Ensinava como quem tem autoridade.
Este Evangelho narra a cura de um possesso. O fato aconteceu durante uma
reunião do povo na sinagoga. Estamos no comecinho da vida pública de Jesus e,
como pouca gente o conhecia, ele aproveitava as reuniões nas sinagogas para
anunciar a realizar a Boa Nova.
O povo ficava admirado com a forma com que Jesus falava; era com
autoridade, não como os chefes religiosos, que eram inseguros e falavam sem
muita convicção, repetindo opiniões de vários autores, de forma enfadonha.
Jesus, ao contrário, transmitia segurança no que falava.
Jesus curava os doentes que pediam; curava também os que não pediam; e
curava até os que o atacavam, como este caso. O homem era “possuído por um
espírito mau”, isto é, ele se deixava levar pelas forças do mal e praticava
ações más.
Diariamente nós nos encontramos com as forças que se opõem à verdade e
escravizam as pessoas. Essas forças estão reunidas em um só comando: o demônio.
Aparentemente cada um faz o mal por sua própria conta. Mas, na realidade, todos
os que praticam o mal estão a disposição de um só comando, que é o demônio. Ele
age ou diretamente ou através daqueles que ele já conquistou e que criaram as
organizações e estruturas do mal. Muitas vezes, ele age também dentro de nós,
usando as raízes do pecado original que ficaram em nós.
Na maioria das vezes o demônio procura dissimular a sua presença e ação
e, enquanto ninguém ameaça as suas posições, ele vai tomando conta da
sociedade, levando-a à corrupção, à injustiça, à violência, ao pecado. Quanta
gente é possuída pelo espírito mau e não percebe!
Esse nosso inimigo não dorme, e vê com antecedência quem são os que
podem debilitar o seu império e, mal começam a agir, o demônio levanta-se
contra eles aquelas pessoas que ele já conquistou: os medíocres, aqueles que
foram mal sucedidos em alguma coisa. Por isso que, mal Jesus começava a falar,
algum “possesso” já se levantava contra ele, mesmo dentro da casa de oração.
Este foi apenas o primeiro enfrentamento de Jesus com o espírito mau.
Haverá muitos outros, até o dia em que toda a sociedade judia se levantará e
matará o Filho de Deus.
Ao ouvir Jesus, e perceber que ele podia afastar o mal dos ouvintes, o
homem atacou a Jesus, tentando fazer com que ele parasse de falar. Mas deu o
contrário, o possesso é que foi curado. Não é o homem mau que Jesus ataca, mas
sim o espírito mau que está nele. O pobre homem, Jesus continua amando.
O possesso se contradisse. Pela forma de atacar, ele acabou confessando
que Jesus é realmente o Messias: “Que queres de nós, Jesus de Nazaré? Vieste
para nos destruir? Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus”. Também hoje, Deus
nos defende quando somos atacados e até vira ao contrário o ataque,
transformando em testemunho a favor do Reino de Deus.
Jesus é “o Santo”; ele está acima de todas as forças do mal, as visíveis
e as invisíveis. Nós cristãos precisamos desmascarar as maldades escondidas e
disfarçadas da sociedade pecadora. Seremos atacados, mas compensa; afinal, Deus
estará conosco e a vitória é certa.
Mas para isso precisamos ter fé convicta e não ficar inseguros diante
das estruturas de pecado e dos homens e mulheres pecadores. Nós apenas
emprestamos a nossa voz ao Espírito Santo.
“Então o espírito mau sacudiu o homem com violência, deu um grande grito
e saiu.” O mal não sai das pessoas de graça. Ele dá o troco, fazendo a sua
última maldade para a pobre pessoa que, até há pouco, era possuída por ele.
Certa vez, foi anunciado que o diabo deixaria o seu trabalho e por isso
queria vender suas ferramentas. A data e o local da venda foram anunciados.
Quando chegou o dia, muita gente foi lá para ver que ferramentas o diabo
usa. Logo que chegavam, viam as ferramentas expostas de uma maneira atraente,
para despertar o interesse dos compradores. Estavam ali a malícia, o ódio, a
luxúria, a inveja, o ciúme, a mentira, a fraude, a lisonja... Ali estavam todos
os instrumentos do mal que o diabo usa. Cada ferramenta tinha o seu preço
afixado.
Andando pela exposição, alguém encontrou, em um cantinho escuro, uma
ferramenta. Ela tinha aparência inofensiva e apresentava sinais de ser bastante
usada. O preço era altíssimo. O mais alto da exposição. E o nome da ferramenta:
desânimo.
A pessoa procurou o diabo e perguntou por que aquela ferramenta era tão
cara. Ele respondeu: “Porque ela me é muito útil. Os homens e as mulheres a
aceitam facilmente, pensando que ela é inofensiva. Eles nem percebem que ela
pertence a mim. E, depois que a acolhem, eu posso entrar dentro deles e agir à
vontade, colocando as outras ferramentas que eu tenho para levar as pessoas
para o inferno.
Cruz credo, não? Vamos tomar cuidado com o desânimo e nunca permitir que
ele se instale em nós.
Deus está conosco, um amigo poderoso, zelando vinte e quatro horas pelo
nosso bem e salvação. Vamos ouvi-lo e viver “fortes na fé, alegres na esperança
e solícitos na caridade”.
Que Maria Santíssima nos ajude, primeiro a não nos deixar levar pelos
espíritos maus; depois, a termos uma fé convicta, a fim de sermos um
instrumento de Deus na libertação dos que são possuídos pelas forças do mal.
Ensinava como quem tem autoridade.
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