27 de Novembro
Evangelho - Lc 21,5-11
Bom dia!
Quantas pessoas que conhecemos vivem uma visão
apocalíptica da vida? Quantos parecem ter desistido de lutar em vida e passado
a esperar o fim como salvação. Sim! Parece que seja esse o grande motivo de se
desejar tanto o fim do mundo – um fruto amargo chamado insatisfação pessoal.
Estranhamente, vemos nessas pessoas, irmãos e
irmãos de longa caminhada, a descrença quanto ao futuro em vista do seu ATUAL
presente. Sei que é duro de falar nisso, mas todo aquele que se apega ao
apocalipse esquece-se de viver a Páscoa. Como pode alguém convencer outro sobre
a vida, a cura, de um milagre se no fundo deseja fugir?
Pensar no fim pode ser sim uma fuga da realidade. É
querer como os apóstolos no monte Tabor, esquecer de voltar à realidade e ali
montar suas tendas. É tentar “apressar” a volta de Jesus para enfim morar no
paraíso. Todos queremos um dia sermos dignos do paraíso, mas creio que não é
fugindo que o alcança.
Jeremias vivia exilado na Babilônia, Deus se fez
revelar assim:
“(…) Sei muito bem do projeto que tenho em relação
a vós — oráculo do SENHOR! É um projeto de felicidade, não de sofrimento:
dar-vos um futuro, uma esperança! Quando me invocardes, ireis em frente, quando
orardes a mim, eu vos ouvirei. Quando me procurardes, vós me encontrareis,
quando me seguirdes de todo coração, eu me deixarei encontrar por vós — oráculo
do SENHOR. Mudarei vosso destino, vou reunir-vos de todos as terras e lugares
por onde vos dispersei — oráculo do SENHOR —, e trazer de volta para este lugar
do qual vos exilei”. (Jeremias 29, 11-14)
Esse pensamento apocalíptico é tão evidente em
algumas pessoas que até se dão ao luxo de escolher datas como 2000, 2012, 2023,
(…) ou quando vêem doenças novas surgir a anunciar o fim dos tempos. Lembro
recentemente da gripe suína, conheço gente que não saia de casa esperando o fim
do mundo (hunf). Isso não é brincadeira e sim fanatismo religioso baseado na
imaturidade pessoal.
Não vejo Deus preocupado em destruir aquilo que
pacientemente edificou. Jesus nesse evangelho profetisa o que realmente veio
acontecer com Jerusalém e fatalmente aconteceria a todas as nações que assim se
comportassem. Se cada um de nós não levantar a bandeira de defesa do meio
ambiente, com certeza, um dia teremos problemas, pois isso é um fato; se não
levantarmos a bandeira da defesa das famílias, do emprego, da dignidade humana,
(…) também teremos problemas, mas as nossas dificuldades atuais não podem nos
impor um regime de medo e tão pouco o direito de amedrontar as pessoas.
Deus anda conosco e sempre andará. Atitudes mudadas
no presente podem nos garantir um futuro melhor. Não nos exilemos ou nos
encarceremos pelo medo. “(…) Pois Deus não nos deu um espírito de covardia, mas
de força, de amor e de moderação”. (II Timóteo 1, 7)
Como nosso frei Alceu diz: “fuja desse povo que vê
o fim do mundo toda hora”.
Um imenso abraço fraterno.
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