09/02/2013
Mc 6,30-34
Eram como ovelhas sem pastor.
O Evangelho de hoje começa com o
amável convite de Jesus aos Apóstolos, que acabavam de chegar da sua missão
apostólica, satisfeitos e cansados: “Vinde sozinhos para um lugar deserto e
descansemos um pouco”.
Entretanto, o povo descobriu para
onde iam, e foi a pé, por terra. Assim, quando chegaram, encontraram uma
multidão os esperando! Jesus “teve compaixão, porque eram como ovelhas sem
pastor. E começou a ensinar-lhes muitas coisas”.
É interessante o modo de Jesus se
relacionar com a multidão. Ele disse uma vez: “Eu conheço as minhas ovelhas e
elas me conhecem” (Jo 10,14). Jesus evitava aquele messianismo político, pelo
qual os seus contemporâneos judeus ansiavam. Evitava também o sectarismo
gregário de massa. O seu contato era personalizado, dando origem ao Povo de
Deus, ou à Comunidade cristã, na qual todos se conhecem e se amam, assim como o
pastor conhece suas ovelhas.
“Foi vontade de Deus santificar e
salvar os homens, não isoladamente e sem conexão alguma de uns com os outros,
mas constituindo um Povo, que o confessasse em verdade e o servisse em
santidade” (Concílio Vat. II, LG, 9).
Os primeiros cristãos entenderam bem
essa lição e se uniam em Comunidades, onde viviam unidos como irmãos, tendo um
só coração e uma só alma. Hoje a Igreja, pelo fato de ter milhões de membros,
pode dar a impressão de ser massa. Mas não é. É só observar as nossas paróquias
e Comunidades.
Várias vezes os evangelistas escrevem
que Jesus sentiu compaixão. Ele tinha dó das pessoas carentes, das que sofriam,
e aqui, das que estavam como ovelhas sem pastor. E ele não parava só no
sentimento de compaixão, mas fazia o que ele podia pelo povo.
Jesus não possuía nada, não tinha nem
onde reclinar a cabeça. Mesmo assim, não se preocupava consigo mesmo, mas com
os outros. Quantos cristãos e cristãs têm esse mesmo coração! É deles que
nascem as diversas pastorais e as atividades missionárias das Comunidades.
Quando sentimos compaixão, e rezamos, Deus nos indica algum caminho.
Que bom seria se nós, ao nos
depararmos com situações de carência, material ou espiritual, sentíssemos
compaixão, uma compaixão ativa que se transforma depois em ação!
Certa vez, um homem terminou de
construir a sua casa. Ficou linda. Ele a mobiliou com móveis novos, todos no
mesmo estilo.
Então convidou um amigo para almoçar
com ele e ver a casa. Terminada a refeição, mostrou toda a casa para o amigo,
depois perguntou: “Falta alguma coisa? Pode dizer sem acanhamento, que vou
comprar hoje mesmo”.
O amigo criou coragem e falou: “Eu
sinto que está faltando Deus na sua casa!” O dono da casa se surpreendeu,
porque não havia pensado nesse componente da casa. E ficou perdido, confuso,
sem saber o que fazer, pois Deus não dá para se comprar!
Quantas casas hoje são assim: têm
tudo, menos o principal que é Deus. Que sintamos compaixão, uma compaixão
ativa, como fez o visitante da nova casa. “O que adianta a alguém ganhar o
mundo inteiro, se vier a perder-se e a arruinar a si mesmo?” (Lc 9,25).
Maria Santíssima foi uma mulher ativa
na luta pelo bem do povo. Vemos os seus anseios expressos no magnificat, e
levados à ação nas bodas de Caná, ao pé da cruz, no Cenáculo etc. Santa Mãe
Maria, o povo continua como ovelhas sem pastor; dai-nos um coração semelhante
ao vosso!
Eram como ovelhas sem pastor.
Padre Queiroz
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