20 de novembro - Terça Feira
TERÇA FEIRA DA 33ª
SEMANA DO TC 20/11/2012
1ª Leitura Ap. 3,
1-6, 14-22
Salmo Ap. 3,21 “Ao Vencedor concederei assentar-se comigo no
meu trono”
Evangelho Lucas 19,
1-10
Como Zaqueu...
Há um verbo interessante nessa narrativa do evangelista São
Lucas, carregado de sentido teológico: Zaqueu subiu em uma árvore, para poder
ver Jesus. Como se tivéssemos em baixo de nós um grande espelho, esse ato na
verdade é invertido, e quando, como Zaqueu, subimos, na verdade descemos.
Na História da Salvação, desde o antigo Testamento até o tempo
da Plenitude em Jesus Cristo, as muitas “subidas” significam a “Ascese
espiritual” onde, referências geográficas como montes e montanhas, e nomes de
forte simbolismo como Sinai e Horeb, entre outros, apontam para esse Ver,
conhecer e experimentar a Deus, que se revela aos homens. Essa teologia rica em
sinais Teofánicos, continua com maior intensidade no Novo Testamento, no Sermão
da Montanha, Tabor, Getsêmani e por fim o Monte Gólgota ou Calvário.
Entre os Salmos, formas da devoção popular para expressar seus
pedidos, desejos, angústias e alegrias, temos o Salmo das Subidas, que se
refere a peregrinação do Povo Judeu ao templo, lugar do encontro e da
experiência com o Deus da Aliança, e nos anos 60 lembro-me de um canto de
entrada que lembrava essa ascese “Com a Igreja subiremos, no altar do
Senhor....” .É preciso subir, elevar-se, quem quiser ver, ouvir e experimentar
a Jesus, terá de subir, Como Pedro Thiago e João que viram a transfiguração do
Senhor no alto do Monte Tabor, mas esse SUBIR supõe um DESCER.
Zaqueu , antes de subir naquela árvore, teve de descer de si
mesmo, do seu posto de chefe dos cobradores de impostos, do seu Status de
pessoa importante, se sua posição social, por que e para que? Porque tinha
ouvido falar de Jesus e queria conhecê-lo, mas havia duas coisas que o
atrapalhavam nesse seu desejo, de um lado a multidão que se aglomerava em torno
de Jesus e o ocultavam dos demais, e de outro, uma deficiência física: era
baixinho, mas o maior empecilho estava no fato de que era “alto” em poder, em
riqueza e importância social, o que Zaqueu tinha de baixa estatura, tinha de
grandeza na sociedade, era muito rico, nos lembra o Evangelista....Rico não precisa
subir em árvores para ver uma celebridade, possivelmente estará junto com a
celebridade no palco ou palanque montado. Rico não precisa espremer-se em meio
a multidão, pois tem os melhores lugares reservado junto com a sua comitiva.
Mas o coração de Zaqueu andava inquieto há muito tempo, não
foi coisa de momento pois esse pensamento vinha sendo gestado em seu coração,
exatamente como Maria, que antes de acolher Jesus em seu ventre, já o tinha
acolhido em seu coração.
E como o coração tem razões, que a própria razão desconhece,
naquele momento Zaqueu esqueceu do seu cargo, da sua posição, da sua
importância, do decoro que deve pautar as ações de alguém que ocupa um cargo
importante e subiu na figueira para ver Jesus passar e assim, acabou sendo
encontrado por Jesus. Quando desejamos vê-lo Ele já nos encontrou, o Deus
Poderoso e Onipotente, não entra em nossa vida sem o nosso consentimento, não
força, não exige, mas chama e propõe.
Por isso que a vida de Zaqueu mudou naquele dia, antes de
acolhê-lo em sua casa já o tinha acolhido em seu coração e daí a Salvação
aconteceu. “Hoje a Salvação entrou nessa casa, isso é, no coração e na vida de
Zaqueu. Quem conhece e experimenta Jesus movido por um desejo profundo, não
conseguirá mais ser o mesmo, a vida é transformada e renovada, a conversão de
Zaqueu e o seu desejo sincero de devolver ao próximo o que havia fraudado, é
apenas conseqüência da sua adesão a Jesus o Filho de Deus, adesão que vem do
kerígma provocado pelo primeiro anúncio, e que só é possível quando, a exemplo
do nosso Mestre e Senhor, também tenhamos a humildade de descer de nós mesmos,
para poder com Ele subir, COMO ZAQUEU...
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