Quinta-feira, 1º de Novembro
Lc 13,31-35
Não convém que um profeta morra fora de Jerusalém.
O Evangelho de hoje tem duas partes: 1) A
hostilidade de Herodes para com Jesus. 2) Palavras duras de Jesus contra
Jerusalém.
Jesus estava a caminho para Jerusalém, cujo
governador era Herodes, quando um grupo de fariseus lhe diz: “Tu deves ir
embora daqui, porque Herodes quer te matar”.
Já havia matado João Batista, e agora tenta
desfazer-se de Jesus, intimidando-o, para que se afastasse do seu território.
Herodes tinha medo de os profetas, com a sua influência sobre o povo,
desestabilizarem o seu poder e o seu prestígio.
Mas Jesus é um profeta corajoso. Ele responde: “Ide
dizer a essa raposa: eu expulso demônios e faço curas hoje e amanhã; e no
terceiro dia terminarei o meu trabalho... Porque não convém que um profeta
morra fora de Jerusalém”. Foi uma referência à sua ressurreição, três dias após
a sua morte. Ele disse, em outras palavras, que seu compromisso é com Deus Pai
e com mais ninguém, e que não são ameaças que vão mudar o seu trabalho.
“Não convém que um profeta morra fora de
Jerusalém.” Por quê? Porque Jerusalém, no Antigo Testamento sempre foi palco
dos grandes acontecimentos religiosos, partidos tanto da bondade de Deus como
da maldade do povo.
“Jerusalém, Jerusalém! Tu que matas os profetas...”
Jesus se refere à recusa do povo em receber os enviados de Deus. “Eis que vossa
casa ficará abandonada”. É uma referência à destruição de Jerusalém, acontecida
anos depois. São ameaças proféticas que não deixam de ser mais um convite ao
povo para a conversão.
Jesus não procurou a morte, mas também não correu
dela. Ele não queria morrer – como qualquer ser humano não quer morrer – e sim
viver o máximo possível aqui na terra para fazer o bem e consolidar o Reino de
Deus. Mas quando colocaram a morte no seu caminho, ele não arredou o pé, ele
não arreda o pé da missão que recebera do Pai.
Quando S. Pedro, diante do perigo da condenação de
Jesus em Jerusalém, sugeriu a ele que não fosse para lá, Jesus lhe deu uma
resposta pesada: “Vai para trás de mim, satanás! Tu estás sendo para mim uma
pedra de tropeço, pois não tens em mente as coisas de Deus, e sim as dos
homens!” (Mt 16,23). “Coisas de Deus” é fazer a vontade de Deus, confiando nele
e arriscando até a vida terrena. “Coisas dos homens” é querer salvar a vida
terrena, mesmo que se afaste um pouco da vontade de Deus. Jesus caminhava para
Jerusalém porque fazia parte da sua missão recebida do Pai.
Que bom se nós fôssemos assim! “Haja entre vós o
mesmo sentir e pensar que no Cristo Jesus” (Fl 2,5).
“Se alguém quer me seguir, tome a sua cruz...” (Mc
8,34).
“Jesus Cristo me deixou inquieto, com as palavras
que ele proferiu. Nunca mais eu pude olhar o mundo sem sentir aquilo que Jesus
sentiu” (Música do Pe. Zezinho).
Vamos colocar a busca da vontade de Deus acima de
tudo na nossa vida.
Havia, certa vez, um padre que tinha em seu quintal
uma seriema. E a casa paroquial ficava ao lado da igreja. Esta seriema cantava
cada vez que se tocava o sino chamando o povo para a Missa. O interessante é
que, em outros momentos, podiam tocar o sino à vontade que ela não cantava.
Mas, tocou para a Missa, pronto, ela cantava. E cantava alto, como que querendo
ajudar o sino a chamar o povo.
Deus criou o mundo em perfeita harmonia. Até os
animais obedecem a Deus e “querem” que nós lhe obedeçamos. Que, devido à nossa
desobediência, Jesus não tenha de dizer a nós o que disse a respeito de
Jerusalém: “Jerusalém, Jerusalém! Tu que matas os profetas... Quantas vezes eu
quis reunir teus filhos, como a galinha reúne os pintinhos debaixo das asas,
mas tu não quiseste!”
A firmeza de Maria Santíssima, cujo coração foi
transpassado pela espada de dor, seja para nós um exemplo e um incentivo. Santa
Mãe das Dores, rogai por nós.
Não convém que um profeta morra fora de Jerusalém.
Padre Queiroz
Padre Antonio Queiroz, que bom partilhar todos os dias destas maravilhosas homilias, faz bem par minha alma e espirito.
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