domingo, 24 de novembro de 2013

SEGUNDO DOMINGO DO ADVENTO-Ano C-José Salviano

SEGUNDO DOMINGO DO ADVENTO

Ano C



            Enquanto o comércio  se prepara a mil por hora para as grandes vendas deste Natal, cujo objetivo é ganhar muito dinheiro,  a liturgia deste domingo nos convida a despir esses valores efêmeros e egoístas a que, uma grande parcela da sociedade dá uma importância excessiva, e a fazer uma revisão da nossa escala de valores, no sentido de nos examinar, para ver se não estamos também pendendo demais para o lado materialista da vida. Para observar se nos esquecemos que os valores fundamentais que marcam a nossa vida são valores do  “Reino dos Céus”.
            Na  primeira leitura, o profeta Isaías apresenta um enviado de Jahwéh, da descendência de David, sobre quem repousa a plenitude do Espírito de Deus; a sua missão será construir um reino de justiça e de paz sem fim, de onde estarão definitivamente banidas as divisões, as desarmonias, os conflitos.  Que bom se isso viesse a acontecer no meio de nós!
            Na segunda leitura, Paulo exorta os cristãos a vencer qualquer tipo de egoísmo e de auto-suficiência e a dar as mãos aos mais fracos e necessitados, seguindo o exemplo de Cristo. Não é pecado comprar o que precisamos nos dias que antecedem o Natal. O que é pecado é ignorarmos aqueles que nada têm!
            O Evangelho de hoje nos mostra a figura ímpar de  João Batista que  anuncia a realização do “Reino de Deus” a qual ele afirma estar muito próxima.  E  para que o “Reino” se torne realidade viva no mundo, João Batista convida a todos a mudar as suas escalas de valores, a organizar as suas rotinas a fim de que em suas vidas haja lugar para Deus!
            É o que está faltando no mundo de hoje. Muitos correm desesperadamente em busca dos prazeres passageiros, em busca de bens materiais,  empenhando esforços 24 horas por dia de modo que não lhes sobram um minuto para falar com Deus! E Deus paciente e amoroso, espera, convidando-os diariamente à conversão. Porém, infelizmente, o que acontece na sociedade, são os efeitos de tudo disso, o que acontece  no nosso dia a dia é o resultado dessa vida longe do Pai que inevitavelmente acarreta sérias consequências, que são as tragédias e os crimes bárbaros os quais vemos nos noticiários no final do dia.
        João Batista é aquele que prega nos deserto. E você deve estar perguntando: Ele pregava para quem? Para as pedras e para a areia?
É claro, que não! João pregava para as pessoas que iam até ele, para ouvi-lo, para se converterem  e serem batizados. João prepara o povo  para acolher Jesus.  João Batista vivia no deserto de Judá, nas margens do rio Jordão. A sua mensagem estava centrada na urgência da conversão e dizia que  o  “juízo de Deus” estava chegando.
            Então, João é um homem exótico que não se vestia como  os demais, e questiona o modo de viver  voltado para  os bens materiais. Ele convida a uma conversão, a uma mudança de valores, convida a esquecer o supérfluo, para dar atenção ao essencial dessa vida, visando a Vida Eterna.
            Muita gente acorria de Jerusalém, de toda a Judéia e de toda a região do Jordão e era batizada por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados.
João atendia a todos com boa vontade, porém seu humor muda de repente quando os fariseus e saduceus, se aproximaram dizendo que também queriam ser batizados. João enfurecido e com palavras duríssimas,  disse: “raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira que está para vir? Praticai ações que se conformem ao arrependimento que manifestais. Não penseis que basta dizer: «Abraão é nosso pai»…”
João avisa que não há salvação assegurada obrigatoriamente a quem tem o nome inscrito nos registros do Povo eleito: é preciso viver em contínua conversão e fazer as obras de Deus: “toda a árvore que não dá fruto, será cortada e lançada ao fogo”.

            João explica: aquele que vem depois de mim, irá batizá-los no Espírito Santo e no fogo. De fato, o batismo de Jesus vai muito além do batismo de João: Pois dá  a quem o recebe a vida de Deus, pelo Espírito Santo, e o torna “filho de Deus”, e ainda o ingressa na vida da Igreja. O batismo de Jesus significa um modo de vida completamente novo, uma relação de filiação com Deus e de fraternidade com Jesus e com todos os outros batizados.
          Prezados irmãos. Na verdade, a mensagem central do Evangelho de hoje é a  conversão. Sabemos muito bem que não é possível acolher  Jesus cujo aniversário se aproxima, se a nossa mente estiver cheia de rancores, ódios, competição desleal, fofoca, egoísmo, orgulho, de auto-suficiência, e de preocupação com os bens materiais…
            Para nos converter, precisamos mudar o nosso modo de pensar, de querer, de escolher, de nos relacionar com os nossos irmãos, etc. Precisamos deixar de lado tudo aquilo que nos tira o espaço de Deus em nossa mente, em nossa vida diária. Precisamos urgentemente organizar a nossa rotina diária de jeito que venha  sobrar um espaço para Jesus, um espaço para  a oração, para a leitura do Evangelho, para a prática da caridade...

            Se João Batista aparecesse por aqui hoje, ele iria criticar as nossas escolhas, as nossas prioridades e nos mostrar os verdadeiros valores fundamentais da existência humana. Ele não se apresentaria de terno e gravata, pois a sua prioridade não seria brilhar em algum evento da High Society, nem se apresentaria com um sorriso diante das câmeras, pois seu objetivo não seria aparecer na COLUNA SOCIAL, ele não viria de carro importado pois a sua prioridade não seria impressionar os líderes empresariais, nem teria a intenção de mostrar que é um homem de sucesso das altas rodas sociais; nem petiscaria pratos delicados com molhos esquisitos de nomes franceses, pois a sua prioridade não era a satisfação de apetites físicos ou do paladar, nem do bem-estar, nem de exibir riqueza aos seus admiradores, pois o seu objetivo primeiro não seria receber aplausos nem de aparecer na mídia. Muito menos de buscar impressionar a comunidade cristã ou religiosa, pois a sua preferência não seria o sucesso, as honras, nem o poder…

 

            O João Batista de hoje é o catequista de todo tipo. É  alguém para quem a tarefa mais importante é o anúncio do “Reino dos céus”, o anúncio do Evangelho com dedicação plena de preferência. O João dos dias de hoje, são todos nós também que procuramos anunciar os ensinamentos de Jesus não só com palavras mas com palavras e com atitudes, com todo despojamento, simplicidade, amor total e partilha. Pois esses são os valores que ele procura anunciar, os valores  que acompanham os catequistas por onde andam a semear a semente da palavra de Deus.

        O João Batista de hoje seria um cristão atuante, vestido como qualquer outro, que não se alimentaria de gafanhotos e mel, mas comeria o que todos comem no seu meio social, e que visitaria a periferia para mostrar lá os  valores do “Reino” em prioridade aos valores efêmeros e fúteis a que a sociedade prefere, e que são anunciados na catequese da mídia, principalmente das novelas e dos filmes. Esses valores geralmente produzem frutos de sangue! Frutos de morte, de choro e prisão, de desespero, em fim de muito sofrimento!
            Lá na periferia, ou nas favelas, encontramos nossos irmãos e irmãs que vieram de outras regiões para se aventurar em uma  vida melhor, e são aqueles que moram em casas inacabadas, ou seja, sem reboco. Nesse meio social podemos notar que os valores eternos, os valores do Evangelho estão longe das mentes das pessoas, cujas vidas de privações do necessário, acarreta um situação de promiscuidade existencial que elas não merecem! Pois são todos filhos de Deus e têm direito a uma vida digna!  
            E nesses ambientes sociais, os "Joãos Batistas" atuais não comparecem para semear a palavra de Deus! Isso é um fato muito lamentável! Por que onde falta a presença da palavra viva de Deus, o diabo se aproxima e sopra aos ouvidos dos maridos, das esposas, o vento da traição, o cochicho  da mal-querência, da desavença e do desamor.  E assim, ocorrem as separações, nas quais cada um dos cônjuges se ajunta a outras pessoas, que não respeitam os filhos da outra união, e desse modo vem a pedofilia, o estupro, as brigas, os crimes... 
            A causa mais comum dos mal-tratos e assassinatos  das mulheres atualmente, é o fato dos companheiros estragarem a sua saúde na bebida, e em outros tipos de embriagues,  e quando não se garantem mais diante da mulher como um homem, ficam com ciúmes doentio, dizendo a famosa frase: Se você não for minha, não será mais de ninguém!  Essa frase, que resulta da própria culpa pela mulher terminar a relação e procurar outro, tem gerado muitos crimes!
            Então vamos formar um grupo de "Joãos Batistas" para visitar aquelas periferias, e mostrar que a união entre o homem e a mulher precisa ser abençoada por Deus, na pessoa do sacerdote, senão termina mal. Para mostrar que viver sem Deus é algo muito arriscado!  Para mostrar que o essencial para se viver bem não é o que a mídia anuncia, os bens materiais, mas sim, a fraternidade, a compreensão, o perdão, a renúncia, a doação de si, em fim, o amor a  Deus e ao próximo.
Vai e faça o mesmo.

Bom domingo,  José Salviano.

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