QUINTA-FEIRA, DIA 05 DE JULHO
Mt 9,1-8
Padre Antonio Queiroz
A multidão glorificou a Deus, por ter dado tal poder aos homens.
Este Evangelho narra Jesus curando um paralítico em duas etapas.
Primeiro ele diz: “Coragem, filho, os teus pecados estão perdoados!” Como
alguns duvidaram, ele disse ao paralítico: “Levanta-te, pega a sua cama e vai
para a tua casa”. E o homem, na hora, ficou completamente curado, pegou a sua
cama e foi para a sua casa.
“Vendo a fé que eles tinham.” Jesus se admirou da fé, do paralítico e
das pessoas que o traziam, e deu o paralítico o melhor que ele podia dar: a
cura da alma. De fato, a cura da alma é mil vezes mais importante do que a cura
do corpo. O corpo um dia vai ficar doente de novo, e morrer. Agora, a alma não.
“Esse homem está blasfemando.” Não vamos pensar mal das pessoas,
especialmente daquelas que estão fazendo o bem. Quem não ajunta, pelo menos que
não espalhe!
“Para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder de perdoar
pecados – disse então ao paralítico – “Levanta-te...” Jesus curou o corpo para
provar que tem poder de curar a alma.
Hoje, a presença de Jesus na terra está multiplicada. Ele está em todas
as Comunidades cristãs e em todos os sacrários que têm as hóstias consagradas.
E Jesus está aí presente, não só com a mesma força e poder, mas também agindo
da mesma forma. As Comunidades continuam realizando esses dois milagres de Jesus:
a cura da alma e a cura do corpo. A cura da alma supera tanto a cura do corpo
quanto a vida eterna supera esta nossa breve vida material. Mas se as
Comunidades se dedicarem só à cura da alma, o povo não acredita. Curando também
o corpo, aí sim, a presença de Jesus está completa.
Na multiplicação dos pães aconteceu a mesma coisa. Jesus queria dar-nos
a Eucaristia, mas antes multiplicou pães.
As Comunidades cristãs são como um barco atravessando o mar da vida.
Esse barco tem dois remos: o serviço espiritual ao homens e o serviço matéria,
a cura do corpo e a cura da alma. Sem esses dois remos, a Comunidade ficaria
rodando em volta de si mesma, sem ir para frente.
“É bom para vós que eu vá” (Jo 16,7), disse Jesus aos Apóstolos que
estavam tristes ao saberem que ele ia voltar logo para o céu. De fato, em um
sentido foi bom: a presença de Jesus na terra foi multiplicada, não mais em seu
corpo físico, mas em seu corpo místico.
As Comunidades cristãs e a Eucaristia são frutos do amor de Jesus por
nós.
“A multidão glorificou a Deus, por ter dado tal poder aos homens.” Era
isso que Jesus queria, e é isso que nós também queremos: buscar a glória de
Deus. É para isso que nos propomos a ser “discípulos e missionários de Jesus
Cristo, para que nossos povos tenham mais vida nele”. Quando Deus mandou para o
povo hebreu o maná, eles tiveram a mesma reação (Cf Dt 8,3).
Nós queremos continuar a presença de Jesus na terra, continuando os dois
serviços que ele prestava: a cura da alma e a cura do corpo. Por isso que as
Comunidades têm a pastoral social e têm a catequese, os serviços ao Altar, os
círculos bíblicos...
Certa vez, um homem ouviu dizer que óleo de fígado de bacalhau era bom
para a saúde dos cães. Mais que depressa, ele comprou uma boa quantidade e
começou a dar todos os dias uma colher de sopa cheia de óleo para o cachorro.
Segurava-lhe firme o focinho, e despejava o óleo em sua boca, enquanto o animal
lutava e rosnava. Um dia, o cachorro lutou tanto que acabou se soltando. A
colher caiu e o óleo se derramou. Para a surpresa do homem, o cachorro correu e
lambeu o óleo derramado no piso. Só então o homem entendeu que o cachorro
lutava, não contra o óleo, mas sim contra a maneira de tomá-lo.
Os agentes pastorais distribuem o grande presente que é a Boa Nova de
Jesus. Mas devem fazê-lo com métodos adequados aos destinatários e sempre a
partir deles.
Maria Santíssima se preocupava com o corpo das pessoas. Vemos isso na
visita a Isabel, nas bodas de Cana, junto com o Filho ao pé da cruz... E nos
prestou o melhor serviço espiritual que existe: deu-nos o seu Filho. Que ela
nos ajude a fazer o mesmo.
A multidão glorificou a Deus, por ter dado tal poder aos homens.
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