quarta-feira, 29 de maio de 2013

Fazer a Eucaristia e anunciar Cristo -João Paulo II


Homilia de João Paulo II


"Todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, anunciais a morte do Senhor, até que Ele venha" (1 Cor 11, 26).

Com estas palavras, São Paulo recorda aos cristãos de Corinto que a "ceia do Senhor" não é apenas um encontro de convívio, mas também e sobretudo o memorial do sacrifício redentor de Cristo. Quem nele participa explica o Apóstolo une-se ao mistério da morte do Senhor, aliás, faz-se "anunciador" da mesma.
Portanto, existe um relacionamento muito estreito entre o "fazer a Eucaristia" e "o anunciar Cristo". Entrar em comunhão com Ele, no memorial da Páscoa, significa ao mesmo tempo tornar-se missionário do evento que tal rito atualiza; num certo sentido, significa torná-lo contemporâneo de todas as épocas, até que o Senhor volte.
Caríssimos Irmãos e Irmãs, revivemos esta maravilhosa realidade na hodierna solenidade do Corpus Christi, em que a Igreja não apenas celebra a Eucaristia, mas também a leva de forma solene em procissão, anunciando publicamente que o Sacrifício de Cristo é para a salvação do mundo inteiro.
Reconhecido por este dom imenso, ela reúne-se em redor do Santíssimo Sacramento, porque ali estão a fonte e o ápice do próprio ser e agir. Ecclesia de Eucharistia vivit! A Igreja vive da Eucaristia e sabe que esta verdade não exprime apenas uma experiência quotidiana de fé, mas encerra de modo sintético o núcleo  do  mistério  que  ela  mesma  é (cf.  Carta  Encíclica  Ecclesia  de  Eucharistia, 1).
Desde que, com o Pentecostes, o Povo da Nova Aliança "iniciou a sua peregrinação para a pátria celeste, este sacramento divino foi ritmando os seus dias, enchendo-os de consoladora esperança" (Ibidem).
"Dai-lhes vós mesmos de comer" (Lc 9, 13).
A página evangélica que acabamos de escutar oferece uma imagem eficaz do vínculo íntimo que existe entre a Eucaristia e esta missão universal da Igreja. Cristo, "pão vivo que desceu do Céu", é o único que pode saciar a fome do homem de todos os tempos e em todas as regiões da terra.
Porém, ele não quer fazê-lo sozinho, e assim, como na multiplicação dos pães, envolve também os discípulos:  "Jesus tomou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos ao céu, pronunciou sobre eles a bênção, partiu-os deu-os aos discípulos para que os distribuíssem à multidão" (Lc 9, 16).
Este sinal milagroso é figura do maior mistério de amor que se renova cada dia na Santa Missa:  mediante os ministros ordenados, Cristo dá o seu Corpo e o seu Sangue pela vida da humanidade. E quantos se nutrem dignamente à sua Mesa, tornam-se instrumentos vivos da sua presença de amor, de misericórdia e de paz.
"Lauda, Sion, Salvatorem...
Sião, louva o Salvador
o teu guia, o teu pastor
com hinos e cânticos".
Com íntima emoção, ouvimos ressoar no coração este convite ao louvor e à alegria. Contemplando Maria, compreenderemos melhor a força transformadora que a Eucaristia possui. Colocando-nos à escuta dela, encontraremos no mistério eucarístico a coragem e o vigor para seguir Cristo Bom Pastor e para O servir nos irmãos.


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