segunda-feira, 1 de julho de 2013

“Os Feridos á beira do caminho”- Diácono José da Cruz

15º  DOMINGO DO TEMPO COMUM 14/07/2013
1ª Leitura Dt 30, 10-14
Salmo 68(69),33 “Vós, humildes, olhai e alegrai-vos; vós que buscais a Deus, reanime-se o vosso coração”
2ª Leitura Colossenses 1, 15-20
Evangelho Lucas 10, 25-37

                                           
Nas nossas comunidades cristãs há um caminho igual a esse que descia de Jerusalém a Jericó, bastante movimentado e por onde passam pessoas importantes como o Sacerdote e o Levita, são nossos Ministros Ordenados, os Ministros leigos, os coordenadores, leitores, salmistas, líderes de pastorais, catequese e movimentos.Todos sempre muito ocupados com seus afazeres. Quase não se tem tempo de olhar para os lados, muitos há que olham para o seu “Ego”, inchados de orgulho, sempre vaidosos com aquilo que fazem na comunidade, e que chama atenção sobre si.
Nem sempre prestamos atenção á beira do caminho onde estão os que, por alguma razão não podem caminhar, os feridos e machucados por neuroses, dores morais ou físicas, gente simples, ferida por certos acontecimentos que fogem ao nosso controle. Pessoas que são da comunidade mas estão á margem. Casais recasados, mães solteiras, pessoas com má fama no campo da moral cristã. Irmãos e irmãs com quem ninguém quer perder tempo, estão ali mas não significam nada para os que se julgam importantes.
Além do que, temos a maldita concorrência para ver quem faz melhor, quem se destaca nos eventos da comunidade, nas grandes celebrações. O veneno da concorrência desleal, que infecta o comércio e o mercado de trabalho, invade nossas comunidades cristãs trazendo as disputas de grupos, a eterna briga entre Pastorais e Movimentos que parece nunca chegar ao fim. Nas pequenas ou grandes comunidades os “Egos” de pessoas do Clero e do Laicato, se incham, e sempre brigam pelos primeiros lugares. Mas quem vai cuidar dos feridos á beira do caminho?
O Doutor da Lei olhava para a Vida Eterna na ótica do Direito. Deveria haver algo que ele pudesse fazer para ter o Direito de Possuir a Vida Eterna. “Esse cargo é meu, me pertence, é coisa muito minha, tenho direito e ninguém pode me tirar” Confundem-se o Céu da Plenitude com os valores terrenos, cargos, funções, títulos e honrarias que o mundo pode nos dar. Jesus direciona a questão para a Palavra de Deus manifestada na Lei onde o ato de Amar a Deus e aos irmãos, exclui a palavra Direito colocando em seu lugar a Doação total de si mesmo, “ amarás de todo teu coração, de toda tua alma e de Todo teu entendimento” isso é, de tudo o que somos e temos, deve ser dado a Deus e ao próximo em sua totalidade sem deter nada para si mesmo, ou seja, o Amor não é posse, mas doação, feita em uma total liberdade, independente de quem seja o outro, se ele mereça ou não o nosso amor. E diante disso, o Doutor da Lei perguntou a Jesus “E quem é o meu próximo?” Na parábola do Bom Samaritano, o homem caído á beira do caminho não tinha nada a oferecer, ao contrário, era um grande problema que iria exigir tempo, atenção e algumas providências. O Sacerdote e o Levita não tinham tempo...estavam muito ocupados com coisas super importantes a fazer no templo. Também os “Profissionais” das nossas pastorais e movimentos estão sempre ocupados e não tem tempo para parar e ver de perto os ferimentos dos irmãos e irmãs caídos á beira do caminho da comunidade.
O Samaritano estava de passagem, talvez aquela pessoa que participa das celebrações mas não está engajada em nenhuma pastoral ou trabalho da comunidade, alguém que até é mal visto porque nada faz. Mas tem um coração generoso, repleto do Amor de Deus, capaz de encher-se de compaixão por aqueles que estão á margem do caminho.
Ele não pensa em encaminhar o Ferido a alguma pastoral de assistência, e nem pensa em fazer apenas a sua parte, perguntando ao homem o que lhe aconteceu, e verificando se os ferimentos são muito sérios, para buscar alguma assistência. Isso não é Cristianismo!
Cristianismo é compromisso total com os Feridos da Comunidade, é estar com eles o tempo todo, é cuidar de suas feridas, é providenciar para que sejam acolhidos e muito bem hospedados na comunidade ou na pastoral. Enfim, é ir além do procedimento habitual, é dar –se de si, tudo o que tem.

Podemos aqui, pensar nos marginalizados e excluídos da sociedade, mas penso que primeiramente devemos cuidar, sempre movidos pela compaixão, dos feridos e marginalizados da nossa Igreja, começando pela nossa comunidade. 

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