Luz para iluminar as nações.
Este Evangelho narra a apresentação de Jesus no Templo e a purificação
de Nossa Senhora. Nós o contemplamos no quarto mistério gozoso do terço. Nele
aparece três vezes a expressão “conforme a Lei do Senhor”. Maria e José viviam
atentos em cumprir direitinho todas as leis de Deus. Aí está um recado para
nós: o segredo da nossa felicidade está na fidelidade à Lei do Senhor. Para
Maria e José, eram as Leis do Antigo Testamente; para nós, são os mandamentos
de Deus e da Igreja.
A apresentação de Jesus no Templo corresponde à nossa celebração do
batizado das crianças. Mas não basta batizá-las, é preciso fazer com que elas
cresçam cheias de sabedoria e da graça de Deus, como Jesus cresceu.
Como disse o profeta Simeão, Jesus foi a Luz que Deus Pai enviou para
iluminar as nações.
“Agora, Senhor, podeis deixar teu servo partir em paz.” Simeão sabia que
ninguém consegue partir deste mundo com a esperança da vida eterna, se não está
ligado a Jesus. Ter a graça de segurar o Menino Jesus foi para ele um sinal de
que Deus o segurava em seus braços, portanto, podia morrer. Isso vale para nós.
Se queremos, ao sair deste mundo, ganhar a vida eterna, temos de segurar Jesus
em nossos braços, agarrar-nos a ele e não largá-lo mais.
“Os que se deixam guiar pelo Espírito de Deus, esses são os filhos de
Deus” (Rm 8,14). Foi o Espírito Santo que levou Simeão ao Templo. Se queremos
ter Jesus em nossos braços, e assim ser dignos da vida eterna, dirijamo-nos ao
Templo, à Igreja, porque lá nos encontraremos com Jesus. “Vós, como pedras vivas,
formai um edifício espiritual, um sacerdócio santo, a fim de oferecerdes
sacrifícios espirituais agradáveis a Deus, por Jesus Cristo” (1Pd 2,5). Se
vamos à Igreja domingo, nós a carregamos conosco durante a semana, e assim nos
tornamos também um edifício santo e agradável a Deus. Na Igreja, nós
encontramos a paz em plenitude. “E a paz de Deus, que supera todo entendimento,
guardará os vossos corações e os vossos pensamentos no Cristo Jesus” (Fl 4,7).
Outro destaque do Evangelho é a união do casal. Aliás, Maria e José
estavam sempre unidos, nas horas difíceis e nas horas alegres: no nascimento de
Jesus; na fuga para o Egito, na perda e encontro do menino no Templo... A
família de Nazaré era unida e todos os membros colaboravam, cada um do seu
modo. Assim, só podia dar no que deu: uma família que formou três santos. No
casamento, o casal faz um juramento diante de Deus, da Igreja e dos familiares;
um juramento de permanecerem unidos até o fim da vida.
Quando o profeta Simeão pegou Jesus nos braços, ele disse a Maria: “Este
menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel.
Ele será um sinal de contradição. Assim serão revelados os pensamentos de
muitos corações. Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma”. O mundo tem
outros valores e segue outro caminho. Por isso que Jesus foi um sinal de
contradição, e a mãe sofreu com ele. Todos os seguidores de Jesus têm a mesma
sina: ser um sinal de contradição e ter a espada de dor.
Simeão disse, em sua profecia, que “serão revelados os pensamentos de
muitos corações”. Diante de Jesus, caem as máscaras. As pessoas malandras não
conseguem esconder suas falcatruas. As maldades aparecem, e os primeiros a
sofrerem as conseqüências são os cristãos.
Certa vez, um viajante contratou um burro para levar uma pequena carga
porque estava indo para um lugar distante. O dono do animal foi junto, porque
sabia lidar com ele.
Como o calor estava muito forte e o sol brilhava intensamente, o
viajante parou para descansar e buscou abrigo na sombra do burro. Acontece que
a sombra só protegia uma pessoa e tanto o viajante como o dono do burro a
reivindicavam. Por isso surgiu entre eles uma violenta disputa sobre qual teria
o direito de desfrutá-la. O proprietário dizia que alugou apenas o burro e não
a sua sombra. O viajante afirmava que ao alugar o burro alugou também a sua
sombra.
A disputa prosseguiu com palavras e socos e, enquanto os homens
brigavam, o burro galopou para longe.
Ao disputar pela sombra, frequentemente nós perdemos a substância.
Precisamos trabalhar pela nossa união, a fim de imitarmos a família de Nazaré.
Muitas vezes, por questões pequenas e sem nenhuma importância, acabamos
perdendo a nossa paz e até o estímulo para seguir em frente. Perdemos a amizade
de pessoas que por longo tempo estiveram ao nosso lado e afastamos pessoas
queridas simplesmente porque não concordamos com situações que, sem esforço,
poderiam ser desprezadas. Deixamos que um ato de teimosia, nosso ou de alguém
com quem lidamos, interfira em nosso relacionamento, ditando regras de conduta
para nossas atitudes.
Vamos pedir à Família de Nazaré que nos ajude a segui-la em tudo, mesmo
que nos venham espadas e cruzes. No meio de um mundo de mentira, que vivamos na
verdade. No meio de um mundo de violência, que vivamos na paz. No meio de um
mundo de tristeza, que vivamos na alegria. No meio de um mundo de egoísmo, que
vivamos no amor. No meio de um mundo ganancioso, que pratiquemos a partilha.
Luz para iluminar as nações.
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