26 de Novembro
- segunda feira
SEGUNDA FEIRA DA 34ª SEMANA DO TC 26/11/2012
1ª Leitura Ap 14, 1-3.4b-5
Salmo 23 (24) . 6 “Tal é
a geração dos que o procuram, dos que buscam a face do Deus de Jacó”
Evangelho Lucas 21, 1-4
“Nossas moedinhas” – Diácono José da Cruz
Eu fiquei pensando seriamente nessas duas moedinhas da viúva,
que foram depositadas no cofre do templo, e que, conforme o próprio Jesus, era
tudo o que ela tinha, provavelmente o
dinheiro do pão e do leite. Aquelas moedinhas que “esquecemos” no console do
carro, e que quando algum pedinte vem com a “Caixinha” nos semáforos, a gente pega e dá. No nosso
caso é sobra, no da viúva era um valor importante na sua modesta economia.
Tem-se a impressão de que no dia seguinte a coitada ficou sem tomar café.
Uma interpretação literal desse evangelho seria mais ou menos
assim: você faz a sua compra do mês, mas em vez de levar para sua casa, leva na
casa de alguém muito pobre, e você só
terá o dinheiro para compra no outro mês. Não é isso? Tirar da boca para dar
aos outros.
Mas notem que as duas
moedinhas não foram dadas de esmola, mas era uma oferta dentro de uma
celebração, então foram dadas a Deus, eis aí a diferença fundamental. Talvez a
gente até pense que, agora ficou bem mais fácil de imitar a viúva, dar aquilo
que para mim é essencial, para Deus. E por que será que Deus vai querer as
nossas moedinhas? O que nossas
miseráveis ofertas vão acrescentar a grandiosidade de Deus? Nada! Então por que
abrir mão daquilo que nos é essencial? Quando falamos de bens materiais,
inclusive dinheiro, o que damos na verdade é o que sobra e até mesmo o nosso
Dízimo, é o último valor que entra no nosso orçamento mensal “Posso dar que não
vou me apertar!” pensamos sempre de maneira um tanto mesquinha. Quanto mais
rico mais posso dar, mas sempre o que me sobra. Claro que dar em nome de Cristo
é uma obra de caridade. Fiquem tranquilos....
Em uma visão bem pastoral a reflexão é muito bonita. Há algo
sim, que podemos dar a Deus na comunidade, algo precioso que nos é essencial, e
que parece que ninguém tem sobrando... o tempo! É a primeira justificativa que
damos quando somos convidados para “dar” algo essencial de nós, em algum trabalho pastoral ou ministério “Ah
estou sem tempo...”, as pessoas até já introduzem a conversa dizendo “Olha, se
tiver um tempinho...”.
Eis aí as nossas pequeninas moedinhas da pós-modernidade: nosso
tempo. Para ouvir as pessoas, para visitar um doente, para visitar alguém que
sumiu da comunidade, para ir consolar alguém que perdeu seu ente querido, para
compartilhar meu conhecimento profissional em algum curso de formação. Nesse sentido,
nossas pastorais são aquele cofre do templo, onde ás vezes colocamos grandes fortunas, mas
que está nos sobrando “Ah hoje eu não ia fazer nada mesmo...”.
Porém, o que Jesus nos pede é uma doação verdadeira, dar um tempo
em algum trabalho pastoral, para alguma pessoa, um tempo que vai nos fazer
falta pela sua preciosidade, digamos assim, no meu justo descanso da tarde de
um domingo, vou fazer algum trabalho pastoral. Deixamos de descansar no
conforto de nossa casa, para nos doar a alguém. Será que tudo o que fazemos na
pastoral ou no ministério, não é apenas uma terapia ocupacional para “matarmos”
o tempo que nos está sobrando? A verdade é que as moedinhas da viúva nos fazem
pensar no assunto....
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