22 de dezembro -
sábado
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SÁBADO DA III SEMANA DO ADVENTO
22/12/2012
1ª Leitura Samuel 1, 24-28
Salmo 1 Sm, 2,1 a “Exulta o meu
coração no Senhor, nele se eleva a minha força”
Evangelho
Lucas 1, 46-56
O
CANTO DE MARIA - Diac. José da Cruz
Há
nas relações humanas uma virtude um tanto fora de moda que se chama Gratidão,
pois em uma sociedade onde a Gratuidade cedeu espaço para o mercantilismo e as
relações interesseiras, ser grato a alguém parece que não tem muito sentido. A
palavra "muito obrigado" virou apenas uma cortesia, um mero
formalismo, da boca para fora.
O
Canto de Maria, na casa de Isabel, denominado de Magnificat, não é apenas um
"muito obrigado a Deus" porque Ele atendeu a seus interesses,
concedeu-lhe um favor solicitado, pois diferente da troca ou barganha, a
relação de Deus com os homens é pautada pela gratuidade, sem que haja qualquer
merecimento da parte de quem é agraciado.
Ser
grato a Deus e cantar-lhe um hino de ação de graças quando todos os nossos
interesses foram atendidos conforme nosso desejo e pedido, é uma obrigação. Eu
pedi, Deus me atendeu, e agora estou obrigado a agradecer...Se o modo de Deus
agir fosse esse, o Cristianismo não teria passado de uma seita dentro do
judaísmo, que possivelmente nem chegaria ao primeiro século de existência.
Olhemos com atenção esse canto de Maria...
Primeiro
que Deus não espera de nós a gratidão, e nem quer Ele nos ver prostrados,
agradecidos pelo bem que ele nos fez, esse tipo de coisa só existe nas relações
humanas, quando vivemos a procura de quem "alise" o nosso ego, somos
pequenos e bem frágeis, ainda não temos a Generosidade de Deus, que se doa e se
entrega, sem esperar absolutamente nada em troca. Não há ser humano, por mais
altruísta que seja, que esteja imune a esse sentimento, todos nós, sem exceção,
esperamos alguma forma de gratidão, ainda que se faça de graça, por idealismo,
a gratidão por parte do outro nos faz um bem imenso, não vejo isso como um
pecado....
Primeiro
vamos notar que Maria não olha para si e nem para seus interesses ou planos que
aliás, eram outros, por isso na afirmação "O Todo Poderoso fez grandes
coisas em meu favor", Maria está rezando com o seu povo que alimentava a
grande Esperança Messiânica.
Ester
prefigura Maria que, gozando dos favores do Rei, quando este lhe estende o
Cetro para que ela faça o seu pedido, Ester intercede pelo povo. Maria canta as
grandezas de Deus porque em seu íntimo já está Aquele que irá cumprir todas as
promessas feitas a Abraão.
Diante
de Deus, quem se esvazia de si mesmo, ficará repleto da Graça Divina, mas quem,
ao contrário se encher de orgulho e vaidade, vai ficar desapontado justamente
porque diante de Deus e da sua obra, se sentirá vazio, por isso os pobres e
humildes serão exaltados e irão se fartar, enquanto que os ricos se sentirão
pobres, no sentido de sentirem falta de alguma coisa que a riqueza material não
consegue oferecer.
Maria
será exaltada e sempre lembrada de Geração, justamente por ser ela a prova
inequívoca de que a ação Divina é marcada pela gratuidade, e a partir de Maria
todos poderão também experimentar desse Amor Divino que se esvazia daquilo que
é, ocultando a Divindade em nossa carne. Em Maria e sempre com ela, todos os
que se fazem pobres e pequenos diante de Deus, percorrerão esse mesmo caminho, que
conduz o Homem a comunhão plena com Deus, seu destino final, que não está
perdido lá no passado, mas está á frente, como promessa de Deus que irá se
cumprir.....Essa é a MARAVILHA que Deus realizou, não só em Maria, mas em todos
nós, com a encarnação do Verbo Divino....
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