quinta-feira, 13 de setembro de 2012

“Afirmação de Pedro” - Claudinei M. Oliveira.



Domingo, 16  Setembro  de 2012.
Evangelho: Mc 8, 27-35

            Neste domingo do Senhor refletiremos a afirmação de Pedro que conheceu seu Mestre, mas foi repreendido pela astúcia, pois Jesus almeja seguidores livres e independentes de quaisquer amarras mudanas para ser discípulo comprometido com o reino. Este reino, por sua vez, trazeria no âmago a sinceridade do cristão que objetiva contemplar uma sociedade justa, igualitária e feliz.
            Que maravilha  é sentir a presença de Deus em comunidade, Ele consola o coração dos aflitos e suscita o amor esperançoso. Deus é o ínfimo da eterna consolação, pois mandou seu filho para mostrar para o mundo estragado que ainda existe saídas, portas  e caminhos que levam ao encontro da vivacidade. Esta presença  marcante da mão de Deus pode ser observada durante a viagem de Jesus e seus discípulos  até a Cesaréia de Felipe.
            No caminho Jesus os indagava e ao mesmo tempo educava para ser povo de Deus e servo dedicado à missão. Para os discípulos estarem perto do Mestre era sinônimo de honra prazerosa, pois ao seu lado caminhava alguém inspiradíssimo, que direcionava o caminho e ações retas.  O caminhar de Jesus com seus discípulos revela o amor da comunidade, a sua dedicação em instigar a maturidade no seio de cada um, sua vivência plena de sujeito divino e histórico capaz de iluminar os passos da comunidade em busca da superação de obstáculos.
            Quanto mais juntos ficavam mais se comprometiam com o reino e aumentava a persuasão da necessidade de construir uma identidade semelhante. Tanto que Jesus perguntava: “Quem o povo diz que eu sou”? Responderam os discípulos: “ Alguns dizem que o senhor é João Batista; outros, que é Elias; e outros, que é um dos profetas”.  Ou seja, seu nome já estava sendo propagado através das ações relevantes. Claro que muitos confundiam com os profetas antigos, pois a leitura dos textos sagrados  antigos era difundida entre os seguidores da divindade.
            Nesta circunstância percebe-se  que dar vivacidade do reino junto ao povo  é disseminar palavras de verdade que liberta o homem de tantas coisas erradas. Jesus sabia como ninguém libertar as pessoas das intrigas e das enlaças, este legado foi deixado para todos os cristãos que desejam viver numa realidade harmoniosa e feliz. Todos querem  viver bem, com dignidade, com respeito, na mais pura fraternidade. Para tanto, o projeto de vida deve ser encarado e realizado na prática  dos afazeres diários. Jesus fez muito bem sua prática libertadora e cabe a todos fazerem a mesma coisa dentro de sua realidade.
            Trabalhando, realizando obras, criando mecanismo de defesa contra os opressores foi à vida de Jesus na terra, porém, falava nas suas caminhadas pedagógicas aos discípulos o que iria acontecer o mal em breve, o Messias afirmava a todos: “o Filho do Homem terá de sofrer muito. Ele será rejeitado pelos líderes judeus, pelos chefes dos sacerdotes e pelos mestres da Lei. Será morto e, três dias depois, ressuscitará”.  Mesmo sabendo do que iria acontecer não hesitou um plano de sua meta. Cumpriu todos com determinação e com convicção.
            Mas pode-se perguntar: por que maltratar  alguém que faz o bem  e deseja o melhor para o povo? Por que este ódio exacerbado  de alguns líderes  da classe poderosa? Claro que tinha um sentido, Jesus mexia na ferida de uns poucos, Ele não delatava, mas ensinava o povo a buscar uma solução para a exclusão, dava direcionamento certo, sabia onde queria chegar. Alguns poderosos não aceitavamver o povo instruído, buscando seus direitos, cobrando propostas viáveis para os problemas, logo a maneira mais fácil de livrar do Libertador era matá-lo.
            Sim, matar alguém que estava ensinando a conquistar habilidade e autonomia era calar a voz do povo. Desse modo, o povo permaneceria sem um líder, mas cego, surdo e manco. Não tinha como este povo mutilado cobrar nada  de seus representantes. Ou seja, permaneceria morto, inerte, entorpecido e sonolento.
            Mas a certeza da ressurreição no terceiro dia alimentava o Mestre a convencer  o povo e dar instrução primordial para os discípulos.  Jesus sabia que voltaria para perto do Pai e todos que desejassem chegar ao Pai deveria conhecer e praticar seu projeto de vida.
            Acontece que o projeto de vida de Jesus consistia  na doação por inteiro. Não temer o inimigo ou o encardido. Era preciso ir ao encontro da verdade por prazer e agir a partir dos ensinamentos. Disse Jesus à multidão: “Se alguém quer ser meu seguidor, que esqueça os seus próprios interesses, esteja pronto para morrer como eu vou morrer e me acompanhe. Pois quem põe os seus próprios interesses em primeiro lugar nunca terá a vida verdadeira; mas quem esquece a si mesmo por minha causa e por causa do evangelho terá a vida verdadeira”. São palavras fortes, coercivas e alinhadas.
            Pedro quando repreendeu Jesus pensava  como o mundo. Era preciso deixar de lado as quinquilharias do mundo e seus apegos carnais para ultrapassar as barreiras da alienação. Por isso Jesus disse a Pedro: sai de perto de mim satanás; quero perto de mim homens honrados e disponíveis para a luta!  Como pode seguir Jesus com o pensamento no mundo? Como pode ir à igreja, mas preocupado com os bens que ficaram em casa, como pode fazer algo de bom para um pobre coitado se a cabeça está voltada para o acúmulo de capital? Isto é, como podo seguir o Mestre se não pensar como Ele!
            São tantos interesses nas cabeças do homem que a vida com Deus fica esquecida ou  lembra-se de vez em quando como peso de consciência. O mundo ao redor das pessoas oferece tantas ilusões que Deus parece nem existir.  Coloca-se em primeiro lugar os afazeres mudanos e em segundo ou terceiro plano a vida com Deus. Neste caso não terá a vida verdadeira. Olha que foi Jesus quem disse,  sua palavra tem força  e revela o reino de Deus perfeitamente.
            Portanto, seja como um discípulo que ouve as palavras  verdadeiras e as colocam em prática, pois o reino de Deus está para ser construído com mãos fortes de homens que pensam no discernimento vivo de uma sociedade justa. Amém!
            Claudinei M. Oliveira

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