Que devemos fazer?
Neste Evangelho, o povo, tocado pelas
pregações de João Batista, o profeta preparador da vinda de Jesus, pergunta a
ele: “Que devemos fazer?” João responde de forma clara, dando exemplos
concretos, de acordo com a profissão da pessoa que perguntava. Nós também
perguntamos a João hoje: “Que devemos fazer?” Como João não está aqui para nos
responder, o Espírito Santo responderá no nosso coração. É assim que nos
preparar para celebrar o Natal. Portanto, a nossa preparação deve ser prática,
ligada à nossa profissão e ao nosso estado de vida.
“Quem tiver duas túnicas, dê uma a
quem não tem; e quem tiver comida, faça o mesmo!” Esta é a Lei maior do
Evangelho, a caridade concretizada na partilha dos nossos bens com os
necessitados. Esse apelo de João Batista derruba qualquer desculpa para não
partilharmos com quem precisa, porque ela manda não apenas dar o que nos sobra,
mas dividir o que temos com quem não tem. Ela pega o ponto central da caridade,
que é socorrer o próximo nas suas necessidades. “Irmãos, carregai os fardos uns
dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo”
(Gl 6,2).
Que bom se, agora no advento, nós
arrancássemos o nosso coração de pedra e colocássemos no lugar um coração de
carne, aberto à Palavra de Deus! Assim, o Natal não será apenas celebrado, mas
realizado em nós e em nosso meio.
Diz um dos prefácios do advento: “Na
verdade, ó Pai, Jesus vem ao nosso encontro presente em cada pessoa humana,
para que o acolhamos na fé e o testemunhemos na caridade. E assim nos
preparamos para celebrar o seu Natal”. Onde existe caridade, ali Jesus nasceu.
Acontece, portanto, o Natal. Este é o Natal que Deus quer.
Existem necessidades físicas,
psicológicas, afetivas, morais etc. Que Deus nos dê olhos para discernir as
necessidades do nosso próximo, e nos dê um coração bom para socorrê-los.
Em seguida, João fala para os
cobradores de impostos: “Não cobreis mais do que foi estabelecido”. É a
corrupção que deve ser abolida, a fim de que Jesus possa nascer em nosso meio.
A corrupção e as suas parentes: a mentira, a falcatrua, a safadeza...
Enquanto não abraçarmos, de corpo e
alma, a prática da verdade, o Natal não virá. Jesus permanecerá lá na gruta
fria de Belém, sem vir até nós.
Precisamos levar o Natal para a nossa
família, para o nosso local de emprego, para a nossa escola etc.
Por que celebramos todos os anos o
Natal? Porque durante o ano vai entrando muita areia na engrenagem, e
precisamos limpá-la e lubrificá-la para receber Jesus. Imagine se João Batista
viesse hoje, e fizesse um discurso para a nossa Comunidade ou para a nossa
família, o que ele diria? Ele que era franco e dava nomes aos bois? Podemos até
adivinhar o que ele diria.
Por tudo isso, vemos que advento é
tempo de oração. Deus caminha ao nosso lado, querendo nos ajudar a celebrar bem
o nascimento do seu Filho. “Rorate coeni de super, et nubes pluant justum!” =
Abri, ó céus, e as nuvens façam chover o justo!
Faltam apenas dez dias para o Natal!
Mas ainda há tempo de fazermos muitas coisas. Vamos pegar uma lanterna e
clarear os cantos escuros do nosso coração, a fim de que ali também Jesus possa
nascer.
Certa vez, numa classe de catecismo,
uma criança pediu licença à catequista para celebrar o aniversário de sua mãe
na sala da catequese. A professora consentiu e ela convidou seus coleguinhas da
classe. Cada um devia trazer uma coisa: refrigerante, doces etc.
No dia marcado, a catequista foi lá,
para cumprimentar a mãe da sua aluna. Mas, para sua surpresa, ao entrar na
sala, viu que as crianças estavam felizes, na maior festa, com música e tudo,
comendo e bebendo, mas a mãe não estava! Então a catequista perguntou para a
menina: “E sua mãe, não veio?” Ela respondeu simplesmente: “Não veio!”
Mas as crianças não estavam nem aí
com a ausência da aniversariante; o que elas queriam mesmo era a festa.
Isso que aconteceu nesta classe de
catecismo, por estranho que pareça, acontece em milhares de famílias na noite
do Natal: festejam e se divertem, mas sem nem se lembrarem do aniversariante! É
para que isso não aconteça que existe o tempo do advento.
Maria se preparou durante nove meses
para o nascimento de Jesus. Que ela nos ajude, agora, a nos preparar também, a
fim de celebrar o seu aniversário.
Que devemos fazer?
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