quarta-feira, 31 de julho de 2013

OS DISCURSOS DO PAPA FRANCISCO NO BRASIL- Professor Fernando




SEM VIDROS BLINDADOS Discursos (seleção de trechos) de Francisco
Um resumo, de voo a voo (entrevistas no avião 22/28 julho2013)
(por FernandoSM, 29.7.13 fesomor2@gmail.com)

OBS 1 ) O extrato mostra um ponto central nos questionamentos e nas propostas e atitudes que aponta para o cerne do cristianismo, enquanto voltado à humanização do mundo (cf, Irineu (130-202d.C.): Gloria enim Dei vivens homo (Adv.haereses, IV,20,7 – citado por João Paulo II em Dominum et Vivificantem,59 – 1986 e em Evangelium Vitae,34 – 1995 e por Bento XVI (Discurso: 8.5.2011).
OBS 2 ) Extraido da Página do Vaticano: http://www.vatican.va/ (onde há vídeos tb.)
OBS 3 ) a separação em parágrafos (<> <>) e grifos são nossos.
OBS 4 ) ao final destes resumos, os pontos principais das 3 homilias nas missas.

ENCONTRO COM OS JORNALISTAS (no avião, 2ª.feira, 22 de julho de 2013
<> laços <>Os jovens têm uma pertença: pertença a uma família, a uma pátria, a uma cultura, a uma fé… Eles têm uma pertença, e não devemos isolá-los! Sobretudo não devemos isolá-los inteiramente da sociedade! (...) eles são o futuro (...).
<> 2 grupos <> também, no outro extremo da vida, os idosos são o futuro de um povo. Um povo tem futuro se vai em frente com ambos os pontos: com os jovens, com a força, porque o levam para diante; e com os idosos, porque são eles que oferecem a sabedoria da vida. E muitas vezes penso que fazemos uma injustiça aos idosos, pondo-os de lado como se eles não tivessem nada para nos dar; eles têm a sabedoria, a sabedoria da vida, a sabedoria da história, a sabedoria da pátria, a sabedoria da família. E nós precisamos disto! Por isso, digo que vou encontrar os jovens, mas no seu tecido social, principalmente com os idosos.
<> desemprego <>É verdade que a crise mundial não gera coisas boas para os jovens. Li, na semana passada, a percentagem dos jovens desempregados; (...), e é o trabalho que confere à pessoa a dignidade de ganhar o seu pão. Os jovens, neste momento, sofrem a crise. Aos poucos fomo-nos acostumando a esta cultura do descarte: com os idosos, sucede demasiadas vezes; mas agora acontece também com inúmeros jovens sem trabalho. Também a eles chega a cultura do descarte. Temos de acabar com esse hábito de descartar. Ao contrário, cultura da inclusão, cultura do encontro.

CERIMÔNIA DE BOAS-VINDAS, Palácio da Guanabara 2ª.feira, 22 de Julho de 2013
<> coração <>Aprendi que para ter acesso ao Povo Brasileiro, é preciso ingressar pelo portal do seu imenso coração; por isso permitam-me que nesta hora eu possa bater delicadamente a esta porta.
<> a quem quero falar <>Ao iniciar esta minha visita ao Brasil, tenho consciência de que, ao dirigir-me aos jovens, falarei às suas famílias, às suas comunidades eclesiais e nacionais de origem, às sociedades nas quais estão inseridos, aos homens e às mulheres dos quais, em grande medida, depende o futuro destas novas gerações.
<> atitudes <>A nossa geração se demonstrará à altura da promessa contida em cada jovem quando souber abrir-lhe espaço. Isso significa: tutelar as condições materiais e imateriais para o seu pleno desenvolvimento; oferecer a ele fundamentos sólidos, sobre os quais construir a vida; garantir-lhe segurança e educação. (...) assegurar-lhe um horizonte transcendente que responda à sede de felicidade autêntica, (...) entregar-lhe a herança de um mundo que corresponda à medida da vida humana; despertar nele as melhores potencialidades para que seja sujeito do próprio amanhã e corresponsável do destino de todos.

PALAVRAS IMPROVISADAS depois da Missa em Aparecida, 24julho2013
<> desculpem <>Irmãos e Irmãs, eu não falo brasileiro, vou falar em espanhol (...)
com todo o meu coração, peço à Virgem Nossa Senhora Aparecida que lhes abençoe, abençoe suas famílias, ... seus filhos, ... seus pais, abençoe a Pátria inteira. Quero pedir-lhes um favor, um jeitinho… Rezem por mim; rezem por mim, preciso!

VISITA AO HOSPITAL S.FRANCISCO DE ASSIS (Dependentes químicos)24.7.13
< > Francisco de Assis <> depois do Santuário de Nossa Senhora Aparecida, (...)um particular santuário do sofrimento humano, que é o Hospital São Francisco de Assis. É bem conhecida a conversão do (...) jovem Francisco (...) talvez seja menos conhecido o momento em que tudo isto se tornou concreto na sua vida: foi quando abraçou um leproso. Aquele irmão sofredor foi «mediador de luz (…) para São Francisco de Assis» (Carta Enc. Lumen fidei, 57), porque, em cada irmão e irmã em dificuldade, nós abraçamos a carne sofredora de Cristo
<> atitudes <>Abraçar, abraçar. Precisamos todos de aprender a abraçar quem passa necessidade (...) Não é deixando livre o uso das drogas, como se discute em várias partes da América Latina, que se conseguirá reduzir a difusão e a influência da dependência química. É necessário enfrentar os problemas que estão na raiz do uso das drogas, promovendo uma maior justiça, educando os jovens para os valores que constroem a vida comum, acompanhando quem está em dificuldade e dando esperança no futuro.
<> Bom samaritano <> Quantas vezes nós dizemos: não é um problema meu! Quantas vezes olhamos para o outro lado e fingimos que não vemos. Somente um samaritano, um desconhecido, olha, para, levanta-o, estende-lhe a mão e cuida dele (cf. Lc 10, 29-35). Queridos amigos, penso que aqui, neste Hospital, se concretiza a parábola do Bom Samaritano.

VISITA A VARGINHA (EM MANGUINHOS) 25 de julho de 2013
<> representam todos os bairros <> meu desejo era poder visitar todos os bairros deste País. Queria bater em cada porta, dizer “bom dia”, pedir um copo de água fresca, beber um "cafezinho" - não um copo de cachaça! - falar como a amigos de casa, ouvir o coração de cada um, dos pais, dos filhos, dos avós... Mas o Brasil é tão grande! Não é possível bater em todas as portas! Então escolhi vir aqui, visitar a Comunidade de vocês; esta comunidade, que hoje representa todos os bairros do Brasil
<> compartilhar (mais água no feijão)<> me sinto acolhido. E é importante saber acolher; é algo mais bonito que qualquer enfeite ou decoração. (...) não ficamos mais pobres, mas enriquecemos. Sei bem que quando alguém que precisa comer bate na sua porta, vocês sempre dão um jeito de compartilhar a comida: como diz o ditado, sempre se pode “colocar mais água no feijão”!
<> exemplo e apelo <> E o povo brasileiro, sobretudo as pessoas mais simples, pode dar para o mundo uma grande lição de solidariedade (...) uma palavra frequentemente esquecida ou silenciada, porque é incômoda. Quase parece um palavrão… solidariedade! Queria lançar um apelo a todos os que possuem mais recursos, às autoridades públicas e a todas as pessoas de boa vontade comprometidas com a justiça social: Não se cansem de trabalhar por um mundo mais justo e mais solidário! (...) Cada um, na medida das próprias possibilidades e responsabilidades, saiba dar a sua contribuição
<> “pacificação” e descartáveis Nenhum esforço de “pacificação” será duradouro, não haverá harmonia e felicidade para uma sociedade que ignora, que deixa à margem, que abandona na periferia parte de si mesma. (...) Não deixemos, não deixemos entrar no nosso coração a cultura do descartável! (...) porque nós somos irmãos. Ninguém é descartável!
<> pão, dignidade e outros valores básicos <> Queridos amigos, certamente é necessário dar o pão a quem tem fome; é um ato de justiça. Mas existe também uma fome mais profunda, a fome de uma felicidade que só Deus pode saciar. Fome de dignidade. (...)  os pilares fundamentais que sustentam uma nação, os seus bens imateriais: a vida, que é dom de Deus, um valor que deve ser sempre tutelado e promovido; a família, fundamento da convivência e remédio contra a desagregação social; a educação integral, que não se reduz a uma simples transmissão de informações com o fim de gerar lucro; a saúde, que deve buscar o bem-estar integral da pessoa, incluindo a dimensão espiritual, que é essencial para o equilíbrio humano e uma convivência saudável; a segurança, na convicção de que a violência só pode ser vencida a partir da mudança do coração humano.
<> jovens <> Vocês, queridos jovens, possuem uma sensibilidade especial frente às injustiças, mas muitas vezes se desiludem com notícias que falam de corrupção, com pessoas que, em vez de buscar o bem comum, procuram o seu próprio benefício. (...) nunca desanimem, não percam a confiança, não deixem que se apague a esperança. A realidade pode mudar, o homem pode mudar. Procurem ser vocês os primeiros a praticar o bem, a não se acostumarem ao mal, mas a vencê-lo com o bem.

ENCONTRO COM JOVENS ARGENTINOS  25 de julho de 2013
<> que haja lio –que façam  barulho <> Desejo dizer-lhes qual é a conseqüência que eu espero da Jornada da Juventude:  [Espero lío. Que acá adentro va a haber lío, va a haber. Que acá en Río va a haber lío, va a haber ]eu espero da Jornada da Juventude: espero que façam barulho.
<> sair, romper círculos fechados para as ruas!) <> quero que saiam, quero que a Igreja saia pelas ruas [a la calle!], quero que nos defendamos de tudo o que é mundanismo, imobilismo, nos defendamos do que é comodidade, do que é clericalismo, de tudo aquilo que é viver fechados em nós mesmos. As paróquias, as escolas, as instituições são feitas para sair; se não o fizerem, tornam-se uma ONG e a Igreja não pode ser uma ONG.
<> culto ao dinheiro e exclusão dos velhos e dos jovens <> a civilização mundial ultrapassou os limites, ultrapassou os limites porque criou um tal culto do deus dinheiro, que estamos na presença de uma filosofia e uma prática de exclusão dos dois pólos da vida que constituem as promessas dos povos. A exclusão dos idosos, (...) uma espécie de eutanásia, isto é, não se cuida dos idosos; mas há também uma eutanásia cultural, porque não se lhes deixa falar, não se lhes deixa agir. E a exclusão dos jovens: a percentagem que temos de jovens sem trabalho, sem emprego, é muito alta (...) Assim, esta civilização nos levou a excluir os dois vértices que são o nosso futuro.
<> aos velhos e jovens: não descartar <> peço aos idosos: não esmoreçam na missão de ser a reserva cultura do nosso povo; reserva que transmite a justiça, que transmite a história, que transmite os valores, que transmite a memória do povo. E vocês, por favor, não se ponham contra os idosos: deixem-nos falar, ouçam-nos e sigam em frente. Mas saibam, saibam que neste momento vocês, jovens, e os idosos estão condenados ao mesmo destino: a exclusão. Não se deixem descartar.
<> escândalo da cruz, não fazer suco da fé <> É um escândalo que Deus tenha vindo fazer-se um de nós (...) A Cruz continua a escandalizar; mas é o único caminho seguro (...) Por favor, não “espremam” a fé em Jesus Cristo. Há suco de laranja, de maçã, [shake] de banana... mas, por favor, não bebam “espremedura” de fé. A fé é integral, não se espreme. É a fé em Jesus. É a fé no Filho de Deus
<> resumo: velho e jovens e cerne do evangelho <> Resumindo: primeiro, façam-se ouvir, cuidem dos extremos da população que são os idosos e os jovens. Não se deixem excluir e não deixem que se excluam os idosos. Segundo, não “espremam” a fé em Jesus Cristo. (...) Você leia as Bem-aventuranças, que lhe farão bem. Se, depois, você quer saber concretamente o que deve fazer leia o capítulo 25 de Mateus, que é o regulamento segundo o qual vamos ser julgados. Com essas duas coisas, vocês têm o Plano de Ação: as Bem-aventuranças e Mateus 25. Você não precisam ler mais.
<> também às vezes me sinto enjaulado <> Tenho pena que vocês estejam aí enjaulados; eu lhes digo uma coisa: às vezes também eu sinto isso; e não é uma boa coisa estar enjaulado. Isso lhes confesso de coração, mas paciência! Eu entendo vocês. Também eu gostaria de estar mais perto de vocês, mas entendo que, por razões de segurança, não se pode.

VIA SACRA 26 de julho de 2013
<> tocar a cruz de Cristo <>Nesta tarde, acompanhando o Senhor, queria que ressoassem três perguntas nos seus corações: O que vocês terão deixado na Cruz, queridos jovens brasileiros, nestes dois anos em que ela atravessou seu imenso País? E o que terá deixado a Cruz de Jesus em cada um de vocês? E, finalmente, o que esta Cruz ensina para a nossa vida?

ENCONTRO COM DIRIGENTES E SOCIEDADE CIVIL 27 de julho de 2013
<> ver a verdade: 3 pontos <>Todos aqueles que possuem um papel de responsabilidade, em uma Nação, são chamados a enfrentar o futuro "com os olhos calmos de quem sabe ver a verdade", como dizia o pensador brasileiro Alceu Amoroso Lima [“Nosso tempo”, in: A vida sobrenatural e o mundo moderno (Rio de Janeiro 1956), 106]. Queria compartilhar com os senhores e senhoras três aspectos deste olhar calmo, sereno e sábio.
<> 1-(...) originalidade dinâmica que caracteriza a cultura brasileira, com a sua extraordinária capacidade para integrar elementos diversos. (...) O cristianismo une transcendência e encarnação; tem a capacidade de revitalizar sempre o pensamento e a vida, frente à ameaça da frustração e do desencanto
<> 2-responsabilidade social. Esta exige um certo tipo de paradigma cultural e, consequentemente, de política. (...) o futuro exige hoje o trabalho de reabilitar a política; (...) Aqui faço apelo à dinâmica da esperança, que nos impele a ir sempre mais longe, a empregar todas as energias e capacidades a favor das pessoas para quem se trabalha, aceitando os resultados e criando condições para descobrir novos caminhos
<> 3- cultura do encontro <> humanismo integral (...) responsabilidade solidária [ e ] considero fundamental para enfrentar o presente: o diálogo construtivo. Entre a indiferença egoísta e o protesto violento, há uma opção sempre possível: o diálogo. O diálogo entre as gerações, o diálogo no povo (...) só assim pode crescer o bom entendimento entre as culturas e as religiões, a estima de umas pelas outras livre de suposições gratuitas e num clima de respeito pelos direitos de cada uma. Hoje, ou se aposta no diálogo, na cultura do encontro, ou todos perdemos. Todos perdemos…

ENCONTRO COM OS BISPOS BRASILEIROS 27 de julho de 2013

[ PARÁBOLA: A IMAGEM, FRATURADA E RECOMPOSTA ]
<> rezei <> em particular pelos jovens e os idosos, já que ambos constituem a esperança de um povo: os jovens, porque eles carregam a força, o sonho, a esperança do futuro, e os idosos, porque são a memória, a sabedoria de um povo.
<> chave de leitura, parábola1: a imagem de Aparecida <> Primeiro o corpo, depois a cabeça, em seguida a unificação de corpo e cabeça: a unidade. Aquilo que estava quebrado retoma a unidade. O Brasil colonial estava dividido pelo muro vergonhoso da escravatura. Nossa Senhora Aparecida se apresenta com a face negra, primeiro dividida, mas depois unida, nas mãos dos pescadores.
<> comparação <> Há aqui um ensinamento que Deus quer nos oferecer. Sua beleza refletida na Mãe, concebida sem pecado original, emerge da obscuridade do rio. Em Aparecida, logo de início, Deus dá uma mensagem de recomposição do fraturado, de compactação do que está dividido. Muros, abismos, distâncias ainda hoje existentes estão destinados a desaparecer. A Igreja não pode descurar esta lição: ser instrumento de reconciliação.
<> aprender com os pobres <> os pescadores trazem para casa o mistério. O povo simples tem sempre espaço para albergar o mistério. Talvez nós tenhamos reduzido a nossa exposição do mistério a uma explicação racional; no povo, pelo contrário, o mistério entra pelo coração. Na casa dos pobres, Deus encontra sempre lugar.
<> pobres mas com Deus <> A Igreja tem sempre a necessidade urgente de não desaprender a lição de Aparecida; não a pode esquecer. As redes da Igreja são frágeis, talvez remendadas; a barca da Igreja não tem a força dos grandes transatlânticos que cruzam os oceanos. E, contudo, Deus quer se manifestar justamente através dos nossos meios, meios pobres, porque é sempre Ele agindo.
<> aprender com Deus <> Queridos irmãos, o resultado do trabalho pastoral não assenta na riqueza dos recursos, mas na criatividade do amor. Fazem falta certamente a tenacidade, a fadiga, o trabalho, o planejamento, a organização, mas, antes de tudo, você deve saber que a força da Igreja não reside nela própria, mas se esconde nas águas profundas de Deus, nas quais ela é chamada a lançar as redes.

[ ROMA E APARECIDA CAMINHAM JUNTAS ]
<> o apoio dos bispos de Roma nessa “mudança de época”<> Os Bispos de Roma nunca lhes deixaram sós; seguiram de perto, encorajaram, acompanharam.(...)
Hoje estamos em um novo momento. Segundo a feliz expressão do Documento de Aparecida, não é uma época de mudança, mas uma mudança de época. Sendo assim, hoje é cada vez mais urgente nos perguntarmos: O que Deus pede a nós? A esta pergunta, queria tentar oferecer alguma linha de resposta.

[ AQUECENDO OS CORAÇÕES ]
<> chave de leitura, parábola 2: Emaús <> a esta luz (...) Emaús (cf. Lc 24, 13-15). Os dois discípulos escapam de Jerusalém. Eles se afastam da «nudez» de Deus. Estão escandalizados com o falimento do Messias, em quem haviam esperado e que agora aparece irremediavelmente derrotado, humilhado, mesmo após o terceiro dia (cf. vv. 17-21). O mistério difícil das pessoas que abandonam a Igreja; (...) seguem pelo caminho sozinhos, com a sua desilusão. Talvez a Igreja lhes apareça demasiado frágil, (...)  demasiado pobre (...) talvez demasiado fria (...) demasiado autorreferencial, talvez prisioneira da própria linguagem rígida, talvez (...) uma relíquia do passado, (...) talvez a Igreja tenha respostas para a infância do homem, mas não para idade adulta.
<> com o calor do coração <> Ainda poucas pessoas são capazes de ouvir a dor: é preciso pelo menos anestesiá-la. (...) precisamos de uma Igreja capaz de fazer companhia, de ir para além da simples escuta; (...) que acompanha o caminho pondo-se em viagem com as pessoas; uma Igreja capaz de decifrar a noite contida na fuga de tantos irmãos e irmãs de Jerusalém; uma Igreja que se dê conta de como as razões  pelas quais há pessoas que se afastam, contém já em si mesmas também as razões para um possível retorno, mas é necessário saber ler a totalidade com coragem. Jesus deu calor ao coração dos discípulos de Emaús.
<> comparação <> muitos se foram, porque lhes foi prometido algo de mais alto,(...) mais forte, (...) mais rápido.Mas haverá algo de mais alto que o amor revelado em Jerusalém? Nada é mais alto do que o abaixamento da Cruz (...) Porventura se conhece algo de mais forte que a força escondida na fragilidade do amor, do bem, da verdade, da beleza? A busca do que é cada vez mais rápido atrai o homem de hoje: internet rápida, carros velozes, aviões rápidos, relatórios rápidos... E, todavia, se sente uma necessidade desesperada de calma, quero dizer, de lentidão. A Igreja sabe ainda ser lenta: no tempo para ouvir, na paciência para costurar novamente e reconstruir? Ou a própria Igreja já se deixa arrastar pelo frenesi da eficiência?

[ DESAFIOS PARA A IGREJA NO BRASIL ]
<> desafio 1: formação, preparação adequada <> Queridos irmãos, senão formarmos ministros capazes de aquecer o coração das pessoas, de caminhar na noite com elas, de dialogarem com as suas ilusões e desilusões, de recompor as suas desintegrações, (...) Aprendamos a olhar mais profundamente: falta quem lhes aqueça o coração, como sucedeu com os discípulos de Emaús (cf. Lc 24,32).
<> desafio 2: colegialidade, solidariedade <> não basta um líder nacional; precisa de uma rede de «testemunhos» regionais, que, falando a mesma linguagem, assegurem (...) não a unanimidade, mas (...) unidade na riqueza da diversidade.
<> desafio 3; em estado de missão e de conversão <> Aparecida falou de estado permanente de missão e da necessidade de uma conversão pastoral.

[ MISERICÓRDIA E MATERNIDADE ]
<> herança com entranhas de misericórdia <> é decisivo lembrar que uma herança sucede como na passagem do testemunho, do bastão, na corrida de estafeta: não se joga ao ar e quem consegue apanhá-lo tem sorte, e quem não consegue fica sem nada. Para transmitir a herança é preciso entregá-la pessoalmente, tocar a pessoa para quem você quer doar, transmitir essa herança.
<> conversão: redescobrir a maternidade <> Quanto à conversão pastoral, quero lembrar que «pastoral» nada mais é que o exercício da maternidade da Igreja. Ela gera, amamenta, faz crescer, corrige, alimenta, conduz pela mão... Por isso, faz falta uma Igreja capaz de redescobrir as entranhas maternas da misericórdia (...) inserir-nos num mundo de «feridos», que têm necessidade de compreensão, de perdão, de amor.
<> para a missão: família, jovens, mulheres, homens <> Na missão, mesmo continental, é muito importante reforçar a família, (...) os jovens, (...) as mulheres, (...). Não reduzamos o empenho das mulheres na Igreja; antes, pelo contrário, promovamos o seu papel ativo na comunidade eclesial.(...) a vocação e a missão do homem na família, na Igreja e na sociedade, como pais, trabalhadores e cidadãos.
<> função na sociedade frente às urgências do país <> Educação, saúde, paz social são as urgências no Brasil. A Igreja tem uma palavra a dizer sobre estes temas, (...) porque, (...) não são suficientes soluções meramente técnicas, mas é preciso ter uma visão subjacente do homem, da sua liberdade, do seu valor, da sua abertura ao transcendente.
<> Amazônia, teste decisivo <> Queria convidar todos a refletirem sobre o que Aparecida disse a propósito da Amazônia [nn.83-87] incluindo o forte apelo ao respeito e à salvaguarda de toda a criação que Deus confiou ao homem.

VISITA À RÁDIO DA ARQUIDIOCESE DO RIO, Sab,27julho2013
<> pela cultura mais humanista <> peço que rezem por mim, que rezem por esta rádio, que rezem pelo bispo, que rezem pela arquidiocese, que todos possamos nos unir na oração e que todos trabalhemos por uma cultura mais humanista, mais repleta de valores e que não deixemos ninguém de fora.
<> pela solidariedade <> Que todos trabalhemos por esta palavra que hoje em dia não é bem aceita: solidariedade. É uma palavra que procuram deixar de lado, sempre, porquê incômoda. Todavia, (...) reflete os valores humanos e cristãos que hoje nos pedem para ir contra; da cultura do descartável, (...) que sempre deixa as pessoas de fora: (...) crianças, (...) os jovens, (...) os idosos, deixa a fora aos que não servem, aos que não produzem, (...) a solidariedade, coloca todos dentro.

VIGÍLIA DE ORAÇÃO COM OS JOVENS Sab. 27 de julho de 2013
<> mudança do Campo da Fé <> Penso que podemos aprender algo daquilo que sucedeu nestes dias: (...)tivemos de suspender a realização desta Vigília no “Campus Fidei”, em Guaratiba. Não quererá porventura o Senhor dizer-nos que o verdadeiro (...) Campo da Fé não é um lugar geográfico, mas somos nós mesmos?
<> 1. Campo onde se semeia <> Todos conhecemos a parábola de Jesus sobre um semeador que saiu pelo campo lançando sementes; algumas caem à beira do caminho, em meio às pedras, no meio de espinhos e não conseguem se desenvolver; mas outras caem em terra boa e dão muito fruto (cf. Mt 13,1-9). Jesus mesmo explica (...) Que tipo de terreno somos, que tipo de terreno queremos ser? (...) escutamos o Senhor, mas na nossa vida não muda (...) por tantos apelos superficiais (...) Ou somos como o terreno pedregoso: acolhemos (...) mas somos inconstantes;  diante das dificuldades, não temos a coragem de ir contra a corrente.(...) Ou somos como o terreno com os espinhos: as coisas, as paixões negativas sufocam em nós as palavras do Senhor (...) Hoje, porém, eu tenho a certeza que a semente pode cair em terra boa. Nos testemunhos, ouvimos como a semente caiu em terra boa. (...) Eu sei que vocês querem ser terreno bom, cristãos de verdade; e não cristãos pela metade, (...) Sei que vocês não querem viver na ilusão de uma liberdade inconsistente que se deixa arrastar pelas modas e as conveniências do momento. (...) Bem; se é assim, façamos uma coisa: todos, em silêncio, fixemos o olhar no coração e cada um diga a Jesus que quer receber a semente. Digam a Jesus: Vê, Jesus, as pedras que tem, vê os espinhos, vê as ervas daninhas, mas vê este pedacinho de terra que te ofereço para que entre a semente.
<> 2. Campo para treinar <> Jesus nos pede que (...) “joguemos no seu time”. (...) o que faz um jogador quando é convocado para jogar em um time? Deve treinar, e muito! (...) treinemos para estar “em forma”, para enfrentar, sem medo, todas as situações da vida, testemunhando a nossa fé. Através do diálogo com Ele: a oração. (...) Eu falo com Jesus ou tenho medo do silêncio? Deixo que o Espírito Santo fale no meu coração? Eu pergunto a Jesus: Que queres que eu faça, que queres da minha vida? Isto é treinar-se.(...) E se cometerem um erro na vida, (...) não tenham medo. Jesus, vê o que eu fiz! (...) Mas falem sempre com Jesus, (...) quando fazem uma coisa boa e quando fazem uma coisa má.
<> 3. Canteiro de obras <>  Aqui mesmo vimos (...) os jovens e as jovens deram o melhor de si e construíram a Igreja. (...) juntos, fizeram um caminho e construíram a Igreja; juntos, realizaram o que fez São Francisco: construir, reparar a Igreja.
<> os jovens estão nas ruas <> Acompanho as notícias do mundo e vejo que muitos jovens, em tantas partes do mundo, saíram pelas ruas para expressar o desejo de uma civilização mais justa e fraterna. (...) Por favor, não deixem para outros o ser protagonistas da mudança! (...) eu peço para serem protagonistas desta mudança. Continuem a vencer a apatia, dando uma resposta cristã às inquietações sociais e políticas que estão surgindo em várias partes do mundo.
<> por onde começar, no exemplo de Maria <>. Hoje eu roubo a palavra a Madre Teresa e digo também a você: Começamos? Por onde? Por ti e por mim! (...) Elevemos o olhar para Nossa Senhora. Ela nos ajuda a seguir Jesus, nos dá o exemplo com o seu “sim” a Deus: «Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua Palavra» (Lc 1,38).

ENCONTRO COM OS VOLUNTÁRIOS DA JMJ28 Domingo, 28 de julho de 2013
<> chamados a um projeto de vida <>. Deus chama para escolhas definitivas, Ele tem um projeto para cada um (...) A todos Deus nos chama à santidade, a viver a sua vida, mas tem um caminho para cada um. Alguns são chamados a se santificar constituindo uma família através do sacramento do Matrimônio. Há quem diga que hoje o casamento está “fora de moda”. (...) Na cultura do provisório, do relativo, muitos pregam que (...) não vale a pena comprometer-se por toda a vida, fazer escolhas definitivas, “para sempre”, (...) eu peço que vocês sejam revolucionários, eu peço que vocês vão contra a corrente; sim, nisto peço que se rebelem: que se rebelem contra esta cultura do provisório que, no fundo, crê que vocês não são capazes de assumir responsabilidades,
<> alguns chamados ao sacerdócio ou à vida religiosa <>.O Senhor chama alguns ao sacerdócio, (...) A outros, chama para servir os demais na vida religiosa: nos mosteiros, dedicando-se à oração pelo bem do mundo, nos vários setores do apostolado, gastando-se por todos, especialmente os mais necessitados.
<> ver, na oração <>. Queridos jovens, talvez algum de vocês ainda não veja claramente o que fazer da sua vida. Peça isso ao Senhor; Ele lhe fará entender o caminho.(...) Não se esqueçam de nada do que vocês viveram aqui! Podem contar sempre com minhas orações, e sei que posso contar com as orações de vocês. Uma última coisa: rezem por mim.

<> saudades <>. já começo a sentir saudades. (...) do Brasil, este povo tão grande e de grande coração; este povo tão amoroso. (...) do sorriso aberto e sincero que vi em tantas pessoas, (...) do entusiasmo dos voluntários. (...) da esperança no olhar dos jovens no Hospital São Francisco. Saudades da fé e da alegria em meio à adversidade dos moradores de Varginha.
<> jovens missionários <>. penso nos jovens, protagonistas desse grande encontro: (...) Muitos de vocês vieram como discípulos nesta peregrinação; não tenho dúvida de que todos agora partem como missionários. (...) façam florescer a civilização do amor. (...) valorizar a dignidade de cada ser humano, e apostar em Cristo e no seu Evangelho. (...) porque Ele nos buscou primeiro, Ele nos faz arder o coração para anunciar a Boa Nova nas grandes metrópoles e nos pequenos povoados, no campo e em todos os locais deste nosso vasto mundo. Continuarei a nutrir uma esperança imensa nos jovens do Brasil e do mundo inteiro: através deles, Cristo está preparando uma nova primavera em todo o mundo. Eu vi os primeiros resultados desta sementeira; outros rejubilarão com a rica colheita!

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Trechos da entrevista concedida por Francisco durante o voo de volta a Roma. (http://veja.abril.com.br/) 29/07/2013
Nestes quatro meses, o senhor criou várias comissões no Vaticano. Que tipo de reforma tem em mente? O senhor quer suprimir o Instituto para as Obras de Religião, o IOR [mais conhecido como Banco do Vaticano]?  Alguns acham melhor que seja um banco, outros que sejam um fundo, uma instituição de ajuda. Eu não sei. Eu confio no trabalho das pessoas que estão se dedicando a isso. O presidente do IOR permanece, o tesoureiro também, enquanto o diretor e o vice-diretor pediram demissão. Não sei como vai terminar essa história. E isso é bom. Não somos máquinas. Temos de achar o melhor. Seja a instituição que for, precisa ter transparência e honestidade. 
Recentemente, o monsenhor Battista Ricca, um dos diretores do IOR, o Banco do Vaticano, foi acusado de pertencer ao lobby gay. Como o senhor pretende enfrentar esta questão? Sobre monsenhor Ricca, fiz o que o direito canônico manda fazer, que é a investigação prévia. Nessa investigação, não há nada do que o acusam. Não achamos nada. Essa é a minha resposta. Mas eu gostaria de dizer outra coisa sobre isso. Vejo que muitas vezes se buscam os pecados de juventude de quem está na Igreja. Abuso de menores é diferente, não é disso que estou falando. Mas, se uma pessoa, seja laica, padre ou freira, pecou e esconde, o Senhor perdoa. Quando o Senhor perdoa, o Senhor esquece. E isso é importante para a nossa vida. Quando vamos confessar e dizemos que pecamos, o Senhor esquece e nós não temos o direito de não esquecer. Isso é um perigo. O que é importante é uma teologia do pecado. Quantas vezes penso em São Pedro, que cometeu tantos pecados e venerava Cristo. E esse pecador foi transformado em papa. A imprensa tem escrito muita coisa sobre o lobby gay. Eu ainda não vi ninguém com uma carteira de identidade do Vaticano dizendo "sou gay". Dizem que há alguns. Acho que devemos distinguir entre o fato de ser gay e fazer lobby gay. Porque nenhum lobby é bom. Isso é o que é ruim. Se uma pessoa é gay e procura Deus e tem boa vontade, quem sou eu, por caridade, para julgá-la? O catecismo da Igreja católica explica isso muito bem. Diz que eles não devem ser discriminados, mas  integrados à sociedade. O problema não é ter essa tendência. Não! Devemos ser como irmãos. O problema é fazer lobby: o lobby dos avaros, o lobby dos políticos, o lobby dos maçons, tantos lobbys. Esse é o pior problema.
O senhor enfrenta muitas resistências na Cúria? Se há resistência, eu ainda não vi. É verdade que aconteceram muitas coisas. Mas eu preciso dizer: encontrei ajuda, encontrei pessoas leais. 
Na viagem o senhor não falou sobre aborto, nem sobre a posição do Vaticano em relação ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. No Brasil foram aprovadas leis que ampliam os direitos para esses casamentos. Por que o senhor não tratou desses assuntos? A Igreja já se expressou perfeitamente sobre isso. Não era necessário falar sobre esses temas. Eu também não falei sobre  roubo, ou sobre a mentira. Em relação ao aborto, a Igreja tem uma doutrina clara. Os jovens sabem perfeitamente qual a posição da Igreja.
Queria uma fala positiva no Brasil, que abre caminho aos jovens.
Por que o senhor carrega a sua própria mala e o que leva dentro? Não tinha a chave da bomba atômica dentro da mala... Eu sempre fiz isso. Quando viajo, levo minhas coisas. Tenho um barbeador, o livro da Liturgia das Horas, uma agenda e um livro para ler. O livro é sobre Santa Terezinha. Sou devoto de Santa Terezinha. Eu sempre carreguei minha maleta. Acho isso absolutamente normal. 
Por que pede tanto para que rezem pelo senhor ? Não é habitual ouvir de um papa que peça que rezem por ele. Sempre pedi isso. Quando era padre, pedia, mas não tanto nem tão frequentemente. Comecei a pedir mais quando passei a ser bispo. Preciso da ajuda do Senhor. Eu, de verdade, me sinto com tantos limites, tantos problemas, e também sou pecador. Peço a Nossa Senhora que reze por mim. É um hábito, mas que vem da necessidade. Eu sinto que devo pedir. 
O senhor tem um calendário definido para o próximo ano? Em outubro devo ir a Assis. Fora da Itália, quero ir a Israel. O governo israelense fez um convite para que eu vá a Jerusalém. O da Palestina também. Tenho ainda um convite para ir a Fátima. 
Às vezes, o senhor se sente aprisionado no Vaticano? Eu gostaria de poder andar pelas ruas de Roma. Eu era um padre da rua. Os seguranças do Vaticano têm sido bons comigo. Agora, me deixaram fazer algumas coisas a mais. Mas entendo que não posso andar pelas ruas. 
O Brasil esta perdendo muitos fiéis. O senhor acha que o movimento carismático pode ser uma forma de impedir a fuga dos católicos para os pentecostais? Exatamente. Conversei ontem com os bispos sobre o problema da evasão de fiéis. Vou lhes contar uma história: nos anos 70 e 80, eu não podia nem ver os representantes do movimento carismático. Certa vez, cheguei a afirmar que eles confundiam celebração litúrgica com escola de samba. Agora, acho que este movimento faz bem para a Igreja. Neste momento da Igreja, acho que são necessários, uma graça do Espírito Santo. E digo mais: não servem apenas para evitar a fuga de fiéis, mas são importantíssimos para a própria Igreja.
Qual sua relação de trabalho com Bento XVI ? É como ter um avô em casa, em meio a uma família. Um avô venerado. 
O senhor falou de misericórdia. A Igreja não deveria ter misericórdia com os casais divorciados e que se casam novamente? Um dos temas que deverão ser discutidos na comissão de oito cardeais que criei há alguns meses é como ir adiante na pastoral matrimonial. Esse será um dos assuntos do próximo sínodo. 
O papel das mulheres na Igreja pode mudar? A questão da ordenação das mulheres é um assunto de portas fechadas. A Igreja diz não. No entanto, acredito que a mulher deve ter papéis mais importantes na Igreja. Uma Igreja sem as mulheres é como o Colégio Apostólico sem Maria. A mulher ajuda a Igreja a crescer. E pensar que Nossa Senhora é mais importante do que os apóstolos! Até agora, no entanto, não fizemos uma teologia profunda sobre a mulher. Há as mulheres que fazem a leitura, que são presidentes da Cáritas. Mas há mais o que fazer. É  necessário fazer uma profunda teologia da mulher. 
O senhor se assustou quando viu o informe do Vatileaks? O problema é grande, mas não estou assustado.
Como papa, o senhor ainda pensa como um jesuíta? É uma pergunta teológica. Os jesuítas fazem votos de obedecer ao papa. Mas se o papa se torna um jesuíta, talvez deva fazer votos gerais dos jesuítas. Eu me sinto jesuíta na minha espiritualidade, a que tenho no coração. Dentro de três dias vou festejar com os jesuítas Santo Inácio, numa missa. Não mudei de espiritualidade. Sou Francisco franciscano. Sinto-me jesuíta e penso como jesuíta.
Em quatro meses de Pontificado, pode  fazer um pequeno balanço e dizer o que foi o pior e o melhor de ser papa? O que mais o surpreendeu nesse período? Não sei como responder a isso, de verdade. Coisas ruins não aconteceram. Coisas belas, sim. Por exemplo, o encontro com os bispos italianos foi lindo. O encontro com os seminaristas foi belíssimo, e também com os alunos do colégio jesuíta. Uma coisa dolorosa foi a visita a Lampedusa. Fez-me chorar, porque penso que os imigrantes, que chegam de barco, são vítimas do sistema socioeconômico mundial. Mas a coisa pior foi uma dor no ciático. Sofri disso no primeiro mês. É verdade! Era dolorosíssimo, não desejo a ninguém.
O senhor deverá canonizar até o fim do ano os papas João 23 e João Paulo II. Qual é a diferença de santidade entre os dois? Estamos pensando em adiar a cerimônia de canonização. É difícil para os poloneses irem a Roma nessa época do ano. Faz muito frio. 

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NA ESPERANÇA E NA ALEGRIA – Homilias (seleção de trechos) de Francisco,
Rio 24,27 e 28 julho de 2013
(por FernandoSM, 29.7.13 fesomor2@gmail.com)

HOMILIA NA MISSA EM APARECIDA, 24 de julho de 2013-07-30
1.     Conservar a esperança. A segunda leitura da Missa apresenta uma cena dramática: uma mulher – figura de Maria e da Igreja – sendo perseguida por um Dragão – o diabo - que quer lhe devorar o filho. A cena, porém, não é de morte, mas de vida, porque Deus intervém e coloca o filho a salvo (cfr. Ap 12,13a.15-16a). Quantas dificuldades na vida de cada um, no nosso povo, nas nossas comunidades, mas, por maiores que possam parecer, Deus nunca deixa que sejamos submergidos.
2.     A segunda postura: Deixar-se surpreender por Deus. Quem é homem e mulher de esperança – a grande esperança que a fé nos dá – sabe que, mesmo em meio às dificuldades, Deus atua e nos surpreende. A história deste Santuário serve de exemplo: três pescadores, depois de um dia sem conseguir apanhar peixes, nas águas do Rio Parnaíba, encontram algo inesperado: uma imagem de Nossa Senhora da Conceição. Quem poderia imaginar que o lugar de uma pesca infrutífera, tornar-se-ia o lugar onde todos os brasileiros podem se sentir filhos de uma mesma Mãe? Deus sempre surpreende, como o vinho novo, no Evangelho que ouvimos. Deus sempre nos reserva o melhor.
3.     A terceira postura: Viver na alegria. Queridos amigos, se caminhamos na esperança, deixando-nos surpreender pelo vinho novo que Jesus nos oferece, há alegria no nosso coração e não podemos deixar de ser testemunhas dessa alegria. O cristão é alegre, nunca está triste. Deus nos acompanha. Temos uma Mãe que sempre intercede pela vida dos seus filhos, por nós, como a rainha Ester na primeira leitura (cf. Est 5, 3). Jesus nos mostrou que a face de Deus é a de um Pai que nos ama. O pecado e a morte foram derrotados. O cristão não pode ser pessimista!

HOMILIA NA MISSA com bispos, clero e religiosos, 27 de julho de 2013
1.   Llamados por Dios. Creo que es importante reavivar siempre en nosotros este hecho, que a menudo damos por descontado entre tantos compromisos cotidianos: «No son ustedes los que me eligieron a mí, sino yo el que los elegí a ustedes», dice Jesús (Jn 15,16). Es un caminar de nuevo hasta la fuente de nuestra llamada.
2.   Llamados a anunciar el Evangelio. Muchos de ustedes, queridos Obispos y sacerdotes, si no todos, han venido para acompañar a los jóvenes a la Jornada Mundial de la Juventud. También ellos han escuchado las palabras del mandato de Jesús: «Vayan, y hagan discípulos a todas las naciones» (cf. Mt 28,19). Nuestro compromiso de pastores es ayudarles a que arda en su corazón el deseo de ser discípulos misioneros de Jesús. Ciertamente, muchos podrían sentirse un poco asustados ante esta invitación, pensando que ser misioneros significa necesariamente abandonar el país, la familia y los amigos. Dios quiere que seamos misioneros. ¿Dónde estamos? Donde Él nos pone: en nuestra Patria, o donde Él nos ponga. Ayudemos a los jóvenes a darse cuenta de que ser discípulos misioneros es una consecuencia de ser bautizados, es parte esencial del ser cristiano, y que el primer lugar donde se ha de evangelizar es la propia casa, el ambiente de estudio o de trabajo, la familia y los amigos.
3.   Ser llamados por Jesús, llamados para evangelizar y, tercero, llamados a promover la cultura del encuentro. En muchos ambientes, y en general en este humanismo economicista que se nos impuso en el mundo, se ha abierto paso una cultura de la exclusión, una «cultura del descarte». No hay lugar para el anciano ni para el hijo no deseado; no hay tiempo para detenerse con aquel pobre en la calle. A veces parece que, para algunos, las relaciones humanas estén reguladas por dos «dogmas»: eficiencia y pragmatismo.(...) engan el valor de ir contracorriente de esta cultura eficientista, de esta cultura del descarte. El encuentro y la acogida de todos, la solidaridad, es una palabra que la están escondiendo en esta cultura, casi una mala palabra, la solidaridad y la fraternidad, son elementos que hacen nuestra civilización verdaderamente humana.

HOMILIA NA MISSA com os JOVENS DA JMJ 28 de julho de 2013
1.   Ide. Durante estes dias, aqui no Rio, vocês puderam fazer a bela experiência de encontrar Jesus e de encontrá-lo juntos, sentindo a alegria da fé. Mas a experiência deste encontro não pode ficar trancafiada na vida de vocês ou no pequeno grupo da paróquia, do movimento, da comunidade de vocês. Seria como cortar o oxigênio a uma chama que arde. A fé é uma chama que se faz tanto mais viva quanto mais é partilhada, transmitida, para que todos possam conhecer, amar e professar que Jesus Cristo é o Senhor da vida e da história (cf. Rm 10,9). (...)Para onde Jesus nos manda? Não há fronteiras, não há limites: envia-nos para todas as pessoas. O Evangelho é para todos, e não apenas para alguns. Não é apenas para aqueles que parecem a nós mais próximos, mais abertos, mais acolhedores. É para todas as pessoas. Não tenham medo de ir e levar Cristo para todos os ambientes, até as periferias existenciais, incluindo quem parece mais distante, mais indiferente
2.   .Sem medo. Alguém poderia pensar: «Eu não tenho nenhuma preparação especial, como é que posso ir e anunciar o Evangelho»? Querido amigo, esse seu temor não é muito diferente do sentimento que teve Jeremias – acabamos de ouvi-lo na leitura – quando foi chamado por Deus para ser profeta: «Ah! Senhor Deus, eu não sei falar, sou muito novo». Deus responde a vocês com as mesmas palavras dirigidas a Jeremias: «Não tenhas medo... pois estou contigo para defender-te» (Jr 1,8). Deus está conosco!
3.   A última palavra: para servir. No início do salmo proclamado, escutamos estas palavras: «Cantai ao Senhor Deus um canto novo» (Sl 95, 1). Qual é este canto novo? Não são palavras, nem uma melodia, mas é o canto da nossa vida, é deixar que a nossa vida se identifique com a vida de Jesus, é ter os seus sentimentos, os seus pensamentos, as suas ações. E a vida de Jesus é uma vida para os demais, a vida de Jesus é uma vida para os demais. É uma vida de serviço.




Professor Fernando

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