos. Havia ainda o risco de encontrar ladrões e feras do deserto, até chegarem às terras do Egito, onde se viram salvos.
Interessante: por volta do ano 1250 a.C., os judeus saíram do Egito perseguidos pelo Faraó, que queria eliminá-los. Agora, aquela estrutura do governo egípcio torna-se proteção ao Menino-Deus.
É impressionante como a salvação corre em fios tênues. Deus deixou que José guiasse Maria e Jesus pelo deserto, até o Egito. E lá permaneceram por mais de quatro anos, até a morte de Herodes, quando então puderam voltar.
Esse capítulo se apóia na credibilidade de sonhos. Quantas vezes temos sonhos, sinais e não acreditamos neles ou não lhes damos a devida atenção. A psicologia e a parapsicologia modernas nos ensinaram a desvanecer do nosso espírito esses avisos de Deus. A Bíblia está repleta dessas manifestações. Os sonhos bíblicos geralmente levaram à restauração de alguma coisa.
Esses sonhos tornaram-se, com o tempo, menos frequentes, porque o homem está cada vez mais materialista, com a “vida voltada unicamente para os gozos e bens materiais”, passando então a sonhar com o que professa: matéria, matéria, matéria… A espiritualidade cedeu lugar à materialidade. Já não acreditamos que Deus se comunica conosco também através de sonhos e sinais. Mas são modos sutis de nos falar. Isto ficou bem claro ao colocar nas mãos de José, através do sonho, o poder de salvar o Menino-Deus da fúria assassina de outro homem. Deus poderia ter-lhe enviado um anjo, como fez a Maria; mas não, José teve de acreditar através do sonho. E da mesma forma aconteceu aos três magos: cumpriram a vontade de Deus através do sinal (a estrela) e do sonho (sobre Herodes).
José salvou por duas vezes o Deus feito homem, por acreditar na comunicação de Deus através do sonho. Na primeira, da difamação humana, ao acreditar no sonho revelador da maternidade divina de Maria, que concebera por obra do Espírito Santo. Na segunda, salvou-o da fúria de Herodes. Isto sem falar de sua fixação em Nazaré, ao retornar do Egito para Israel, por receio de Arquelau, sucessor de Herodes, “tendo recebido um aviso em sonho”.
Depois Deus levou José, para que o Verbo encarnado executasse o plano de salvação que conhecemos. José deixa na terra Jesus e vai para o Céu. A espiritualidade deste Evangelho se resume em nos fazer acreditar nas revelações divinas, mesmo quando feitas através de sonhos e sinais.
Pai, apesar da minha fraqueza, sei que contas comigo para o serviço do teu Reino. Vem em meu auxílio, para que eu seja um instrumento útil em tuas mãos.


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