Hoje vimos coisas
maravilhosas.
Este Evangelho
narra a cura do paralítico descido pelo telhado. Ao ver o milagre, “todos
ficaram fora de si, glorificavam a Deus e cheios de temor diziam: Hoje vimos
coisas maravilhosas!”
Nós também, se
tivermos fé como aquele paralítico e os homens que o carregavam, veremos coisas
maravilhosas. Aliás, o próprio nascimento de Jesus, para cujo aniversário estamos
nos preparando, é a coisa mais maravilhosa que Deus fez para nós.
O único jeito que
aqueles homens encontraram de levar o paralítico até Jesus foi descê-lo pelo
telhado, fazendo este enorme sacrifício. Nós não precisamos ir tão longe. Jesus
está ao nosso lado, principalmente nas nossas igrejas, presente na Eucaristia. E
está ali com a mesma força e bondade que tinha naquele tempo.
Ao ver aquele
paralítico sendo descido do telhado na sua frente, Jesus ficou admirado com a
fé deles e diz: “Homem, teus pecados estão perdoados”. Jesus tinha consciência
de que este era o maior presente que ele podia dar a alguém, muito mais valioso
do que a cura física, pois esta até o médico pode nos dar.
Ao ver Jesus dizer:
“Os teus pecados estão perdoados”, os escribas e fariseus se escandalizam,
pensando que é uma blasfêmia, pois só Deus pode perdoar pecados. Eles não
acreditavam que Jesus era Deus. Mas a cura do paralítico veio provar que Jesus
é Deus mesmo. No fundo, a cena é um relato de epifania, isto é, é manifestação
da divindade de Jesus.
Esse poder, o
Senhor ressuscitado transmitiu-a à sua Igreja, quando disse aos Apóstolos:
“Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão
perdoados” (Jo 20,22).
A santa Igreja é a
depositária e mensageira do perdão de Deus para o homem pecador, função que ela
exerce no sacramento da Reconciliação ou Penitência. A perda do sentido de
pecado que o homem moderno tem é a principal prova do pecado em que vive
mergulhado, e da necessidade que ele tem de ser perdoado, salvo e regenerado.
No meio de um mundo secularizado, queremos anunciar e testemunhar as realidades
transcendentes, que são eternas.
Em nossa Comunidade
cristã, nós queremos valorizar ao máximo este grande presente que Jesus nos
trouxe que é o perdão dos pecados. Valorizá-lo e usufruirmos dele.
Para que uma
Comunidade seja reconciliadora, é necessário que seus membros se perdoem
mutuamente. “Perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos...” Os agentes
da reconciliação precisam estar reconciliados entre si e com Deus.
Infelizmente, o pecado é uma realidade sempre possível na Igreja, que é santa e
pecadora. Devemos não só nos perdoar, mas ter misericórdia uns dos outros: “Não
devias tu ter piedade do teu companheiro como eu tive de ti?” (Mt 18,33).
A confissão é
chamada o sacramento da alegria. Isso porque ela é irmã do batismo. Este nos dá
a graça de Deus, a confissão recupera essa para quem perdeu e aumenta para quem
não a perdeu. Pelo batismo nós nascemos para Deus; na confissão nós renascemos
para ele. Com o batismo nós ingressamos na Família de Deus; pela confissão
somos reintegrados nessa Família.
Que escutemos o
apelo do Senhor à conversão e deixemos que ele nos transforme, ele que é capaz
de fazer brotar rios no deserto. E que a consciência de que somos pecadores nos
torne mais humildes.
S. Francisco de
Sales viveu na França, no Séc. XVI. Durante muitos anos foi pároco numa
paróquia do interior. Havia um rapaz que se confessava frequentemente com ele,
e sempre contava o mesmo pecado. Todas as vezes, o padre, com a maior bondade,
dava a absolvição e dizia: “Vá em paz, filho!” Na confissão seguinte, o jovem
pensava: agora ele vai dar bronca. Mas nada. Sempre com a mesma bondade, o
padre dizia: “Vá em paz, filho!”
Um dia, após a
confissão, foi o moço que perdeu a paciência com o padre e disse: “Sr. padre, o
senhor está me conhecendo, e lembra-se das outras vezes que me confessei?” Pe.
Francisco respondeu com bondade: “Sim, filho, lembro-me muito bem”. “Então –
continuou o jovem – por que o senhor não fica bravo comigo, pelo fato de eu
sempre contar o mesmo pecado?”
Pe. Francisco
respondeu: “Filho, cada vez que você cair, levante-se. O importante é que,
quando Deus vier buscá-lo, o encontre em pé!”
Aí está o grande
segredo da vida cristã: o importante não é nunca fazer pecado – o que ninguém
consegue – mas é levantar-se cada vez que cai, porque assim, quando Deus vier
nos buscar, estaremos em pé. Cair num buraco, todo mundo cai. Mas ficar lá
dentro, isso não. Podemos pecar um milhão de vezes que Deus sempre nos
perdoará. O que ele quer é que sempre nos levantemos.
Maria Santíssima é
coração de Mãe, que sabe e quer perdoar. Que ela nos ajude a sempre buscar o
perdão do seu Filho.
Hoje vimos coisas
maravilhosas.
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