Terça-feira, 09 de outubro
Lc 10,38-42
Marta recebeu-o em sua casa. Maria escolheu a melhor parte.
Este Evangelho começa com a seguinte frase: “Jesus entrou num povoado, e
certa mulher, de nome Marta, recebeu-o em sua casa.” Como é bom, para quem está
viajando, ser acolhido por alguém! Ainda mais por amigos, como eram esses três
irmãos, Marta, Maria e Lázaro. Jesus e os Apóstolos sempre se hospedavam em sua
casa, pois os recebiam, não só na casa mas no coração.
Há pessoas que não recebem ninguém em casa, seja por medo, ou comodismo.
São insensíveis diante dos que vivem perambulando por aí, passando frio, fome e
todo desconforto.
“Eu era peregrino e me acolhestes em casa” (Mt 25,35), dirá Jesus a nós
no juízo final. Por isso vinde que eu vos acolherei na minha casa.
Quando Maria e José chegaram a Belém, “chegou o tempo do parto, e ela
deu à luz o seu filho primogênito, envolveu-o em faixas e deitou-o numa
manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria”
(Lc 2,6-7). Essa hospedaria é, muitas vezes, parecida com a nossa casa,
na qual não há lugar para o irmão, e muitas vezes nem para Cristo.
“Mostrai-vos solidários com os santos em suas necessidades, prossegui
firmes na prática da hospitalidade” (Rm 12,13).
Entretanto, Marta, que era tão hospitaleira, tinha um defeito que é
muito comum em nossos lares: o ativismo. Em nossas casas há sempre muitas coisas
para fazer: limpeza, preparação da comida, cuidados com os filhos... Fazendo
isso, de certo modo, é a Cristo que servimos. Entretanto, há algo muito mais
importante que tudo isso: escutar o próprio Cristo.
Marta exagerava tanto no trabalho, que não tinha tempo para ouvir as
palavras de Jesus. Ela se esquecia da “melhor parte e esta não lhe será
tirada”.
Maria, sua irmã, quis aproveitar a presença de Jesus para ouvi-lo. E
Jesus assinou embaixo dessa atitude dela: “Maria escolheu a melhor parte, e
esta não lhe será tirada”.
Todos nós corremos o perigo de trabalhar a vida inteira, sacrificando o
descanso, a família, a saúde e até a oração e a participação na Igreja e, no
fim, perceber que correu em vão.
“Irmãos, fazei tudo sem murmurar... para que sejais irrepreensíveis e
íntegros, filhos de Deus sem defeito, no meio de uma geração má e perversa, na
qual brilhais como luzeiros do mundo, apegados firmemente à palavra da vida.
Assim, no dia de Cristo, terei a glória de não ter corrido em vão” (Fl
2,14-16). Quantas vezes os filhos se desunem na hora de dividir a herança,
tornando inútil todo o ativismo do pai!
Quando Jesus foi tentado, ele disse ao diabo: “Não só de pão vive o
homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus”.
Mais importante que fazer as coisas é fazê-las de modo novo. Para isso
precisamos ouvir a Palavra de Deus, que nos mostra o que fazer e como fazer.
Contra o ativismo, Jesus tem palavras diretas e claras: “Olhai os
pássaros do céu: não semeiam, não colhem, nem guardam em celeiros. No entanto,
o vosso Pai celeste os alimenta. Será que vós não valeis mais do que eles?...
Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus, e tudo o mais vos será dado por
acréscimo”
(Mt 6,26).
Marta oferece a Jesus seus serviços materiais, quando ele quer
entregar-lhe as riquezas eterna. Ela trabalha e se afadiga, mas não tem tempo
para estar com Jesus. O amor é diferente, é outra coisa. Jesus é a paz, mas
quem não o escuta em ambiente de paz, não recebe a sua paz.
No interior do Brasil, havia um barqueiro que era funcionário da
prefeitura. Seu trabalho era atravessar pessoas em um rio muito largo.
Atravessava crianças para a escola, jovens, homens, mulheres... A canoa dele
era dessas de dois remos, presos um de cada lado nas paredes da canoa, que ele
puxava com as duas mãos.
Ele escreveu em um dos remos a palavra oração, e no outro a palavra
ação.
Um dia, ele estava atravessando um senhor, e este não gostou da palavra
oração. Ele achava que devia ser só ação. “O que o nosso mundo precisa é de
ação”, dizia ele. Falou, falou... e o barqueiro calado, escutando. Só que ele
deixou o remo da oração e começou a remar só com o da ação. Naturalmente, a
canoa começou a rodar no meio do rio e não ia para frente. Ao contrário, estava
descendo rio abaixo, sendo que a dois km havia uma cachoeira.
Então o homem ficou com medo, parou de argumentar e suplicou: “Pare com
essa brincadeira, senão nós morremos!” O barqueiro pegou os dois remos, remou
rio acima e chegou ao porto.
Então o barqueiro explicou: “É isto que acontece na nossa vida, se
deixamos a oração e começamos só a agir. Não vamos para frente, ficamos rodando
em torno de nós mesmos e cada vez mais nos aproximando do abismo”.
Os santos padres antigos diziam: “Nós devemos trabalhar como se tudo
dependesse de nós, e rezar como se tudo dependesse de Deus. Aí sim, encontramos
o porto seguro”.
Temos outra Maria que foi mais longe que esta, irmã de Lázaro. É a Mãe
de Jesus. Ouvia-o desde que seu coração começou a palpitar em seu seio. “Ensina
teu povo a rezar, Maria, Mãe de Jesus! Que um dia teu povo desperta e na certa
vai ver a Luz”.
Marta recebeu-o em sua casa. Maria escolheu a melhor parte.
Obrigado Pe. Queiroz pelas belas reflexões e com as lindas historinhas que embeleza a Palavra de Deus. Tenho usado muito suas historinha na reflexções que faço. Deus te abençoe sempre e te concerve com nesta bela missão.
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