O Filho do Homem
veio para dar a sua vida como resgate para muitos.
Este Evangelho tem
três partes: 1) O desejo de poder por parte de Tiago e João. 2) A resposta de
Jesus aos dois, referindo-se à sua paixão através das imagens do cálice e do
batismo. 3) A instrução de Jesus a todos sobre a autoridade como serviço.
Tiago e João
queriam tomar a dianteira sobre os outros Apóstolos, o que suscitou a
indignação dos dez, devido à desleal competição. O pano de fundo é a esperança
em um messianismo político, que era comum a todos os judeus.
Jesus se preocupa
em doutrinar estes futuros guias do seu povo sobre a maneira como deverão
desempenhar as suas funções e sobre o sentido correto do poder e da autoridade
para todos.
Isto é uma inversão
do conceito de autoridade que o povo tinha, e continua tendo hoje: ser
autoridade é estar por cima.
É interessante a
progressão nos dois sentidos contrários: quanto mais poder, mais abaixo dos
outros: “Quem quiser ser grande, seja vosso servo; e quem quiser ser o
primeiro, seja o escravo de todos”. No pensamento do mundo, ser escravo está
abaixo de ser servo, assim como ser o primeiro está acima de ser grande. Para
Jesus é o contrário: aquilo que é inferior segundo o mundo é superior, e é o
melhor, segundo ele, e o que deve ser desejado por todos nós. O domínio, o
autoritarismo e a ambição de poder não têm lugar na Comunidade cristã.
E Jesus lembra que
os chefes das nações são preocupados em manter o seu poder estando por cima,
dominando e até massacrando os outros. Até hoje, poucas pessoas entenderam e
vivem esta mensagem de Jesus! É comum em nossas Comunidades a sede de poder
como estar por cima.
“O Filho do Homem
não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate para
muitos”. Jesus não só ensina este paradoxal jeito de viver em sociedade, mas dá
o exemplo com a sua própria pessoa. Isto mesmo sabendo que ele era o Senhor, e
que o Pai tinha posto tudo nas suas mãos.
Na última ceia,
Jesus exemplificou esta nova maneira de exercer a autoridade através do gesto
de lavar os pés dos discípulos. E, para não haver dúvidas, disse: “Entendeis o
que eu vos fiz? Vós me chamais de Mestre e Senhor; e dizeis bem, porque sou. Se
eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos
outros. Dei-vos o exemplo para que façais assim como eu fiz” (Jo 13,12-15).
Isso é um apelo contundente a todos nós.
Imitando Jesus,
esse tipo de amor levará ao ponto de dar a vida, se necessário for. Que nós, em
nossas Comunidades cristãs, aprendamos essa lição do nosso Mestre.
As culturas
pré-cristãs inclusive sacralizavam o poder, colocando a autoridade quase no
lugar de Deus. Veja até que ponto chega o pecado humano! Mesmo entre nós,
muitos identificam o triunfo da Igreja com o Reino de Deus.
A Comunidade cristã
está a serviço do Reino de Deus no mundo. Ela não visa a própria glória e triunfo,
mas o crescimento da fé, da justiça, do amor e da paz.
Certa vez, um
professor de faculdade deu aos alunos de um curso noturno uma tarefa original:
pediu que eles sorrissem para três pessoas, documentando as reações delas, e
apresentassem na próxima aula.
Uma mulher casada,
logo que chegou a sua casa, sorriu para o marido enquanto tomavam um chá. Ele
também fez a mesma coisa.
No outro dia cedo,
enquanto ela esperava o ônibus, viu que as pessoas se afastavam. Olhando de
lado ela viu dois homens maltrapilhos com forte cheiro de quem não toma banho.
As pessoas haviam se afastado deles. Em vez de se afastar, ela se aproximou dos
dois e um deles, de olhos azuis, olhou para ela com os olhos cheios de luz, da
Luz de Deus. Ela sorriu para eles afetuosamente e disse: “Bom dia!” Percebeu
que um deles, que ficava atrás do colega, tinha as mãos trêmulas e sofria
problemas mentais. A jovem mulher segurou suas lágrimas.
À tarde, ao voltar
do serviço, ela contou para os dois filhos a experiência e sorriu para eles,
que também sorriram para a sua mãe.
À noite, ao voltar
para a faculdade, ela entregou o relato ao professor, o qual também sorriu e a
parabenizou.
“Quem quiser ser
grande, seja vosso servo; e quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de
todos”. Podemos servir as pessoas de muitas formas, a começar com o sorriso.
Maria Santíssima é
chamada a mulher servidora. Ela sempre procurou servir e não dominar ninguém.
Seguindo o exemplo do Filho, ela nos mostrou que o amor é mais forte que o
domínio. Serva do Senhor, rogai por nós.
O Filho do Homem
veio para dar a sua vida como resgate para muitos.
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