Dia 22 de novembro
Lc 19,41-44
Se tu também compreendesses hoje o que te pode trazer a paz!
Neste Evangelho, Jesus faz uma lamentação sobre Jerusalém, a cidade
santa, que abrigou tantos profetas, patriarcas e outros enviados de Deus.
Entretanto, agora, não quis acolher o Messias, aquele que lhe pode trazer a
paz.
Os olhos dos seus habitantes se fecharam, seu coração se endureceu e
fizeram da cidade um centro de exploração e opressão do povo. Enveredaram por
um caminho que é o avesso da paz.
Por isso, Jerusalém será destruída. Não quis reconhecer a visita de Deus
e a ocasião para mudar as próprias estruturas injustas. Não quis abrir-se ao
apelo do Messias, que pede a conversão.
Em outra ocasião, no encontro com a samaritana, Jesus disse algo
semelhante: “Se tu conhecesses o dom de Deus e quem é aquele que te diz: Dá-me
de beber, tu lhe pedirias e ele te daria água viva!” (Jo 4,10).
Se também nós conhecêssemos e valorizássemos o tesouro que nos foi dado,
que é Jesus e o seu Reino, com certeza o mundo seria melhor. “Se a gente
compreendesse o amor que Deus nos dá, o inferno poderia se acabar!” (Refrão de
um canto das Comunidades cristãs).
A conversão é como uma pedra que cai em um lago; as ondas vão se
alargando, até atingir todo o lago. A nossa conversão também é expansiva e faz
o mundo ser melhor. Mas para isso ela tem de ser decidida, generosa e transportada
para a nossa prática do dia-a-dia.
O próprio Deus reclama: “O meu povo abandonou a mim, fonte de água viva,
e cavou para si cisternas rachadas, que não retêm a água!” (Jr 2,13). Essas
cisternas rachadas são os caminhos falsos de felicidade que o mundo nos
apresenta.
Muitas vezes, o que emperra a nossa conversão não é a recusa direta da
Lei de Deus, mas a tibieza e a mediocridade. É ficar no meio do caminho.
“Conheço a tua conduta. Não és frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente!
Mas, porque és morno, nem frio nem quente, estou para vomitar-te de minha boca”
(Ap 3,15).
O mundo precisa de pessoas definidas na fé. A indefinição diante de Deus
é pior que a negação dele. “Não podeis servir a dois senhores”. “Nem todo
aquele que me diz: Senhor! Senhor!, entrará no Reino dos Céus, mas só aquele
que põe em prática a vontade de meu Pai que está nos céus” (Mt 7,21).
Veja o que Deus fala ao seu povo: “Extrairei do seu corpo o coração de
pedra e lhes darei um coração de carne, de modo que andem segundo minhas leis,
observem e pratiquem meus preceitos. Assim serão o meu povo e eu serei o seu
Deus” (Ez 11,19-20).
Certa vez, um homem estava procurando algo, cuidadosamente, debaixo de
um poste iluminado, altas horas da noite. Passou um amigo e lhe perguntou o que
estava procurando. “Perdi a chave de casa e estou procurando-a”, respondeu
aquele homem preocupado. O amigo, solidário, começou a procurar também.
O tempo passou e, mais de uma hora depois, o amigo perguntou por
perguntar: “Você tem certeza que foi aqui mesmo que você perdeu a chave?” E
aquele homem, tranquilamente, respondeu lamentando-se: “Não! Eu perdi mesmo foi
perto daquele outro poste... mas lá está sem luz e não dá para eu procurar!”
É comum acontecer algo semelhante no nosso trabalho de conversão. As
partes mais difíceis do Evangelho, que nós claramente não seguimos, deixamos
para depois, e vamos atacar outros pontos bem mais fáceis. Precisamos por o
remédio na ferida, mesmo que doa; atacar o pecado onde ele está.
Que Maria Santíssima interceda junto de Deus, para que ele transforme o
nosso coração de pedra em um coração de carne, aberto à conversão.
Se tu também compreendesses hoje o que te pode trazer a paz!
Padre Queiroz
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