sexta-feira, 22 de março de 2013

Se o homem mudar desde seu interior, mudarão os demais - Juan de Dios.



DO GÓLGATA À VIDA

Parece que o tempo corre cada vez mais de pressa. Natal, Carnaval, Quaresma, Páscoa acontecem e até se sobrepõem. Vivemos em um mundo que nos contagia de suas pressas e temos o perigo de nos cegar com tantos estímulos atraentes. Pode-nos passar como o cego de Betsaida, que, em uma primeira tentativa de cura, lhe respondeu a Jesus: “O cego levantou os olhos e respondeu: Vejo os homens como árvores que andam” (Mc 8,24).
Vivemos em um bosque de máscaras, que caminham e dançam grotescamente a um mesmo compasso e outros tropeçam com nossos interesses.. Uns gritam, outros molestam; mas não são mais que árvores, não são mais que máscaras. Não descobrimos que são seres humanos que estão junto a nós sem rosto, sem vida, sem personalidade. As pressas do egoísmo ensinaram-nos a distinguir pelo modo de vestir, por sua gravata, pela espiral da fumaça de seus cigarros, por sua classe social.
A experiência do ser desconfiado ensina-lhe a classificá-los, a pôr-lhes um número a cada um, e assim resulta mais fácil. Mas, se não passo pelo “Gólgota” não saberei nada deles, nem sequer a idade que têm na realidade.. É muito difícil conhecer com exatidão a vida das árvores. Sua casca dá-nos certa ideia. E com as pessoas passa-nos o mesmo se não passamos da morte à vida, da morte à Ressurreição.
Irmão do “Gólgota”, permite-me compartilhar contigo meus sentimentos. Você e eu precisamos de um novo impulso nestes dias de reflexão. Precisamos um segundo milagre de Jesus como fez com o cego. “O Cristo” abrirá os olhos para passar da casca ao interior. Veremos às pessoas em profundidade, com suas alegrias e com seu sofrimento existencial. Poderemos ver a amigos, conhecidos, aos que diariamente se cruzam no caminho como realmente são, como pessoas singelas, humilhadas pelos problemas, com necessidade de ser compreendidas, com desejos de superação, com necessidade de ser amadas e de amar, com suas qualidades e suas limitações.
Às vezes lutamos pela justiça, queremos mudar tudo neste mundo, mas a experiência nos diz que não podemos alterar para nossos semelhantes com discursos nem argumentos. Só eles podem transformar a si mesmos. A História demonstra-nos que se passaram séculos para tentar mudar os outros com violência, mas não obtiveram resultado. Este foi o erro da história. Só se o homem mudar desde seu interior, mudarão os demais.
Temos de passar constantemente do Gólgota à Vida e abraçar aos seres humanos e às coisas, sem querê-los dominar. Viver quer dizer agradecer à luz e o amor, o calor e a ternura que, de forma singela, envolvem aos seres humanos e às coisas. Viver é viver e compartilhar com nossos semelhantes. Viver como ser humano simples é ser feliz. A felicidade está perto; é fazer as coisas simples com amor extraordinário. O amor é a chave que temos para abrir as portas do Paraíso.
FELIZ PÁSCOA!

por Juan de Dios Regordán Domínguez   

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