Homilia do Mons. José Maria – XXVI Domingo
do Tempo Comum – Ano B
A Missão de Todos
O Evangelho (Mc 9,38-48) relata-nos que João aproximou-se de Jesus para
dizer-lhe que tinham visto uma pessoa que expulsava os demônios em nome d’Ele.
Como não era do grupo que acompanhava o Mestre, tinham-no proibido de
fazê-lo.Jesus respondeu-lhes:”Não o proibais, pois ninguém faz milagres em meu
nome para depois falar mal de mim. Estão com ciúme! Jesus reprova a
intransigência e a mentalidade exclusivista e estreita dos discípulos, e
abri-lhes o horizonte e o coração para um apostolado universal, variado e
diversificado.
Diz Jesus: “Quem não é contra nós é a nosso favor.” E, para testemunhar
que tudo aquilo que se faz em Seu nome tem sempre algum merecimento,
acrescenta: “Se alguém vos der a beber um copo de água, porque sois de Cristo,
não ficará sem receber a sua recompensa.” A mais insignificante obra de
misericórdia feita por amor a Cristo terá a recompensa, ainda que seja feita
por alguém que ainda não pertence à comunidade. E, se é feita em favor dos
irmãos ou de quem, na Igreja, é representante do Senhor, Ele aceitará e
recompensará como se fosse feita a Si mesmo (Mt 10, 40-42).
Nós, cristãos, não temos mentalidade de partido único, de quem condena
formas apostólicas diferentes daquelas que, por formação e modo de ser, se
sente chamado a realizar. A única condição -dentro da grande variedade de modos
de levar Cristo às almas – é a unidade no essencial, naquilo que pertence ao
núcleo fundamental da Igreja.
Quais os critérios para discernirmos se uma determinada associação
mantém a comunhão com a Igreja? Entre os critérios, diz o Beato João Paulo II,
encontra-se a primazia que se deve dar à vocação de cada cristão para a
santidade, que tem como fruto principal a plenitude de vida cristã e a
perfeição da caridade. Neste sentido, as associações de leigos estão chamadas a
ser instrumento de santidade na Igreja.
Outro critério apontado pelo Papa é o apostolado, que deve antes de mais
nada proclamar a verdade sobre Cristo, sobre a Igreja e sobre o homem, em
filial obediência ao Magistério da Igreja que a interpreta autenticamente.
Trata-se de uma participação no fim sobrenatural da Igreja, que tem como
objetivo a salvação de todos os homens. Todos os cristãos participam desse
único fim missionário…
Se somos cristãos verdadeiros, embora às vezes sejamos muito diferentes
uns dos outros, nos sentiremos comprometidos a levar para Deus a sociedade em
que vivemos e da qual fazemos parte. E nos será fácil aceitar modos de ser e de
atuar bem diferentes dos nossos. Como nos alegramos de que o Senhor seja
anunciado de formas tão diversas! Isto é o que realmente importa: que Cristo
seja conhecido e amado.
O Evangelho (Boa Nova) deve chegar a todos os cantos da terra! E para o
cumprimento desta tarefa, o Senhor conta com a colaboração de todos: homens e
mulheres, sacerdotes e leigos, jovens e anciãos, solteiros e casados,
religiosos… conforme tenham sido chamados por Deus, com iniciativas que nascem
da riqueza da inteligência humana e do impulso sempre novo do Espírito Santo.
Todo cristão é chamado a dilatar o Reino de Cristo, e qualquer
circunstância é boa para levar a cabo essa tarefa. Diz o Concílio Vaticano II:
“onde quer que o Senhor abra uma porta à palavra para proclamar o mistério de
Cristo a todos os homens, anuncie-se com confiança e sem cessar o Deus vivo e
Jesus Cristo, enviado por Ele para a salvação de todos” (Decreto Ad Gentes,13).
“Conservemos a doce e reconfortante alegria de evangelizar, mesmo quando
temos de semear entre lágrimas” (Papa Paulo VI, Evangelii Nuntiandi).
Nós, que recebemos o dom da fé, sentimos a necessidade de comunicá-la
aos outros, fazendo-os participar do grande achado da nossa vida. Esta missão
como se vê na vida dos primeiros cristãos, não é da competência exclusiva dos
pastores de almas, mas tarefa de todos, de cada um segundo as suas circunstâncias
particulares e a chamada que recebeu do Senhor.
É nesta direção que o Doc. de Aparecida nos aponta: “Conhecer a Jesus
Cristo pela fé é nossa alegria; segui-Lo é uma graça, e transmitir este tesouro
aos demais é uma tarefa que o Senhor nos confiou ao nos chamar e nos escolher”
(A,18)
Celebramos hoje o DIA DA BÍBLIA.
A Palavra de Deus sempre nos oferece uma luz para as mais diversas
situações de nossa vida. “Por isso, como discípulos e missionários de Jesus,
queremos e devemos proclamar o Evangelho, que é o próprio Cristo. Os cristãos
somos portadores de boas novas para a humanidade, não profetas de desventuras”
(Doc. de Aparecida,30).
Mons. José Maria Pereira
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