terça-feira, 23 de julho de 2013

Não arranqueis o joio! Pode acontecer que arranqueis também o trigo. -Padre Queiroz



Não arranqueis o joio! Pode acontecer que arranqueis também o trigo.
Nesta parábola do joio e do trigo, Jesus nos explica por que existem pessoas más e tanta maldade no mundo. Não é obra dele, e sim do maligno.
E ele nos orienta como agir. Não se trata de destruir os maus, mas de conviver junto, porque assim quem sabe eles se convertem e se tornam bons.
Como Deus é bom! Chega a arriscar a vida dos seus, para salvar os seus inimigos.
Alguns dizem, ao ver tanta maldade no mundo: “Será que Deus não está vendo?” Está vendo sim. Só que ele não é cruel como nós, que queremos logo destruir os adversários.
Quantos inocentes sofrem, porque as pessoas se julgam logo com a razão e nem querem dialogar e esclarecer os fatos e as motivações!
O profeta Jonas queria destruir Nínive, mas Deus deu uma chance para a cidade e ela se converteu. No fim do livro, com a história da mamoneira, fica claro que Jonas é que era preconceituoso. Veja a irritação de Jonas, quando viu o povo convertido: “Ah, Senhor! Não era isso mesmo o que eu dizia quando estava na minha terra? Foi por isso que eu corri, tentando fugir para Társis, pois eu sabia que é um Deus bondoso demais, sentimental, lerdo para ficar com raiva, de muita misericórdia e tolerante com a injustiça” (Jn 4,2).
Um dia, um povoado de samaritanos não quis hospedar Jesus e os Apóstolos, porque estavam indo para Jerusalém. Tiago e João disseram a Jesus: “Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu, para que os destrua?” (Lc 9,54). Jesus os repreendeu. A partir daí, os colegas começaram a chamar os dois de “boanerges”, que significa “filho do trovão”.
Nós não queremos ser filhos do trovão com os maus, mas também deixá-los continuar fazendo o mal. “Irmãos, praticai o bem, e não vos deixeis levar pelo mal” (SP).
Era assim que Jesus agia, conforme disse S. Mateus: “Ele não quebrará o caniço rachado, nem apagará a mecha que ainda fumega” (Mt 12,20). A diferença entre Comunidade e seita é que a seita se isola dos maus, enquanto a Comunidade é aberta, ela se mistura, como o fermento, cuja parábola está também no Evangelho de hoje.
Todas as pessoas tem um fundo bom, que é a parte criada por Deus. É para esse fundo bom que devemos olhar, para amar os maus. “Enquanto todos dormiam veio o inimigo...” Queremos ser bom fermento no mundo, para transformá-lo. “Não temas as trevas, se trazes dentro de ti a luz.”
E Jesus termina com uma frase muito bonita e consoladora: “Então, os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai”.
Queremos agradecer a Deus a paciência que tem conosco, não nos arrancando quando somos joio. Porque, diante dele, ninguém é santo nem justo, todos somos pecadores e não merecemos o seu amor.
Sândalo é uma planta aromática e medicinal. À medida que o machado a corta, ela vai exalando mais e mais seu aroma, perfumando até mesmo a ferramenta que a fere. Por isso o sândalo é metáfora do ser cristão, que paga o mal com o bem. Os mártires nos deram esse belíssimo exemplo. Por exemplo, Santa Maria Goretti.
Nós queremos dar testemunho a todos, também aos maus, convidando-os à conversão. Que Maria Santíssima nos ajude!
Não arranqueis o joio! Pode acontecer que arranqueis também o trigo.




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