Padre Antonio Queiroz
Eu te louvo, Pai,
porque te revelaste aos pequeninos.
Este Evangelho nos
mostra que Deus gosta das pessoas simples e humildes. Toda a Bíblia fala do
amor predileto de Deus pelos pequenos e pobres.
Jesus mesmo era
assim: “Tomai sobre vós o meu jugo e sede discípulos meus, porque sou manso e
humilde de coração, e encontrareis descanso para vós” (Mt 11,29).
Quando Jesus fazia
um grande portento, mostrando a sua divindade, pedia aos discípulos que não divulgassem.
Isso porque ele era humilde e não queria se destacar sobre as pessoas com quem
convivia. Seu desejo era ser considerado gente simples, comum e do povo.
E ele nos aconselha
a fazer o mesmo: “Quando fores convidado para uma festa, vai sentar-te no
último lugar. Quando chegar então aquele que te convidou, ele te dirá: ‘amigo,
vem para um lugar melhor!’ Será uma honra para ti, à vista de todos os
convidados. Pois todo aquele que se exalta será humilhado e quem se humilha
será exaltado” (Lc 14,10-11).
“Eu te louvo, Pai,
Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e
inteligentes, e as revelastes aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu
agrado.”
Em seguida, Jesus
fala: “Ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser
revelar”. Isso para mostrar que, se ele ocultar dos orgulhosos os mistérios
sagrados, os orgulhosos não têm outro meio de ficar sabendo.
“Felizes os olhos
que vêem o que vós vedes...” É um convite de Jesus a não inveja de grandes e
famosos personagens, do passado ou do presente. Conhecer a Jesus e segui-lo é a
melhor parte, a melhor riqueza, a felicidade completa. E tanto o conhecimento
como a fé em Jesus são dados aos pequenos e humildes.
“O céu é o meu
trono... Mas eu olho para o pobrezinho de alma abatida que treme ao ouvir minha
palavra” (Is 66,1-2).
“Não tenhais medo,
pequeno rebanho, pois foi do agrado do vosso Pai dar a vós o Reino. Vendei
vossos bens e dai esmola. Fazei para vós bolsas que não se estragam, um tesouro
no céu que não se acabe; ali o ladrão não chega nem o traça corrói” (Lc
12,32-34).
Certa vez, um homem
recebeu a notícia de que acabava de ser nomeado mandarim. Mandarim era um
espécie de ministro dos antigos reinos orientais; um dos cargos mais
importantes do reino.
O homem ficou super
feliz. Agora sim, pensou ele, serei um grande homem aqui no reino. Preciso
então providenciar logo uma roupa adequada, que faça jus à minha nova posição e
à minha dignidade.
Foi ao alfaiate
mais famoso do reino e lhe pediu que fizesse para ele o manto próprio de
mandarim.
O alfaiate tirou
todas as medidas, cuidadosamente, depois perguntou ao cliente: “Há quanto tempo
o senhor é mandarim?” O homem estranhou a pergunta e disse: “O que tem a ver
isso com o manto?”
O alfaiate
explicou: “Acontece que um mandarim recém nomeado fica tão deslumbrado com o
cargo que mantém a cabeça altiva, ergue o nariz e estufa o peito. Por isso
tenho de fazer a parte da frente do manto maior que a de trás.
Agora, anos mais
tarde, quando ele está ocupado com o seu trabalho e cansado devido aos
transtornos advindos do cargo, ele fica mais sensato e costuma olhar para
frente, a fim de ver o que vem na sua direção e o que precisa ser feito. Aí eu
costuro o manto de modo que as partes da frente e de trás tenham o mesmo
comprimento.
Mais tarde, depois
que o seu corpo está curvado pelos anos de trabalho e ele está mais humilde
devido às humilhações que recebeu, então eu faço o manto de forma que as costas
fiquem mais longas que a frente.
Por isso que eu
preciso saber do senhor há quanto tempo está neste cargo”.
O novo mandarim
saiu da alfaiataria pensando menos no manto e mais na responsabilidade que ia
assumir.
“Deus resiste aos
soberbos, mas concede a graça aos humildes” (Tg 4,6). Ninguém é mais que
ninguém. Para Deus, todos os serviços têm a mesma dignidade. O prefeito da
cidade não está do lixeiro; o que vale é o amor e a dedicação que colocamos em
nossos serviços.
Maria Santíssima,
na Anunciação se considerou serva do Senhor. No magnificat, admirou-se de Deus
ter olhado para ela, uma pessoa tão humilde. Em toda a sua vida, nunca procurou
lugares de honra e destaque; a sua alegria era servir. Que ela nos ajude a ser
simples e humildes!
Eu te louvo, Pai,
porque te revelaste aos pequeninos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário