02 de dezembro – Domingo
1º Domingo do Advento Ano “C” 02/12/2012
1ª Leitura Jeremias 33, 14-16
Salmo 24 (25) 1 “Para
Vós, Senhor, elevo a minha alma”
2ª Leitura
1Tessalonicenses 3, 12-4,2
Evangelho Lucas 21, 25-28. 34-36
"Erguei
a vossa cabeça” – Diac. José da Cruz
O gesto de ficar de cabeça baixa tem muitos significados, quando
se perde a honra e a dignidade, quando pesa sobre nós alguma acusação grave,
quando sentimos o peso de nossas misérias, ou quando há em nós alguma culpa ou
remorso, por algo de mal que cometemos. Antigamente, os filhos ou filhas,
ouviam a correção paterna de cabeça baixa, sinal de vergonha, humilhação e
arrependimento. Em um tribunal, o réu permanece de cabeça baixa diante do magistrado.
Pode ser um gesto imposto, mas também pode ser um ato voluntário. Quem tem
coração marcado por alguma culpa, não consegue olhar nos olhos de alguém que
lhe é superior nas virtudes. Na minha infância, quando os valores familiares e
comunitários eram um patrimônio sagrado, havia certos olhares que evitávamos,
quando havíamos cometido algum deslize, o olhar do pai e da mãe, o olhar dos
nossos mestres na escola, o olhar do sacerdote na igreja, ou mesmo o olhar da
nossa catequista, ou daquelas pessoas que considerávamos muito bondosas. Sempre
que algo pesava em nossa consciência era muito difícil erguermos a cabeça e
olharmos de frente para essas pessoas. Talvez seja por isso, que nesses tempos
da pós modernidade, algumas pessoas mais antigas, vira e mexe, comenta “Que o
mundo véio virou de ponta cabeça”, referindo-se a essa inversão de valores no
campo da ética e da moral.
Parece que hoje em dia há um sentimento de culpa, no coração de
quem quer se comprometer com o Bem , que é o próprio Deus revelado em Jesus
Cristo, pois a perversidade, a maldade, a mentira e o cinismo, estão presentes
em todas as classes ou categorias de pessoas, fazendo com que instituições,
antes intocáveis, agora sejam vistas com certa desconfiança.. E assim, muitas
pessoas acabam desistindo de ser boas, honestas, íntegras em seu ambiente, por
terem vergonha de ser uma exceção. Tive uma amiga que saiu de uma empresa,
porque na sua área de trabalho, embora jovem, e sendo casada, era a única que
não tinha ainda saído com o chefe e dizia-me que sentia-se muito mal em meio as
outras meninas.
É o relativismo nefasto e cruel, que vai sufocando os valores da
dignidade humana e que invadiu todos os ambientes, até mesmo nossas comunidades
cristãs, corrompendo o coração de muitos crentes testemunhas de Jesus. Quando o
homem passa a ser referência de si mesmo, sem a índole do cristianismo, o mundo
verdadeiramente acaba “virando de cabeça para baixo”.
Sol, lua e estrelas simbolizam algo que toda a humanidade pode
ver. De fato, em toda a terra tem-se a impressão de que o Mal se tornou
soberano e nos filmes catastróficos, algo apavorante é o barulho do mar e as
ondas gigantescas que engolem em poucos minutos, toda uma civilização. Para o
povo antigo, o mar era o domínio das forças do mal, eis aqui a causa da
angústia humana: medo de que o Bem Supremo não exista, de que tudo o que
ouvimos falar de Deus seja uma mentira e que a Obra da Criação e a Salvação que
Jesus nos trouxe, não passe de uma bela história, inventada por grupos
religiosos. O ser humano tem medo da sua própria verdade, e mais ainda, da
Verdade Divina.
O Evangelho desse primeiro domingo do advento, quando no
calendário litúrgico inicia-se um novo ano, desfaz essa grande mentira do Mal
“Vencedor”. “Então eles verão o Filho do Homem, vindo sobre as nuvens, com
grande Poder e Glória!”. Haverá um epílogo na História da Humanidade, tudo irá
convergir para Deus. Naquele momento irá se revelar quem é o ser humano, criado
por Deus e chamado para viver a vocação do amor em sua plenitude, todos os homens
se encontrarão com Cristo, Senhor do céu e da terra, o primogênito de vivos e
mortos, o homem verdadeiro nascido do desejo de Deus, feito á sua imagem e
semelhança.
“Quando todas essas coisas começarem a acontecer..” Isso é,
quando tudo parecer estar perdido, quando o homem perder toda sua dignidade e
rastejar-se diante das forças do mal, enfim, quando a derrota do Bem parecer
iminente, o cristão altivo, que professa sua fé em Jesus Cristo, único Deus e
Senhor de toda a História, deverá levantar-se e erguer a cabeça, porque a
redenção está próxima. O seu testemunho firme e resoluto irá desmascarar o mal,
onde ele estiver, e como a neve tênue, o Mal não conseguirá resistir ao raio de
sol do Bem Supremo que é Jesus Cristo.
Quanto aos que acreditaram nas potestades
do mal e em seu livre arbítrio trilharam os caminhos da escuridão, naquele
momento irão abaixar a cabeça envergonhados, porque não conseguirão contemplar
o Cristo Glorioso sobre as nuvens estes tomarão consciência da vitória
definitiva do Bem e depois, assistirão estupefatos a instauração definitiva do
Reino, e depois, cabisbaixos seguirão adiante, mergulhando na angústia eterna,
tendo a sã consciência de que tiveram mil oportunidades na vida, para
conhecerem o Senhor, mas que desgraçadamente fizeram a Opção errada!
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