domingo, 21 de julho de 2013

CUIDADO COM A GANÂNCIA-José Salviano

18º DOMINGO TEMPO COMUM

04 DE AGOSTO-     ano C


E PARA QUEM FICARÁ TUDO O QUE ACUMULASTE?


Evangelho - Lc 12,13-21


                        Então aquele homem ambicioso trabalhou, e trabalhou, não fez outra coisa na vida além de acumular riquezas. Se especializou em fazer isso de tal forma, que foi considerado um campeão em gerar riquezas. Não se importou com a sua saúde, com a família, muito menos com o amor aos filhos, porque para ele tudo se reduzia a um grande comércio, e todas as relações entre as pessoas se resumia em um constante TOMA LÁ DÁ CÁ. Afeto, carinho, fraternidade, são coisas sem a menor importância. O respeito, apenas o respeito a Deus para ele, é uma coisa até importante. Porém, isso não deve atrapalhar a corrida louca e insana pela busca de mais lucros e rendimentos.
            Fábricas, lojas, navios, iates, muitos imóveis em sua cidade e também em outras, shoppings, empresas de transportes. Sua riqueza se multiplicou de forma assustadora, e, ao contrário do que se possa pensar, o seu sono não era uma pausa repousante, pois vivia aterrorizado com a possibilidade de estar sendo lesado pelos seus gerentes espalhados pelas suas múltiplas empresas.  Não era um homem tranqüilo, sereno, muito menos feliz. Vivia atormentado por vários tipos de medo: Medo de ser sequestrado, ou de ter um filho nas mãos de bandidos exploradores exigindo resgate, medo de possíveis crises econômicas, medo de não poder contar com a confiança de seus empregados, medo daqueles que poderiam lhe pedir doações, esmolas, e algum tipo de ajuda. Por isso, vivia praticamente isolado, nem se vestia tão bem quanto o podia, para não chamar a atenção, não gostava de festas, evitava todo tipo de desperdício, economizava em tudo na maior mesquinharia, só era gentil e "amoroso" com quem lhe poderia proporcionar algum tipo de lucro. Em suma, aquele homem, gênio, uma verdadeira máquina de acumular riquezas, não viveu a vida. Não desfrutou sua existência, nem mesmo quando era jovem.  Porque diversão significava desperdício de tempo e dinheiro, duas coisas que para ele eram inaceitáveis. 

            E PARA QUEM FICARÁ O QUE TU ACUMULASTE?

            E assim, suas vistas se escureceram, e o final de sua vida chegou... Com os movimentos limitados pela artrose, pela artrite, vistas cansadas, surdez de um dos ouvidos, esclerose, mau humor, irritabilidade com todos, só uma coisa ele tinha em abundância: DINHEIRO! MUITO DINHEIRO. Depois de uma certa idade, ele acreditava poder COMPRAR TUDO COM O DINHEIRO! E tentou recuperar o tempo perdido nos vários anos de uma corrida louca em busca da riqueza! Mas como isso não é possível, constantemente ficava muito irritado quando era recusado quando fazia algumas de  suas propostas indecentes...
            A essa altura os seus filhos, herdeiros naturais, não paravam de brigar pela divisão da herança. Cada um pretendia ficar com a mais rendosa parte, com a melhor fatia do grande bolo.  A divisão deveria ser igual para todos mesmo para um dos filhos que era um vagabundo e boêmio total.  Quanta fortuna, gerando tanta infelicidade entre um família que via a cada dia, o seu grande afortunado indo embora, e deixando tudo para aqueles que não trabalharam para acumular tanto valor...

Tomai cuidado contra todo tipo de ganância!

            Foi exatamente por causa disso, por causa das consequências da usura exacerbada, que Jesus fez essa advertência.  Riqueza, ao contrário do que pensam os pobres, nem sempre é motivo de tranquilidade, de paz e de felicidade.  E a pior coisa, é que a ganância quase sempre tira o ser humano do caminho da salvação eterna. "Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo, mas não é rico diante de Deus.

 " Descansa, come, bebe, aproveita!' Mas Deus lhe disse: 'Louco! Ainda nesta noite, pedirão de volta a tua vida. E para quem ficará o que tu acumulaste?"

            A riqueza em sim não é má. Ela pode e deve ser usada para o progresso, é preciso que hajam ricos que toquem fábricas pois sem elas não existe crescimento da economia, nem  empregos para os pobres...  O problema do acúmulo da riqueza consiste no que ela pode fazer no psiquismo, ou na cabeça do dono dela. Aquele que levou sua vida toda acumulando riqueza de forma egoísta, e às custas da exploração dos menos favorecidos pela sorte, e nada aplicou dessa sua fortuna pelo bem da humanidade, muito menos para aliviar o sofrimento daqueles que vivem na miséria parcial e total, agiu como um loco, como disse Jesus: ": 'Louco! Ainda nesta noite, pedirão de volta a tua vida. E para quem ficará o que tu acumulaste?"
 Ele acumulou uma fortuna somente para ele, mais não poderá desfrutar dela, e o principal motivo é que morrerá e deixará tudo aí para os outros.

            Porque a nossa vida não se resume em acumular riquezas. "A VIDA DE UM HOMEM NÃO CONSISTE NA ABUNDÂNCIA DE BENS."

Conclusão
Caríssimos.
            A liturgia desse domingo Jesus nos convida a uma reflexão forte sobre a nossa atitude diante dos bens materiais. Porque eles, em geral, e o dinheiro, em particular, não são maus em si, ou de  modo absoluto.  Eles podem ser usados para o bem. Por isso Jesus em uma outra passagem do Evangelho, nos exorta a fazer amigos com o dinheiro. Fazemos amigos com nossos bens materiais ou espirituais, com os talentos que nos foram dados por Deus, como o dom de cantar, de escrever, de curar pela medicina,  quando os colocamos não somente ao nosso serviço, não somente para nós, mas também ao serviço da sociedade, em benefício do irmão carente, e daqueles que não foram favorecidos pela sorte como nós. Deus nos presenteia com algum tipo de talento exatamente para isso: para que o usemos não somente em nosso benefício, mas também em benefício do irmão.
            Aí, o dinheiro se torna motivo de libertação, de alegria e de vida para si e para os demais irmãos. Aí, então, tornamo-nos amigos dos pobres, e viveremos em paz com  Deus. Pois "toda vez em que destes uma esmola a um pobre, foi a mim que destes". É impossível agradar a Deus sem agradar ou ajudar aquele que necessita, aquele que é nosso irmão e clama por uma ajuda. Ajuda essa que não nos custa muito ou quase nada. Pois tudo aquilo que sobra na nossa casa, na nossa vida, pode crer que está faltando na casa e na vida de alguns dos nossos irmãos em cristo. Portanto, não podemos contar com a amizade do Pai se não matamos a fome dos seus filhos, nossos irmãos, já que Esse mesmo Pai nos proporcionou talentos suficientes para construir um verdadeiro império de bens materiais, que não deve ser usado somente em nosso benefício.

              A Carta de São Paulo aos Colossenses nos dá uma receita ideal de como deveremos ser: Diz nos ele: "Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto...aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres." 
Irmãos. Até podemos aspirar o progresso pessoal, desde que não nos esqueçamos daqueles que do nosso lado vivem da miséria, na carência parcial ou total de bens indispensáveis a uma vida digna com qualidade.
" Portanto, fazei morrer o que em vós pertence à terra: imoralidade, impureza, paixão, maus desejos e a cobiça, que é idolatria."

            Podemos até cumular bens materiais, mas sem idolatrar o dinheiro e a tudo o que com ele podemos comprar. Usemos tudo como se não os estivéssemos usando. Ter um carro não é pecado nem luxo. Luxo é ter um super carro, e pecado é humilhar o irmão que não pode ter nem uma bicicleta.

"Já vos despojastes do homem velho e da sua maneira de agir e vos revestistes do homem novo, que se renova segundo a imagem do seu Criador..."
            É isso aí, meus irmãos. Mudemos as nossas atitudes em relação ao que possuímos, e sejamos pessoas novas. Homens novos e mulheres novas em relação à nossa mentalidade com relação aos bens materiais, e a nossa compaixão diante daqueles que sofrem.
Vai e faça o mesmo.

Bom domingo.


José Salviano.

2 comentários:

  1. Muito boa esta reflexão, muito boa mesmo, muito obrigado por ajudar a entender de maneira tão clara o que Jesus quer de mim.
    Deus o abençoe hoje e sempre!

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  2. Ótima reflexão. Às vezes precisamos de uma parada na vida para concluirmos que devemos recomeçar. E todo recomeço deve ser para o melhor. Que a mensagem deste trecho do evangelho tenha ajudado as pessoas a seguirem mais desapegadas das coisas mundanas e se agarrar às coisas do alto. Eu quero viver com mais intensidade esta Palavra.

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