TERÇA FEIRA DA 24ª SEMANA DO TC 17/09/2013
1ª Leitura 1 Timóteo 3, 1-13
Salmo100(101) “Caminharei na
inocência de coração, no seio da minha família”
Evangelho Lucas 7, 11-17
“O SENHOR DA VIDA” -Diac. José
da Cruz
Jesus não ressuscitou muita gente naquele tempo, os evangelhos mencionam
apenas três: Lázaro de Betania, irmão de Marta e Maria, a filhinha de Jairo,
Chefe da Sinagoga, e o filho da viúva de Naim, que Lucas narra no evangelho
desse domingo.
Conclui-se, portanto, que não era propósito de Jesus libertar e salvar
os homens da morte biológica, pois se fosse assim, sua missão teria sido um
fracasso já que ressuscitou apenas esses três e nem José, seu pai adotivo, ele
teria conseguido livrar da morte. Há ainda outra questão importante a ser
considerada: que vantagem teria se ressuscitar fosse apenas retornar a esta
vida, com todas as suas limitações e aprendizado, suas angústias e tribulações?
Por acaso não iríamos morrer novamente, como o próprio Lázaro, a filha de Jairo
e o moço que Jesus ressuscita nesse evangelho? Não, não valeria a pena, com
toda certeza!
Essa vida nova que Cristo nos dá, através de sua paixão, morte e
ressurreição, é infinitamente melhor e superior a esta existência terrena, a
ponto do apóstolo Paulo afirmar em uma de suas cartas “os sofrimentos do tempo
presente nem se comparam àquilo que Deus irá nos revelar”, ou ainda “o que
vemos hoje é como se fosse em um espelho, mas depois nos veremos como de fato o
somos”.
A chave que decifra esse mistério da Vida e da morte está precisamente
em Cristo, nele o Pai não só se revela, mas revela também quem é o homem. A
graça de Deus que em Cristo recebemos nos faz criaturas novas onde o mistério é
iluminado pela luz da Fé.
Essa grande e feliz Verdade chegou até nós por causa do evangelho,
anunciado pelo próprio Cristo – filho de Deus feito homem, que ao trazer-nos a
Boa Nova permitiu-nos conhecer a Deus, descobrindo o sentido da nossa vida na
Vida de Cristo, onde todos os limites humanos foram superados, ao dar-nos
acesso a Deus, rompendo para sempre a barreira do pecado.
Sem este anúncio e esta graça, a nossa esperança por uma Vida Nova,
seria vã, não passaria de uma grande utopia, uma fantasia e ilusão que um belo
dia chegaria ao seu final, mas o homem que vive pela fé, a comunhão com Cristo,
sabe em seu coração que não caminha para o fracasso da morte e esta esperança
viva é que dá a esta vida terrena um sentido novo.
Portanto, nossa Vida está em Cristo porque nele nos movemos e somos, sem
ele, nossa caminhada terrena não passa de um cortejo fúnebre, onde somos como
um morto vivo, caminhando para a ruína da morte biológica, para ser devorado
pela terra.
A vida do homem que tomou a decisão de viver sem Deus, ignorando esta
Salvação e Libertação oferecida por Jesus, é muito triste, porque ele se ilude
com toda pompa que esta vida oferece, satisfazendo seus desejos egoístas,
colocando toda sua esperança nas coisas que passam, e no final, descobre que
foi enganado, quando percebe que caminha para a morte. Mas nunca é tarde para
reverter esse quadro doloroso, pois, para quem caminha assim, como se fosse um
corpo sem vida, irradiando tristeza e dor aos que o acompanham, o evangelho
desse domingo anuncia algo maravilhoso: no sentido contrário, vem chegando Cristo
Jesus, Senhor da Vida, aquele que movido de compaixão, como na entrada da
cidade de Naim, irá dizer a viúva e aos que a seguiam no enterro de seu filho:
não chores!
Hoje há tantas mães caminhando tristes, levando seus filhos para a
sepultura, há tanta gente caminhando cabisbaixa, sem uma perspectiva de vida e
sem esperança no coração. Não chores mais – diz o Senhor, que ao tocar no
esquife, que são as misérias do homem, dirá com firmeza “Moço, eu te ordeno,
levanta-te!”.
E diante de sua palavra libertadora e restauradora, o homem renasce e se
torna uma nova criatura, só Cristo é a nossa vida, só ele tem a palavra de
ordem, capaz de nos levantar de todos os nossos pecados que querem nos arrastar
inexoravelmente para a morte. Longe de Deus e da sua Salvação oferecida por
Jesus, iremos fatalmente morrer, mas com ele teremos a Vida Eterna, que
extrapola os nossos limites e nos reconduz ao paraíso da plenitude, resgatando
a nossa imagem e semelhança com que fomos criados por Deus.
É missão nossa como Igreja anunciar a toda criatura esta vida que vem de
Jesus, mas isso só será possível se como ele, tivermos no coração essa
compaixão, que nos leve a sofrer e chorar com quem sofre e chora, onde um
sorriso, um abraço, uma palavra de consolo ou um gesto de caridade, sempre
feito em nome de Jesus, terá a mesma força de sua palavra libertadora, capaz de
levantar quem se julga morto. O cristão, como qualquer ser humano, também
pranteia seus mortos, mas a diferença está naquilo que ele espera: a plenitude
da Vida, reservada aos que crêem que esta vida é uma peregrinação para a casa
do Pai, predestinados que fomos desde toda a eternidade.
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