QUINTA
FEIRA DA 24ª SEMANA DO TC 20/09/2013
1ª
Leitura 1 Timóteo 4, 12-16
Salmo
110(111),3 “Sua obra é toda ela majestade e magnificência. E eterna a sua
Justiça”
Evangelho
Lucas 7, 36-50
Na sociedade globalizante e consumista da qual fazemos parte, onde vale
tudo para ser feliz, seduzido pelas facilidades da vida moderna, na medida em
que o homem avança em ritmo acelerado na tecnologia e na ciência, experimenta
uma evolução rápida e espantosa. Porém, por outro lado todo esse sucesso da comunidade
científica aumenta no ser humano a prepotência e a auto suficiência, assumindo
o lugar de Deus, quando se apresenta como senhor de sua vida e de seus atos,
conhecedor do bem e do mal, e arrogando-se o direito de decidir sua própria
vida.
Temos visto, por exemplo, uma
determinada corrente ideológica que defende abertamente o aborto como
uma das conquistas da mulher moderna, que por isso têm todo direito de decidir
o que fazer com seu corpo, sem dar satisfação a ninguém, muito menos a Deus,
cuja lei é considerada retrógrada. Ideologias totalmente contrárias alei Divina
partem de Instituições governamentais.
E assim, nessa sociedade mais do que nunca antropocêntrica, o homem
arrogante vai dando o seu grito de independência, decretando a morte de Deus e
o fim do pecado, como se Deus atrapalhasse os planos de felicidade do Ser
humano.
Mas e os discípulos de Jesus, membros de tantas igrejas cristãs, como se
posicionam diante dessa sociedade que “liberou geral” em uma verdadeira
maratona do “vale tudo” na busca do prazer, sucesso e felicidade?
A voz profética de Natã na primeira leitura despertou no rei Davi a
consciência do seu delito, do seu procedimento totalmente contrário à palavra
de Deus, pois colocou Urias na frente de batalha para que este morresse e assim
ele pudesse possuir a sua esposa. Essa atitude penitente permitiu ao rei
experimentar a alegria do amor de Deus.
Precisamos admitir que estamos enfermos, para que possamos ser curados
pela misericórdia divina. O salmo 51 é um dos mais belos da sagrada escritura,
com seu caráter profundamente penitencial mostra-nos o rei Davi humilde e
penitente, que reconhece o seu pecado “Pequei contra o Senhor”.
Mas o pior enfermo é aquele que não admite a sua enfermidade, procurando
esconde-la com práticas religiosas e uma aparência piedosa diante dos irmãos. O
Fariseu Simão, que convidara Jesus para jantar em sua casa, não é má pessoa ao
contrário, sua conduta é irrepreensível já que cumpre todos os deveres para com
Deus e o próximo e como bom teólogo conhece a Palavra de Deus, suas promessas e
suas leis dadas a Moisés.
Já a mulher tem má fama, é conhecida como pecadora sendo moralmente
desqualificada, e por sua conduta está excluída da comunidade porque é
considerada impura, mas há algo em sua vida que a difere do fariseu piedoso:
conheceu Jesus e descobriu-se amada e querida por ele, apesar dos seus inúmeros
pecados . É a experiência desse amor que a leva a reconhecer-se pecadora,
sentindo no coração não um remorso doloroso, mas sim uma incontida alegria que
procurou manifestar na casa do fariseu, lavando e ungindo os pés daquele que a
fez descobrir o verdadeiro amor.
O fariseu mantinha com Deus uma relação sem dúvida piedosa, mas como se
sentia justificado pelas suas obras, dava-se o direito de julgar os que estavam
em pecado, excluindo-os de sua companhia, e sentindo-se merecedor do amor de
Deus e sua salvação.
Note-se que Jesus não condena a conduta e o modo de viver do fariseu, e
nem tão pouco aprova a vida pecaminosa da mulher, apenas realça o modo como
ambos se relacionam com Deus. Certamente essa experiência com o Mestre Jesus
mudou para sempre a vida daquela mulher, mostrando-nos que a iniciativa é
sempre de Deus e que somente quando descobrimos o seu amor em nossa vida, é que
percebemos o quanto somos pecadores por não correspondermos a esse amor.
Simão admirava Jesus, mas não via nele nada de especial, porque a lei,
tradição, o rito e suas boas obras não o deixavam sentir o quanto Deus o amava,
manifestando este amor em Jesus. A religião do perfeccionismo e do moralismo é
sempre muito triste porque nela, o homem mantém com Deus não uma relação de
filho, amado e querido, mas apenas de um empregado, que cumpre seu dever junto
ao patrão, merecendo deste o justo salário.
A verdadeira autêntica e única religião, têm como base um amor que não
se prende a qualquer lei moral ou norma de conduta, mas sim ao encanto e
fascínio por Cristo Jesus, cujo olhar, gesto e palavras tem o poder de tocar
nosso coração, fazendo-nos renascer e recuperar nossa dignidade de filhos de
Deus, despertando esse desejo incontido de estar a seus pés, como essa mulher,
naquela noite imemorável na casa de Simão. Que o formalismo religioso não mate
em nós a alegria desse amor grandioso!
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