terça-feira, 1 de outubro de 2013

Deus aumente a nossa Fé! - Diac. José da Cruz


27º DOMINGO DO TEMPO COMUM  06/10/2013
1ª Leitura Habacuc 1, 2-3.2-4
Salmo 94 (95), 7 “Quem dera hoje ouvir a sua voz”
2ª Leitura 2Timóteo 1, 6-8.13-14
Evangelho Lucas 17, 5-10
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Eis um evangelho onde, se o leitor não prestar muita atenção, irá pensar que são dois assuntos diferentes que Jesus está tratando. Os apóstolos lhe fazem um pedido que nós todos sempre fazemos: Para que Deus aumente a nossa Fé! Jesus acolhe o pedido mas vai lhes dizer que “Se a Fé que eles tinham  fosse tão pequenina como o de um grão de mostarda, conseguiriam até arrancar uma amoreira e fazê-la sozinha plantar-se ao mar”, ou seja, com um pouco se faz muito além do que se pode.
Arrancar qualquer árvore adulta, usando as próprias mãos, já requer um grande esforço, uma amoreira mais ainda, pois sua raiz é grande e muito entrelaçada, exatamente como suas ramagens se apresentam. Arrancá-la dando uma simples ordem verbal, sem por as mãos, e ainda fazê-la plantar-se ao mar, ora, a amoreira teria que afundar, atingir o solo do fundo do mar e penetrar na terra. Mesmo estando em um contexto longe da narrativa do evangelho, do Jesus Histórico e seus seguidores, a gente conclui que essa seria uma ação impossível humanamente falando.
Se a reflexão parasse por aqui a conclusão seria essa: Os apóstolos não tinham nenhuma Fé, pois se tivessem, poderiam fazer grandes proezas, como aquela que Jesus lhes propôs como exemplo. Se a Fé fosse isso, seria tão bom para todos nós. Faríamos grandes proezas e não passaríamos mais nenhuma necessidade. Essa é a Fé Mágica que muitos querem ter pois sempre diante de algo difícil de se conseguir, não falta quem diga “Você precisa ter mais Fé”
Mas a reflexão tem sequência quando Jesus lhes fala da relação entre servo e seu Senhor. Mudou o assunto? Não. Jesus agora irá aprofundar o ensinamento. Os apóstolos, embora seguidores de Jesus, ainda não tinham conseguido mudar a mentalidade sobre o Messias e no fundo pensavam como a Comunidade Judaica, principalmente os Fariseus e Doutores da Lei, para os quais, Deus estava á sua inteira disposição, desde que cumprissem toda Lei de Moisés, atendendo rigorosamente a todas as prescrições e determinações. Com uma conduta e procedimento de um Justo, Deus era obrigado a atendê-los concedendo todas as bênçãos e promessas feitas a Abraão e sua descendência, pois tornavam-se merecedores.
Entre nós, quando alguém recebe algum benefício, ou acontece algo de bom que vai lhe trazer vantagens, principalmente financeiras e materiais, os mais próximos o saúdam e o cumprimentam, dizendo “Olha, você merece!”. Essa mentalidade Farisaica perpassa o tempo e o espaço,  e ainda contamina nosso coração diante de Deus, pois, quando peco mereço o castigo, quando me confesso e procuro viver bem, na Graça de Deus, então sou merecedor das bênçãos e do Céu , que um dia Deus me dará, porque sou realmente muito bom, como Cristão.
Fé consistente, não é aquela que faz coisas prodigiosas, sem explicação, mas sim aquela que consegue transformar a nossa mentalidade religiosa, e consequentemente a nossa relação com Deus! Algo tão difícil como arrancar uma amoreira com raiz e tudo e fazê-la plantar ao mar...Os Dons maravilhosos que o Senhor nos concede, são todos imerecidos.Um coração contaminado pelo orgulho, vaidade e prepotência, nem sempre aceita o que é de graça, porque isso seria reconhecer a superioridade de quem nos concede, por isso os pobres e pequenos sempre foram os preferidos de Deus. De igual forma os que se julgam pecadores e estão afastados da comunidade, em geral estão sempre abertos para essa experiência impar com a gratuidade do grandioso Amor Divino , que na sua Graça nos transforma por inteiro, arrancando de nosso coração as raízes entrelaçadas de pensamentos egoístas, que nos impedem de nos abrir á Deus.


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