quarta-feira, 31 de agosto de 2016

“OS CONVIDADOS DE UM CASAMENTO PODEM FAZER JEJUM ENQUANTO O NOIVO ESTÁ COM ELES?" - Olivia Coutinho

 

Dia 02 de Setembro de 2016

 

Evangelho de Lc,5, 33-39

 

A proposta de vida nova, trazida por Jesus,  agradava o povo e   incomodava os fariseus e mestres das leis  que sentiram-se ameaçados pela presença de Jesus, que dia pós dia, ia ganhando cada vez mais, a confiança do povo!

 No Evangelho de hoje, estes “líderes” questionam Jesus,  pelo o fato de seus discípulos não jejuarem como os discípulos de João e dos fariseus.

Fariseus e mestres da lei, se Infiltravam no meio da multidão que cercava Jesus, para investigá-lo, para saber quais eram  os ensinamentos que  Ele estava passando para os seus discípulos, se Ele estava incitando o povo ao descumprimento das tradições, das normas...

Fechados em si mesmos, eles, não se abriam ao novo, por medo de perder o poder. Inconformados, eles ficavam o tempo todo arquitetando um plano para pegar Jesus, aguardando um  descumprimento de alguma norma, tradição, por parte Dele  ou de seus  discípulos  para  incriminá-lo!

E Jesus, na sua incomparável sabedoria, aproveitava estas situações, para nos passar grandes ensinamentos, o que podemos contatar no evangelho de hoje.  Quando os  fariseus e mestres da lei, questionam a postura dos discípulos de Jesus, alegando que eles não observavam alguns preceitos, como o jejum, Jesus diz a eles: “Os convidados de um casamento podem fazer Jejum enquanto o noivo está com eles?” Com estas palavras, Jesus não nega a importância do Jejum, o que Ele quis dizer, é que o tempo da espera, (a preparação de João) já havia se cumprido e que diante dele, (o noivo) não fazia sentido alguém jejuar!
“Dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, naqueles dias, eles jejuarão.” Dizendo isso, Jesus fala da radicalidade da Boa Nova trazida por Ele, deixando claro, que nada pode ser mais importante do que viver intensamente a Boa Nova do Reino comparada a uma festa de casamento! Aqui pra nós: Tem como jejuar, estando numa festa?

Para esclarecer ainda mais a questão levantada por estes inimigos do Filho de Deus, Jesus conta uma pequena parábola: ” Ninguém tira retalho de roupa nova para fazer remendo em roupa velha.” A mentalidade velha dos fariseus de ontem e dos fariseus de hoje, é como uma roupa velha, não se remenda esta roupa velha com um pano novo, que é o evangelho, pois há o risco da distorção, ou seja, dentro de uma mentalidade velha, não cabe a  palavra de Deus que é sempre nova!

“Ninguém põe vinho novo em odres velhos; porque, o vinho novo arrebenta os odres velhos e se derrama; e os odres se perdem.” Jesus é o vinho novo, a novidade trazida por Ele, não cabe dentro de uma mentalidade velha, é preciso estar aberto para acolher esta novidade!

O Texto que nos fora apresentado não tem intenção de provocar uma discussão entre velho e novo, se trata de adequar cada coisa no seu devido tempo e lugar, o que antes poderia ser visto como prioridade, hoje pode não ser!

 Misturar, ou colocar algo acima da Boa Nova que é Jesus, é não estar com Ele por inteiro! Para Jesus, não vale meio termo, ou estamos com Ele por inteiros, ou não estamos!

Jesus nos chama a vivermos a grande novidade, a  sermos portadores e anunciadores da Boa Nova do Reino de Deus! Para atendermos o seu chamado, precisamos eliminar do nosso coração, tudo que é velho, que nos paralisa, que nos distancia do outro!

Recusar o novo, é recusar a graça de Deus, é não viver a Boa nova do Reino!

Jesus é o vinho novo, experimentá-lo é abandonar a mentalidade velha para viver o novo!Experimentemo-Lo...

 

FIQUE NA PAZ DE JESUS! – Olívia Coutinho
Venha fazer parte do meu grupo de reflexão no Facebook:

Afinal, o Filho arrependeu-se ou não?-Diac.José da Cruz

24º DOMINGO DO TC 11/09/2016
1ª Leitura Êxodo 32,7-11. 13-14
Salmo Lucas 15,18 “Vou me levantar,irei a meu pai e lhe direi; Meu pai, pequei contra o céu e contra ti”
2ª Leitura 1Timóteo 1, 12-17
Evangelho Lucas 15,1-32

“Afinal, o Filho arrependeu-se ou não?”

Esta parábola traz a reflexão praticamente pronta : O Filho mais novo se arrependeu e voltou a casa do Pai que o perdoou. Será ? Deixemos que o Filho sem juízo nos conte nesta breve entrevista em nosso imaginário, logo depois da Festança que foi até o amanhecer do Dia.
____Por que você voltou para a casa do Pai?
Filho Pródigo ___ Vou ser sincero, a fome apertou meu amigo, quando eu pensei que escravos e empregados na casa do meu pai, tinham pão a vontade, decidi voltar.
___Opa ! Espere um pouco, e aquele arrependimento todo que você manifestou nesse evangelho?
Filho Pródigo___Apenas um discurso para convencer o Pai de que eu estava arrependido, palavras bonitas e bem colocadas que iriam tocar no coração do meu “Velho”
___Mais uma coisinha Filho Pródigo, o que te levou a sair de casa, se lá você tinha tudo que precisava?
Filho Pródigo___Na Casa do Pai tinha a impressão de que não era livre, eu queria aproveitar a vida, fazer tudo o que meu coração desejava , gozar e desfrutar de todos os prazeres e alegrias que o mundão nos oferece. Enfim, como vocês dizem por aí “Cair na gandaia” de cabeça, e ser livre...
___Deixa ver se eu entendi, as vezes nós cristãos achamos que os maus, os que não conhecem a Deus e a sua verdade, são mais felizes porque fazem muitas coisas, sem se importar com a ética, moral, doutrina da Fé e tudo mais. É a liberdade que o adolescente quer, sem a ingerência dos pais em sua vida....
Filho Pródigo ____Isso mesmo, eles tem com os pais não uma relação de amor, mas de compromisso e obrigatoriedade em fazer o que eles mandam, parecem mais empregados do que Filhos.
____E o que mudou na sua vida após a volta a casa paterna?
Filho Pródigo____Bom, confesso que não fazia ideia de quanto meu Pai me amava, imagine você que todos os dias ele ficava á minha espera. O jeito que ele me abraçou, me vestiu aquele manto, me deu a sandália e o cajado, tudo isso sem exigir que eu tomasse um banho, ele cobriu a minha sujeira e imundície com aquela veste. E fez uma festa inesquecível. Nesse retorno descobri algo inédito, o amor do Pai, imenso, grandioso, gratuito e incondicional. Juro que eu não sabia....
___Então nessa parábola, o foco é o Pai Infinitamente Bom e Misericordioso?
Filho Pródigo ___Pois é, Se o Pai não me desse a liberdade de decidir e fazer escolhas, jamais eu saberia o quanto ele me ama. Eu sou cada um de vocês aí na Igreja de 2016, a gente vai e vem, e o Pai ali, de braços sempre abertos, nos acolhendo com imensa alegria, porque nos ama de maneira apaixonada.........
___Mas não é perigoso a gente pensar que a parábola é um incentivo ao pecado?
Filho Pródigo - Ao contrário, é um convite para contemplarmos o grandioso Amor e Misericórdia que Deus Pai tem por nós, pecar é ir contra esse grandioso amor.
___E aquela história do seu irmão mais velho, que não gostou nada do que viu...
Filho Pródigo - Ah coitado do meu irmão mais velho! Ele representa todos os cristãos que fazem da religião apenas um rito e o cumprimento de obrigações religiosas, atuam só na base da recompensa e do castigo Divino. Perdem o melhor que Deus tem a nos oferecer, um Amor sem medidas, uma ternura imensa, um coração sempre aberto e disposto a nos amar de maneitra gratuita e incondicional. ( Diácono JOsé da Cruz - Paróquia Nossa Senhora Consolata - Votorantim SP - E-mail jotacruz3051@gmail.com.br)


Por fora bela viola, por dentro pão bolorento-Diac.José da Cruz

SÁBADO DA 23ª SEMANA DO TC 10/09/2016
1ª Leitura 1 Cor 10. 14-22
Salmo 115/116, 17a "Irei-vos oferecer um sacrifício de louvor"
Evangelho Lucas 6, 43-49
"Por fora bela viola, por dentro pão bolorento"
As árvores frutíferas nunca nos decepcionam naquilo que são e naquilo que oferecem. A qualidade do fruto pode variar um pouco, dependendo de fatores extras como o solo, a semente ou a técnica do plantio, mas uma laranjeira sempre irá nos dar laranjas, uma macieira nos dará maças e assim vai. Isso é óbvio!
No mundo vegetal sim, essa é a lógica. Mas na vida cristã isso nem sempre acontece, porque falta coerência entre Fé e Vida, entre o que se crê e se celebra, e aquilo que se vive. De um cristão se espera mansidão, solidariedade, compreensão, tolerância, amor, perdão, alegria...Nós somos assim? É isso que Jesus pede a cada um de nós neste evangelho: coerência!
A nossa boca deve sempre falar do que o nosso coração está cheio. E o que há em nosso coração? Caa um examine-se a si mesmo e tire suas conclusões. Muitas vêzes, na comunidade, na família, no ambiente de trabalho ou escolar, destilamos veneno da amargura, da irritação, da intolerância, semeando discórdia e divisão e nesses casos, o nosso coração mais se parece com um tanque de ácido corrosivo e destruidor.
A Palavra de Deus nos transforma, ela semeia dentro de nós, a essência do Bem Supremo mas o que falta de nosdsa parte é valorizarmos e cuidarmos dessa semente da Palavra, sermos fiéis ao que Deus nos fala em Cristo Jesus, e nos disciplinarmos a partir desse ensinamentos. Se não houver de nossa parte nenhum esforço para mudarmos, nenhuma atitude que nos permita uma transformação pela força e poder dessa Palavra, seremos cristãos apenas na aparência, isso é, uma bela parreira de uva, com aqueles cachos que dão água na boda só em olhar, mas quando a pessoa come essas uvas, sai cuspindo, por causa do seu azedume.
Encontramos nesta vida pessoas que não professam nenhuma Fé, não frequentam nenhuma Igreja, entretanto são bondosas, tolerantes, compreensivas, solidárias, estão sempre buscando a verdade e a prática da justiça. A atitude dessas pessoas nos desconcertam, e mais desconcertados ficamos quando descobrimos que nem cristãs elas são. Temos que confessar meio envergonhados, que muitas dessas pessoas, têm uma conduta bem mais cristã que a nossa....
E se alguém achar que estou exagerando, veja nos evangelhos sinóticos pessoas como o Centurião Romano, a mulher cananéia, Zaqueu entre outras....
Diácono José da Cruz
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim SP
E-mail jotacruz3051@gmail.com.br


O Roto falando do rasgado-Diac.José da Cruz

SEXTA FEIRA DA 23ª  SEMANA DO  TC 09/09/2016
1ª Leitura 1 Cor 9, 16-19
Salmo 83/84 2 "Como são amáveuis as vossas moradas, Senhor dos Exércitos"
Evangelho Lucas 6, 39-42
“O Roto falando do rasgado...”

  Há um ditado ou dístico popular que se aplica perfeitamente bem aos ensinamentos desse evangelho “Não apontes os meus erros com o seu dedo sujo”
Não é proibido corrigir alguém que cometeu um erro, ao contrário, a correção fraterna é uma das práticas que Jesus recomenda á comunidade. O problema aqui é outro...
É quando a pessoa se insinua ou se apresenta como modelo e referência na comunidade. Claro que ninguém vai dizer aos outros “Olha, siga o meu exemplo, veja como sou bom...”. Mas é a postura que assumimos diante do outro, que nos coloca em evidência. Principalmente do outro que errou, pecou, e tem uma conduta moral não muito recomendável. O Guia cego relatado no evangelho, é aquele que olha para essa pessoa de cima para baixo, com ares de superioridade, ás vezes até se passando por conselheiro, mas na verdade está dando uma “raspança” no coitado, querendo urgenciar á sua conversão. É esse o Guia cego que cresce prá cima do outro, colocando em evidência suas “virtudes” diante do erro daquele pecador.
O Evangelho também diz claramente que somente Jesus Cristo é a referência para todos os discípulos, e que nenhum discípulo é superior ao Mestre. Em nossas relações de comunidade, ás vezes até verbalizamos o anúncio de Jesus, quando na verdade estamos anunciando a nós mesmos. Aí é que está o perigo de sermos “Guias Cegos”, com a trave no olho, querendo limpar os olhos do outro.
Quando se fala de Jesus a quem errou, a quem é pecador, basta falar da Misericórdia Divina, do Amor infinito sempre aberto a quem errou, da Paciência e bondade suprema do Pai manifestada em Jesus. Fala-se tudo isso com palavras doces, com um sorriso acolhedor, dando ao outro coragem para recomeçar e ânimo para retomar a caminhada. Essa pessoa, voltará outras vezes, já com o coração aberto para acolher a Palavra de Deus manifestada em Jesus. Mas quando falamos de nós mesmos, e de como nos convertemos e nos tornamos um cristão exemplar, estamos incorrendo nesse erro grotesco de sermos cego guiando outro cego, fatalmente os dois cairão no buraco....em uma cena cômica e trágica ao mesmo tempo.
Diácono José da Cruz
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim SP

E-mail jptacruz3051@gmail.com.br

AMAR OS INIMIGOS!-Diac.José da Cruz

QUINTA FEIRA DA 23ª SEMANA DO TC 08/09/2016
1ª Leitura Miquéias 5, 1-4 a
Salmo 61,10 "Com grande alegria eu me rejubilarei no Senhor e meu coração exultará de alegria em meu Deus, porque me fez revestir as vestimentas da Salvação"
Evangelho Lucas 6, 27-38

                                   “AMAR OS INIMIGOS!”
Este é um evangelho daqueles bem desconcertantes, porque em tempo em que se cometem crimes horrendos que chocam a opinião pública, praticados por bandidos cruéis, há no coração do povo um sentimento de vingança. Um pouco pela própria natureza humana, que diante de uma agressão pensa na vingança como forma de punir o agressor, mas este sentimento é também calcado no coração das pessoas pela mídia sensacionalista que mistura indignação, ódio e vingança, enfiando tudo goela abaixo do povo que a toma como uma verdade absoluta sendo que a proposta é sempre a mesma: eliminar a árvore, porém sem mexer em sua raiz, eliminar o efeito sem se preocupar com a causa.
“Amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam, abençoai os que vos maldizem e orai pelos que vos injuriam” Para muitos cristãos este evangelho é difícil de ser praticado e então o empurram para baixo do tapete, como fazemos com aquela “sujeirinha” inoportuna, quando não queremos fazer uma faxina pra valer em nossa casa. Primeiramente é bom que se esclareça algo muito importante: Jesus não fez esse ensinamento a toda multidão, mas apenas aos que o ouviam, isto é, aos seus discípulos, os mesmos para os quais já havia dito no sermão da planície, a frase revolucionária “Feliz os pobres porque deles é o Reino de Deus”.
Mas afinal de contas quem é o nosso inimigo? É todo que nos faz ou nos deseja algum tipo de mal, de pequenas ou de grandes proporções. A inimizade existe em todo lugar, escola, trabalho, família, vizinhança, esporte, e até em lugar onde ela nunca deveria existir: na comunidade, entre ministros, agentes pastorais, dirigentes, coordenadores e obreiros. Diante desse evangelho, imediatamente pensamos nas situações críticas da sociedade onde assistimos a confronto de classes, chacinas, extermínios, atos de violência explícita no confronto entre nações. Então um sentimento de impotência nos domina e achamos que nada há para se fazer a não ser rezar.
Mas a coisa mais importante que devemos fazer, de maneira bem prática, é olharmos mais perto, para o nosso quotidiano onde nos relacionamos com as pessoas. Que sentimentos  alimentamos, com nossos gestos, palavras e atitudes? A quem devemos ouvir e dar razão: ao mundo que propõe a vingança e o extermínio de quem pratica o mal, ou ao evangelho de Cristo, que nos ensina o amor, o perdão e a misericórdia?
Jesus não condena uma pessoa que quer justiça e vingança contra alguém que lhe fez mal. Esta é uma reação humana, perfeitamente compreensível e natural, de acordo até com um ensinamento bíblico do Antigo Testamento, de que se deve fazer o bem a quem nos faz o bem, e o mal a quem nos deseja o mal, é a lei do talião, olho por olho e dente por dente, fato que acontece com o melhor e mais santo dos cristãos .Somos homens desta terra, descendentes de Adão e irmãos de Caim, que cometeu o primeiro crime da história ao matar seu próprio irmão Abel por ciúmes e inveja.
Porém, lembra-nos o apóstolo Paulo na segunda leitura, o Espírito vivificante nos transformou em Homens celestiais a partir da graça que Jesus nos concedeu, dom imerecido que nos santifica e nos configura ao próprio Cristo, portanto capacitados para viver na relação com o próximo, aquele único e verdadeiro amor com o qual Deus nos ama em seu Filho Jesus.
A proposta desse jeito novo de se relacionar é apenas para os discípulos do Senhor que hoje são todos os que creem e são batizados, vivendo em comunidade com os irmãos e irmãs. É aí que devemos trabalhar no sentido de superarmos na graça de Deus, qualquer sentimento de ódio, mágoa ou vingança, contra alguém que nos fez o mal.
Da comunidade vamos para a família e desta para o nosso ambiente de trabalho, é isso que Jesus pede de nós nesse evangelho, pois somente nos exercitando no amor, na misericórdia e no perdão, com as pessoas com quem convivemos, é que teremos a coragem de anunciar o evangelho falando o contrário do que o mundo nos ensina.
Somente assim estaremos sendo Filhos do Altíssimo, imagem e semelhança do Pai de Misericórdia que em Jesus nos ama, jamais nos tratando segundo as nossas faltas. Então o primeiro passo nesse processo de conversão, é reconhecermos que somos imperfeitos, ainda uma imagem muito distorcida de Deus que é todo perfeição e santidade. Dado este primeiro passo, a graça transbordante do Senhor, em um processo dinâmico de conversão, nos configurará a Cristo, imagem perfeita do Amor de Deus vivido com os irmãos.
Diácono José da Cruz
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim SP
E-mail jotacruz3051@gmail.com.br)



Os Bem Aventurados-Diac.José da Cruz

QUARTA FEIRA DA 23ª SEMANA DO TC – 07/09/2016
1ª Leitura  1 Cor 7, 25-31
Salmo 44/45, 11 a "Ouve, filha, vê e presta atenção"
Evangelho Lucas 6, 20 – 26
                                            “Os Bem Aventurados”
          Quem é rico e quem é pobre diante de Deus? Certamente que essa pobreza e essa riqueza citada no evangelho., não é a simples posse ou não, de bens materiais. O que Lucas coloca como eixo temático desse evangelho é a nossa relação com Deus e a nossa relação com os bens materiais. Em nossas comunidades há pobres egoistas, mas há também ricos generosos. Se alguém é pobre no sentido material, mas se apega egoísticamente ao pouco que tem, nesse evangelho ele é considerado rico.
Que Deus está acima de qualquer riqueza, disso não deve haver a menor dúvida para nós cristãos, mas há um porém, a nossa conduta e o nosso procedimento, muitas vêzes não condiz com essa verdade na qual cremos. Isso porque, o capitalismo nos apresenta outra verdade, só é feliz quem TEM patrimônio e uma gorda conta bancária. A riqueza está sempre de mãos dadas com o Poder, o prestígio e o sucesso, e nessa condição de todo poderoso, o homem começa a sentir coceira de poder fazer tudo e o que quiser, ocupando então o lugar que é de Deus, é esse o grande problema pois diante de Deus, seremos eternamente necessitados e dependentes, sejamos ricos ou pobres no sentido material, pois a posse de bens materiais cria no coração e na mente do homem a ilusão de um Poder que vai além....É por isso que o Ser humano comete tantas atrocidades, porque acha que tudo pode.
Os Bem Aventurados citados por Jesus são os que souberam fazer a escolha certa, anseiam por um mundo melhor onde o Homem possa ser feliz por aquilo que ele é, não pelo que tem. ser pobre nesse sentido é colocar somente em Deus toda confiança, haverá fome e choro, porque o Reino desejado no fundo da alma ainda está em gestação, já chegou com Jesus, mas terá que ser construído no dia a dia.
Os Bem Aventurados devem sempre estar preparados para o confronto, pois tudo o que contraria a Felicidade terrena, ditada pela Pós Modernidade, será repelido, rejeitado e até perseguiido. Ser discípulo é navegar contínuamente contra a correnteza....O prazer e a alegria será muito maior....

                                           Diácono José da Cruz
                 Paróquia Nossa Senhora Consolata- Votorantim SP
                Email jotacruz3051@gmail.com.br)


Para se fazer o Bem, não há dia nem hora-Diac.José da Cruz

SEGUNDA FEIRA DA 23ª  SEMANA DO TC 05/09/2016
1ª Leitura 1 Cor 5, 1-8
Salmo 5.9a "Conduzi-me pelas sendas da justiça"
Evangelho Lucas 6, 6-11
                  Para se fazer o Bem, não há dia nem hora...

No Preceito Sabático o Judeu fazia memória da ação libertadora que Deus havia realizado a favor do povo, através de Moisés. O que está, portanto no centro dessa ação Divina, é justamente a Vida enquanto dom Divino, e que tem a sua Dignidade. Jesus é o Libertador por Excelência, e a libertação por ele oferecida abrange todo homem. Nenhuma Lei ou norma, mesmo de caráter religioso, deverá impedir qualquer ação a favor da Vida.
Os escribas e Fariseus, obcecados pela idéia de condenar Jesus, só conseguem olhar o aspecto legal do Preceito Sabático, sem darem a mínima para o seu conteúdo e significado. Se de fato tivessem a consciência do ato libertador de Deus, o teriam reconhecido em Jesus, e longe de censurá-lo pela quebra da lei sabática, louvariam a Deus pela cura, sinal visível da ação libertadora de Deus a favor do homem.
Para nós cristãos, o Dia do Senhor é o domingo, que invadido pelo espírito consumista, vai perdendo totalmente o seu sentido, mesmo entre os cristãos, pois outros deuses são glorificados, os grandes shoppings e Magazines, tornam-se templos de luxo e de consumismo,
No futebol ou nos programas de auditórios, muitos ídolos recebem as honras e tributos dos seus fãs, e Jesus Cristo, nosso Deus e Salvador, que espaço tem ele em nosso domingo? Será que não nos tornamos também ritualistas, de uma celebração formal, onde muitas vezes não passamos de meros assistentes?
Ao curar o homem de mão seca, e o colocá-lo no centro da assembléia, Jesus está nos ensinando que na comunidade a nossa comunhão tem que ter como referência central a Vida do outro, pois só assim a comunhão com Deus será completa. As pessoas são mais importantes do que qualquer norma ou regra...(Diácono José da Cruz - Paróquia Nossa Senhora Consolata - Votorantim SP - E-mail jotacruz3051@gmail.com.br)






         TERÇA FEIRA DA 23ª SEMANA DO TC – 06/09/2016

                           1ª Leitura 1 Cor 6, 1-11
   
                  Salmo 149 4 a "Porquer o Senhor ama o seu povo"

                          Evangelho  Lucas 6, 12-19

                      “A alegria de ser convocado...”

Nos meus tempos de menino, como todo garoto tínhamos um campinho de futebol no final da rua, onde travávamos verdadeiras batalhas campais correndo atrás de uma bola. Eu gostava de atuar de goleiro, posição não tão disputada e então sempre tinha um lugar garantido quando íamos iniciar a partida e dois escolhiam os times. Mas com o tempo surgiu outro goleiro e daí na hora da escolha eu ficava com o coração na mão, não sabendo se seria escolhido ou não.
Neste evangelho Jesus convoca o time que terá a missão de evangelizar e a seleção é feita entre os seus discípulos, ganhando os escolhidos o nome de apóstolos. Judas Iscariotes estava entre os escolhidos, porque Jesus não chama só os bons, mas sim os que querem comprometer-se com o seu projeto da construção do novo reino. Todo homem chamado por Deus para viver a vocação do amor, esse chamado é natural e está no próprio dom da vida, entretanto, alguns, o Senhor escolhe para serem os seus colaboradores, estes têm uma responsabilidade maior, os cristãos batizados são assim convocados para serem os anunciadores desse Reino Novo, é preciso vestir a camisa, ir a campo para o combate.
Aos escolhidos Deus dá uma força que não vem do humano mas do Divino, antes da escolha, Jesus estava em oração, isso significa dizer que aquela mesma força libertadora, que saia de Jesus e aliviava as pessoas de seus males, está também presente em cada discípulo. Vivemos em uma sociedade marcada por uma multidão de pessoas que não são livres, a alienação de certas ideologias vem contaminando o coração de muitos, e nesse caso, o anúncio cristão de Jesus e seu evangelho, é a única saída para tantas opressões. Entretanto, essa ação libertadora por excelência, depende de nós...(Diácono José da Cruz - Paróquia Nossa Senhora Consolata - Votorantim SP- E-mail jotacruz3051@gmail.com.br)




terça-feira, 30 de agosto de 2016

-RENUNCIAR A TUDO E SEGUIR Jesus-José Salviano

23º DOMINGO TEMPO COMUM

4 de Setembro de 2016-Ano C

1ª Leitura - Sb 9,13-18

Salmo - Sl 89


2ª Leitura - Fm 9b-10.12-17


Evangelho - Lc 14,25-33



PRIMEIRA LEITURA

Qual é o homem que pode conhecer os desígnios de Deus?
Por meio de Jesus, principalmente do Evangelho, nós passamos a conhecer uma boa parte dos planos de Deus. Porém, nem tudo nós conhecemos. A justiça de Deus não confere com a nossa justiça. Somos seres limitados e por tanto, muito do que gastaríamos de conhecer a respeito do Pai, não ficamos sabendo.
Somos seres mortais e os nossos pensamentos são facilmente corrompidos pela nossa carne, pela nossa sensualidade, de modo que quase sempre pensamos com os nossos órgãos genitais, ou com a nossa ganância, com o desejo de querer sempre mais, de querer ser mais e melhor que os nossos concorrentes.
Pobres de nós! Peçamos a Deus que ilumine os nossos pensamentos, e que Ele guie as nossas ações.

SALMO
Não somos nada mais do que carne, osso cartilagens e pele, e um dia voltaremos ao ser simplesmente pó. Então, meus irmãos, para que tanto orgulho, para que essa imponência, essa postura de poderoso de poderosa?
Essa sua beleza, este seu físico musculoso, tudo isso, à medida que o tempo vai passando, vai ficando desfigurado, enrugado, e a perda óssea, pode diminuir a sua estatura.
Portanto, sejamos humildes, conscientes do nada que somos, conscientes da nossa insignificância diante de Deus.

SEGUNDA LEITURA
O apóstolo Paulo reconhece que a velhice chegou. Que o ritmo a sua luta deve ser desacelerado.
Assim também acontecerá a cada um de nós. Toda essa energia da juventude e da vida adulta, um dia chegará ao seu final, e estaremos cansados, fracos e sonolentos. 
E nesta hora, é que muitos se voltam para Deus, é nessa hora que buscamos a Deus com medo da condenação eterna. Isso porque percebemos que o fim está próximo.
Deus poderia nos dizer: agora é tarde. Não vos conheço. Mas Ele é Pai que nos ama com amor de mãe, e nos perdoa, nos acolhe.
Caríssimas, e caríssimos. O mandamento é: Ame a Deus com todas as usas forças, e com todo o teu entendimento. Portanto, busquemos a Deus agora, com todas as nossas forças da juventude, e da vida adulta! Porque é agora que temos muito de nós para oferecer ao serviço do Reino de deus. Não esperemos a velhice chegar, para nos entregar ao Pai. Façamos isso agora, pois é nessa fase da nossa existência que temos muito para dar. E é dando que se recebe.


EVANGELHO
Por onde Jesus nadava, Ele era seguido, acompanhado por muita gente. Pessoas que buscavam principalmente o alívio dos seus sofrimentos através da cura. E depois de curados, muitos continuavam seguindo Jesus para ouvir suas belas palavras de conforto, e de esperança de vida. Jesus era manso e humilde, e se dirigia a todos com carinho e atenção.
Jesus não era como nós que muitas vezes tratamos os nossos irmãos com arrogância, com indiferença, e com falta de amor.
A nossa vida é um entrelaçamento de jogos de interesses. Somos gentis com quem nos interessa. Somos agradáveis com quem nos agrada, com quem nos atrai, com quem é do nosso nível social.
E por causa disso, não teremos nenhum mérito, segundo o que disse Jesus.  Se fores amáveis com quem vos são simpáticos, não tereis nenhuma recompensa. Os maus também agem assim.
O nosso mérito consiste em aturar os chatos, consiste em dar ouvidos e atenção aos que vivem na solidão e não têm com quem conversar. Nossa recompensa virá com certeza, pelo fato de ajudarmos aos que precisam da nossa força, da nossa atenção, da nossa contribuição, do nosso sorriso, da nossa AMIZADE DESINTERESSADA.
Como é bonito uma jovem, um jovem que tem pena de uma idosa, de um idoso, e os ajudam com os seus fardos, que os ajudam a carregar as compras, que os levantam quando caem, que os apoiam na hora do desequilíbrio dos seus corpos desgastados pelo tempo, etc.
Estes são jovens que sabem que um dia também ficarão velhos, e sem forças. São jovens que tiveram uma boa educação, e que veem nos idosos, as pessoas de seus pais, que veem nos idosos a sua própria pessoa envelhecida no futuro, e acima de tudo, são jovens bem intencionados, caridosos, sábios, inteligentes, prudentes, que veem nos velhos frágeis, a pessoa de Jesus Cristo.
Bem aventurados a todos que agem assim. Pois ao fazer isso, estão evangelizando através da ação, estão transformando este mundo em uma realidade melhor.
Felizes são todos os que se importam com os fracos, com os humildes, com os sem terras, sem tetos, sem médicos, sem comida, como o fez o Filho de Deus.
Feliz é aquele fazendeiro que, apesar dos protestos dos seus vizinhos, seus amigos ricos, entregou uma parte da sua fazenda para a construção de casas e para o plantio para os favelados. Essa foi uma grande caridade, uma grande ajuda para os pobres, e será também grande a sua recompensa nos Céus.
Todos nós devemos nos desapegar dos nossos bens materiais, e da família para que possamos seguir melhor a Jesus Cristo. Todavia, esse é um desapego parcial, isso porque precisamos de muitos bens para uma vida em abundância, assim como precisamos da esposa, do esposo, para a construção da família. É uma renúncia na qual usamos as coisas como se não as estivéssemos usando, ou seja, sem aquele apego insano, desenfreado, e IDOLATRADO.  Isso porque, muitos transformam certos bens como o carro, a mulher, o namorado, o cachorro, a moto, a casa em verdadeiros ídolos. LEMBRANDO QUE ÍDOLO É TUDO AQUILO QUE TOMA O LUGAR DE DEUS EM NOSSAS VIDAS.
Porém, no Evangelho de hoje, Jesus nos fala de UM DESAPEGO MAIOR, de UM DESAPEGO TOTAL E IRRESTRITO, Ele nos fala do desapego familiar e econômico em favor do Reino de Deus. Jesus está falando do SACERDÓCIO em si.
“ Qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo!”
O sacerdote é aquele que largou tudo: família, bens materiais, e renunciou até a si mesmo. Ele renunciou o seu direito de ser pai, o seu direito ao prazer carnal, renunciou a tudo, para servir a Deus.
Por isso, o padre merece o nosso respeito, a nossa ajuda, o nosso carinho, a nossa companhia, a nossa atenção, o nosso apoio e principalmente, A NOSSA ORAÇÃO.
Lembremos que em toda ajuda que prestamos aos nossos irmãos, deve está  contida, incluída, a ORAÇÃO.  Precisamos não somente dar ajuda material, mas também, e principalmente rezar por ele, por ela.
Hoje seu amigo bateu à sua porta pedindo uma ajuda. Amanhã, poderá ser a sua vez de pedir a ajuda dele.
Ajude-o, mas não deixe de rezar por ele. Pois, com certeza a tribulação chega quando relaxamos na oração. Quando paramos de rezar o “bicho pega”. E esse bicho nada mais é do que o diabo!
Deus sabe de tudo o que precisamos. Porém, Ele fica esperando que nós lhe peçamos. Na oração o Pai Nosso tem os cinco pedidos das coisas principais que nós necessitamos pedir a Deus diariamente, a toda hora.
Deus está sempre disponível a nós, está sempre esperando os nossos pedidos, e acima de tudo, Deus está sempre esperando a nossa mudança de vida, a nossa conversão.

Vai! O que você está esperando?

Tenha um bom domingo.  José Salviano



23º DOMINGO DO TEMPO COMUM-ano C

04/09/2016


ANO C
23º DOMINGO DO TEMPO COMUM


Tema do 23º Domingo do Tempo Comum

A liturgia deste domingo convida-nos a tomar consciência de quanto é exigente o caminho do “Reino”. Optar pelo “Reino” não é escolher um caminho de facilidade, mas sim aceitar percorrer um caminho de renúncia e de dom da vida.
É, sobretudo, o Evangelho que traça as coordenadas do “caminho do discípulo”: é um caminho em que o “Reino” deve ter a primazia sobre as pessoas que amamos, sobre os nossos bens, sobre os nossos próprios interesses e esquemas pessoais. Quem tomar contacto com esta proposta tem de pensar seriamente se a quer acolher, se tem forças para a acolher… Jesus não admite meios-termos: ou se aceita o “Reino” e se embarca nessa aventura a tempo inteiro e “a fundo perdido”, ou não vale a pena começar algo que não vai levar a lado nenhum (porque não é um caminho que se percorra com hesitações e com “meias tintas”).
A primeira leitura lembra a todos aqueles que não conseguem decidir-se pelo “Reino” que só em Deus é possível encontrar a verdadeira felicidade e o sentido da vida. Há, portanto, aí, um encorajamento implícito a aderir ao “Reino”: embora exigente, é um caminho que leva à felicidade plena.
A segunda leitura recorda que o amor é o valor fundamental, para todos os que aceitam a dinâmica do “Reino”; só ele permite descobrir a igualdade de todos os homens, filhos do mesmo Pai e irmãos em Cristo. Aceitar viver na lógica do “Reino” é reconhecer em cada homem um irmão e agir em consequência.


LEITURA I – Sab 9,13-19

Leitura do Livro da Sabedoria

Qual o homem que pode conhecer os desígnios de Deus?
Quem pode sondar as intenções do Senhor?
Os pensamentos dos mortais são mesquinhos
e inseguras as nossas reflexões,
porque o corpo corruptível deprime a alma
e a morada terrestre oprime o espírito que pensa.
Mas podemos compreender o que está sobre a terra
e com dificuldade encontramos o que temos ao alcance da mão.
Quem poderá então descobrir o que há nos céus?
Quem poderá conhecer, Senhor, os vossos desígnios,
se Vós não lhe dais a sabedoria
e não lhe enviais o vosso espírito santo?
Deste modo foi corrigido o procedimento dos que estão em terra,
os homens aprenderam as coisas que Vos agradam
e pela sabedoria foram salvos.

AMBIENTE

O Livro da Sabedoria é um texto de carácter sapiencial (isto é, cujo objectivo é transmitir a “sabedoria”, identificada com a arte de bem viver, de ter êxito e de ser feliz). O autor apresenta-se como um “rei”, apaixonado pela “sabedoria” e que construiu um templo na “montanha santa” e um altar na “cidade da habitação de Deus” (Sab 9,6-8). Tudo indica, pois, que o autor quer apresentar-se como sendo o rei Salomão; mas trata-se de um livro escrito na primeira metade do séc. I a.C. (Salomão é da primeira metade do séc. X a.C.) por um judeu piedoso, provavelmente pertencente à comunidade judaica de Alexandria. O objectivo do autor é duplo: por um lado, dirige-se aos seus compatriotas, mergulhados no paganismo, na idolatria e na imoralidade, e mostra-lhes as vantagens de perseverar na fé e de viver na justiça; por outro lado, dirige-se aos pagãos e apresenta-lhes a superioridade da fé e dos valores israelitas. O autor exprime-se em termos e concepções do mundo helénico, esforçando-se por exprimir a sua fé e as suas convicções numa linguagem actualizada, erudita, bem ao gosto da cultura grega da época.
O texto que nos é apresentado é o final da segunda parte do livro (cf. Sab 6,1-9,18). Aí, o autor coloca na boca de um rei (Salomão, embora o nome nunca seja referido explicitamente) o elogio da “sabedoria”.

MENSAGEM

A questão fundamental para o autor do texto é esta: só essa sabedoria que é um dom de Deus permite ao homem compreender tudo, fazer o que agrada a Deus e ser salvo.
O autor parte da constatação da nossa finitude, das nossas limitações, das nossas dificuldades típicas de seres humanos, para concluir: por nós, não conseguimos compreender o alcance das coisas, não conseguimos descobrir o verdadeiro sentido da nossa vida, apercebermo-nos dos valores que nos levam, verdadeiramente, pelo caminho da vida e da felicidade. Como chegar, portanto, a “conhecer os desígnios de Deus”?
O autor só encontra uma resposta: o homem tem de acolher a “sabedoria”, dom de Deus para todos aqueles que estão interessados em dar um verdadeiro sentido à sua vida. Só a acção de Deus que derrama sobre os homens a “sabedoria” permite encontrar o sentido da vida e discernir o verdadeiro do falso, o importante do inútil.

ACTUALIZAÇÃO

A reflexão pode fazer-se a partir dos seguintes dados:

• Face ao contínuo cruzamento de perspectivas, de desafios, de teorias, ficamos confusos e sem saber, tantas vezes, como escolher. Por outro lado, as nossas escolhas acabam, tantas vezes, por ser condicionadas pelos “media”, pelo politicamente correcto, pela ideologia dominante, pela moda, pelos valores que as telenovelas impõem, pelas ideias das pessoas que nos rodeiam, pela filosofia da empresa que nos paga ao fim do mês… Será que esses caminhos que nos são mais ou menos impostos nos conduzem no sentido da vida plena, da realização total, da felicidade?

• Para os crentes, o critério que serve para julgar a validade ou a não validade dessas propostas é o Evangelho – embora, muitas vezes, ele se apresente em absoluta contradição com os valores que a sociedade propõe e impõe. Como é que eu me situo face a isto? O que é que vale mais, quando tenho de decidir: os valores do Evangelho, ou as propostas dessa máquina trituradora, impositiva, limitadora das escolhas individuais que é a opinião pública?


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 89 (90)

Refrão: Senhor, tendes sido o nosso refúgio
através das gerações.

Vós reduzis o homem ao pó da terra
e dizeis: «Voltai, filhos de Adão».
Mil anos a vossos olhos são como o dia de ontem que passou
e como uma vigília da noite.

Vós os arrebatais como um sonho,
como a erva que de manhã reverdece;
de manhã floresce e viceja,
à tarde ela murcha e seca.

Ensinai-nos a contar os nossos dias,
para chegarmos à sabedoria do coração.
Voltai, Senhor! Até quando…
Tende piedade dos vossos servos.

Saciai-nos desde a manhã com a vossa bondade,
para nos alegrarmos e exultarmos todos os dias.
Desça sobre nós a graça do Senhor nosso Deus.
Confirmai, Senhor, a obra das nossas mãos.


LEITURA II – Flm 9b-10.12-17

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo a Filémon

Caríssimo:
Eu, Paulo, prisioneiro por amor de Cristo Jesus,
rogo-te por este meu filho, Onésimo, que eu gerei na prisão.
Mando-o de volta para ti, como se fosse o meu próprio coração.
Quisera conservá-lo junto de mim,
para que me servisse, em teu lugar,
enquanto estou preso por causa do Evangelho.
Mas, sem o teu consentimento, nada quis fazer,
para que a tua boa acção não parecesse forçada,
mas feita de livre vontade.
Talvez ele se tenha afastado de ti durante algum tempo,
a fim de o recuperares para sempre,
não já como escravo, mas muito melhor do que escravo:
como irmão muito querido.
É isto que ele é para mim
e muito mais para ti, não só pela natureza,
mas também aos olhos do Senhor.
Se me consideras teu amigo,
recebe-o como a mim próprio.

AMBIENTE

A Carta a Filémon é a mais breve e pessoal das cartas de Paulo. É endereçada a um tal Filémon, aparentemente um membro destacado da Igreja de Colossos.
A partir dos dados da carta, podemos reconstruir as circunstâncias em que o texto aparece. Onésimo, escravo de Filémon, fugiu de casa do seu senhor. Encontrou Paulo, ligou-se a ele e tornou-se cristão. Paulo, que nessa altura estava na prisão (em Éfeso? Em Roma?), fê-lo seu colaborador e manteve-o junto de si. No entanto, a situação podia tornar-se delicada se Filémon se ofendesse com Paulo; e, do ponto de vista legal, ao dar guarida a um escravo fugitivo, Paulo era cúmplice de uma grave infracção ao direito privado. Enfim, Onésimo corria o risco de ser preso, devolvido ao seu senhor e severamente castigado.
É neste contexto que Paulo resolve enviar Onésimo a Filémon. Onésimo leva consigo uma carta, em que Paulo explica a Filémon a situação e intercede pelo escravo fugitivo. Com extrema delicadeza, Paulo insinua a Filémon que, sendo possível, lhe devolva Onésimo, já que este lhe vem sendo de grande utilidade; no entanto, Paulo pede, sugere, mas sem impor nada e deixando a decisão nas mãos de Filémon.
É um texto belíssimo, carregado de sentimentos, “verdadeira obra-prima de tacto e de coração”.

MENSAGEM

O que está em causa neste texto é muito mais do que um problema privado, embora com alcance social; é, sobretudo, um problema eclesial (embora com implicações sociais), e que deve ser resolvido a partir desse valor supremo da ética cristã que é o amor.
Para Paulo, o amor deverá ser a suprema e insubstituível norma que dirige e condiciona as palavras, os comportamentos, as decisões dos crentes. Ora, o amor tem consequências bem práticas, que os membros da comunidade cristã não podem olvidar: implica o ver em cada homem um irmão – independentemente da sua raça, da sua cor, ou do seu estatuto social. Vistas as coisas nesta perspectiva, não é de estranhar que Paulo solicite a Filémon que receba Onésimo não como o que era antes (um escravo), mas sim como é agora – um irmão em Cristo. Se Filémon é, de facto, cristão, é essa a atitude que deve assumir para com Onésimo.
O problema da escravatura deve ter-se posto, desde muito cedo, à comunidade eclesial. Mas os cristãos cedo perceberam que a solução não estava na violência ou na revolta, mas no levar até às últimas consequências a fraternidade que une todos os homens e que resulta do facto de todos serem “filhos de Deus” e irmãos em Cristo. A violência, quando muito, serviria para substituir uns escravos por outros, sem alterar a situação; só o amor poderia mudar o coração dos homens, de forma a acabar com a exploração do homem pelo outro homem. A conversão ao amor – exigência fundamental para integrar a comunidade eclesial – exige o reconhecimento da igualdade fundamental de todos os homens (“sem distinção entre judeu ou grego, entre escravo ou homem livre, entre homem ou mulher, porque todos são um só em Cristo Jesus”, dirá Paulo – Gal 3,28). A partir do amor, o “dono” do escravo descobre a igualdade profunda de todos os homens, filhos do mesmo Deus e irmãos em Cristo; a partir do amor, o escravo descobre a afirmação clara da sua dignidade de homem. É esta a questão fundamental que o texto nos apresenta.

ACTUALIZAÇÃO

Para a reflexão, considerar as seguintes questões:

• O amor – elemento que está no centro da experiência cristã – exige ao cristão o reconhecimento efectivo da igualdade de todos as pessoas, apesar das diferenças de cor da pele, de estatuto social, de sexo, de opções políticas. O meu comportamento para com aqueles que comigo se cruzam é sempre consequente com esta exigência? A cor da pele alguma vez me levou a discriminar alguém? O facto de uma pessoa ser pobre ou rica já alguma vez me levou a tratá-la com mais ou menos consideração? O facto de uma pessoa ser homem ou mulher já alguma vez me levou a dar-lhe mais ou menos importância ou dignidade?

• O amor – elemento que está no centro da experiência cristã – exige que as nossas comunidades sejam espaços de comunhão, de fraternidade, de acolhimento, sejam quais forem os defeitos dos irmãos. As nossas comunidades têm facilidade em acolher? Como são tratados os “diferentes” ou, então, aqueles que se afastaram ou que cometeram alguma falta? Acolhemo-los com amor, ou marcamo-los toda a vida com o estigma da suspeita e da desconfiança?


ALELUIA – Salmo 118 (119), 135

Aleluia. Aleluia.

Fazei brilhar sobre mim, Senhor, a luz do vosso rosto
e ensinai-me os vossos mandamentos.


EVANGELHO – Lc 14,25-33

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo,
seguia Jesus uma grande multidão.
Jesus voltou-Se e disse-lhes:
«Se alguém vem ter comigo,
sem Me preferir ao pai, à mãe,
à esposa, aos filhos, aos irmãos, às irmãs
e até à própria vida,
não pode ser meu discípulo.
Quem não toma a sua cruz para Me seguir,
não pode ser meu discípulo.
Quem de entre vós, que, desejando construir uma torre,
Não se senta primeiro a calcular a despesa,
para ver se tem com que terminá-la?
Não suceda que, depois de assentar os alicerces,
se mostre incapaz de a concluir
e todos os que olharem comecem a fazer troça, dizendo:
‘Esse homem começou a edificar,
mas não foi capaz de concluir’.
E qual é o rei que parte para a guerra contra outro rei
e não se senta primeiro a considerar
se é capaz de se opor, com dez mil soldados,
àquele que vem contra com ele com vinte mil?
Aliás, enquanto o outro ainda está longe,
manda-lhe uma delegação a pedir as condições de paz.
Assim, quem de entre vós não renunciar a todos os seus bens,
não pode ser meu discípulo».

AMBIENTE

Estamos, ainda, no “caminho para Jerusalém”. Desta vez, o ensinamento de Jesus dirige-se “às multidões”, quer dizer, a todos os discípulos presentes e futuros de Jesus.
A parábola anterior (cf. Lc 14,15-24) havia sugerido que o “banquete do Reino” estava aberto a todos os que aceitassem o convite de Jesus, inclusive aos pobres, estropiados, cegos e coxos… Agora, Lucas vai apresentar algumas exigências que devem cumprir todos aqueles que entram no “banquete do Reino”. A “instrução” reúne diversos ensinamentos de Jesus sobre a condição dos discípulos, predominando o tema da renúncia.

MENSAGEM

Quais são então, na perspectiva de Jesus, as exigências fundamentais para quem quer seguir o “caminho do discípulo” e chegar a sentar-se à mesa do “Reino”? Jesus põe três exigências, todas elas subordinadas ao tema da renúncia.
A primeira exige o preferir Jesus à própria família (vers. 26). A este propósito, Lucas põe na boca de Jesus uma expressão muito forte. Literalmente, podemos traduzir o verbo “misséô” aqui utilizado como “odiar” (“quem não odeia o pai, a mãe… não pode ser meu discípulo”). Para ser discípulo, é preciso odiar alguém? Não. Segundo a maneira oriental de falar, “odiar” significa “pôr em segundo lugar algo porque, entretanto, apareceu na vida da pessoa um valor que ainda é mais importante”. É evidente que Jesus não está a pedir o ódio a ninguém, muito menos a esses a quem nos ligam laços de amor… Está, sim, a exigir que as relações familiares não nos impeçam de aderir ao “Reino”. Se for necessário escolher, a prioridade deve ser do “Reino”.
A segunda exige a renúncia à própria vida (vers. 27). O discípulo de Jesus não pode viver a fazer opções egoístas, colocando em primeiro lugar os seus interesses, os seus esquemas, aquilo que é melhor para ele; mas tem de colocar a sua vida ao serviço do “Reino” e fazer da sua vida um dom de amor aos irmãos, se necessário até à morte. Foi esse, de facto, o caminho de Jesus; e o discípulo é convidado a imitar o mestre.
A terceira exige a renúncia aos bens (vers. 33). Jesus sabe que os bens podem facilmente transformar-se em deuses, tornando-se uma prioridade, escravizando o homem e levando-o a viver em função deles; assim sendo, que espaço fica para o “Reino”? Por outro lado, dar prioridade aos bens significa viver de forma egoísta, esquecendo as necessidades dos irmãos; ora, viver na dinâmica do “Reino” implica viver no amor e deixar que a vida seja dirigida por uma lógica de amor e de partilha… Pode, então, viver-se no “Reino” sem renunciar aos bens?
Com este rol de exigências, fica claro que a opção pelo “Reino” não é um caminho de facilidade e, por isso, talvez não seja um caminho que todos aceitem seguir. É por isso que Jesus recomenda o pesar bem as implicações e as consequências da opção pelo “Reino”. A parábola do homem que, antes de construir uma torre, pensa se tem com que terminá-la (vers. 28-30) e a parábola do rei que, antes de partir para a guerra, pensa se pode opor-se a outro rei com forças superiores (vers. 31-32) convidam os candidatos a discípulos tomar consciência da sua força, da sua vontade, da sua decisão em corresponder aos desafios do Evangelho e em assumir, com radicalidade, as exigências do “Reino”.

ACTUALIZAÇÃO

Para reflectir e partilhar, considerar as seguintes questões:

• Jesus não é um demagogo que faz promessas fáceis e cuja preocupação é juntar adeptos ou atrair multidões a qualquer preço. Ele é o Deus que veio ao nosso encontro com uma proposta de salvação, de vida plena; no entanto, essa proposta implica uma adesão séria, exigente, radical, sem “paninhos quentes” ou “meias tintas”. O caminho que Jesus propõe não é um caminho de “massas”, mas um caminho de “discípulos”: implica uma adesão incondicional ao “Reino”, à sua dinâmica, à sua lógica; e isso não é para todos, mas apenas para os discípulos que fazem séria e conscientemente essa opção. Como é que eu me situo face a isto? O projecto de Jesus é, para mim, uma opção radical, que eu abracei com convicção e a tempo inteiro ou um projecto em que eu vou estando, sem grande esforço ou compromisso, por inércia, por comodismo, por tradição?

• A forma exigente como Jesus põe a questão da adesão ao “Reino” e à sua dinâmica faz-nos pensar na nossa pastoral – vocacionada para ser uma pastoral de massas – e na tentação que sentem os agentes da pastoral no sentido de facilitar as coisas, de não serem exigentes… Às vezes, interessa mais que as estatísticas da paróquia apresentem um grande número de baptizados, de casamentos, de crismas, de comunhões, do que propor, com exigência, a radicalidade do Evangelho e dos valores de Jesus… O caminho cristão é um caminho de facilidade, onde cabe tudo, ou é um caminho verdadeiramente exigente, onde só cabem aqueles que aceitam a radicalidade de Jesus? A nossa pastoral deve facilitar tudo, ou ir pelo caminho da exigência?

• Às vezes, as pessoas procuram a comunidade cristã por tradição, por influências do meio social ou familiar, porque “a cerimónia religiosa fica bonita nas fotografias”… Sem recusarmos nada, devemos, contudo, fazê-las perceber que a opção pelo baptismo ou pelo casamento religioso é uma opção séria e exigente, que só faz sentido no quadro de um compromisso com o “Reino” e com a proposta de Jesus.

• Dentro do quadro de exigências que Jesus apresenta aos discípulos, sobressai a exigência de preferir Jesus à própria família. Isso não significa, evidentemente, que devamos rejeitar os laços que nos unem àqueles que amamos… No entanto, significa que os laços afectivos, por mais sagrados que sejam, não devem afastar-nos dos valores do “Reino”. As pessoas têm mais importância para mim do que o “Reino”? Já me aconteceu renunciar aos valores do “Reino” por causa de alguém?

• Outra exigência que Jesus faz aos discípulos é a renúncia à própria vida e o tomar a cruz do amor, do serviço, do dom da vida. O que é mais importante para mim: os meus interesses, os meus valores egoístas, ou o serviço dos irmãos e o dom da vida?

• Uma terceira exigência de Jesus pede aos candidatos a discípulos a renúncia aos bens. Os bens, a procura da riqueza são, para mim, uma prioridade fundamental? O que é mais importante: a partilha, a solidariedade, a fraternidade, o amor aos outros, ou o ter mais, o juntar mais?



ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS PARA O 23º DOMINGO DO TEMPO COMUM
(adaptadas de “Signes d’aujourd’hui”)

1. A PALAVRA MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.
Ao longo dos dias da semana anterior ao 23º Domingo do Tempo Comum, procurar meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa… Aproveitar, sobretudo, a semana para viver em pleno a Palavra de Deus.

2. CONVIDAR A CONTEMPLAR A CRUZ.
Se houver uma cruz bem situada, pode-se enfeitá-la com flores ou iluminá-la com um projector… No momento penitencial, o presidente da assembleia pode convidar os fiéis a olhar para a cruz… Pode ainda aproveitar todo esse simbolismo durante a homilia.

3. ORAÇÃO NA LECTIO DIVINA.
Na meditação da Palavra de Deus (lectio divina), pode-se prolongar o acolhimento das leituras com a oração.

No final da primeira leitura:
“Pai do céu, quem pode descobrir as tuas intenções e descobrir a tua vontade? Mas nós podemos bendizer-Te por Jesus, por quem comunicaste a tua Sabedoria, e pelo Espírito Santo, que Tu nos deste.
Nós Te pedimos pelos pais e educadores, catequistas e pregadores. Que o teu Espírito seja a sua Sabedoria, que Ele os sustente e os guie”.

No final da segunda leitura:
“Deus nosso Pai, nós Te damos graças pelo baptismo, que é um novo nascimento. Por ele deste-nos a vida no teu Filho Jesus.
Nós Te pedimos pelos mediadores e conciliadores, que se dedicam a restaurar o diálogo nos conflitos profissionais e noutros conflitos. Pelo teu Espírito, orienta os nossos pensamentos e os nossos esforços na procura da conciliação”.

No final do Evangelho:
“Deus nosso Pai, como bom empreendedor Tu construíste pacientemente a nova torre que nos liga a Ti e une o céu e a terra. Colocaste as fundações e pelo teu Espírito acabas em nós a obra começada.
Nós Te pedimos por todos nós, teu povo, que chamas a seguir-Te. Confiamos-Te todos aqueles que levam cruzes pesadas”.

4. BILHETE DE EVANGELHO.
O que Jesus critica nos dois heróis das parábolas é o facto de não terem tomado tempo para se sentar. Ora, Ele propõe estas duas parábolas no momento em que convida os seus discípulos a segui-l’O sem condições, e mesmo a levar a sua cruz, isto é, a aceitar as provas que seguirão ao seu compromisso. Quer dizer que, antes de seguir Jesus, é preciso reservar tempo para a reflexão. Jesus não esconde as exigências, mas é preciso perguntar porque O seguimos, até onde O podemos seguir. É a maneira de Jesus respeitar a liberdade do homem. Ele não quer discípulos que decidem segui-l’O sem mais nem menos. Ele não pede a mesma coisa a toda a gente, mas a cada um Ele pede para segui-l’O em função dos seus carismas. Mais uma razão para nos sentarmos e perguntar: quais são os meus carismas que quero pôr ao serviço do Reino?

5. À ESCUTA DA PALAVRA.
Podemos ainda comentar esta página do Evangelho? Jesus, decididamente, é demasiado duro, as suas exigências demasiado radicais: “Se alguém vem ter comigo, sem Me preferir ao pai, à mãe, à esposa, aos filhos, aos irmãos, às irmãs e até à própria vida, não pode ser meu discípulo… Quem de entre vós não renunciar a todos os seus bens, não pode ser meu discípulo». Sem contar com este convite ao sofrimento: “Quem não toma a sua cruz para Me seguir, não pode ser meu discípulo”. Parece que Jesus quer desencorajar quem quer ser seu discípulo. Como compreender? Primeiro, é preciso compreender que Lucas escreve o seu Evangelho num contexto de perseguições. Alguns cristãos preferiam morrer a renegar a sua fé. Outros, talvez os mais numerosos, escolhiam colocar, pelo menos momentaneamente, a sua fé entre parêntesis para salvar os seus bens, a sua família e a sua própria vida. São Lucas quis, não tanto condenar estas fraquezas na fé, mas sobretudo dar um forte encorajamento àqueles que se mantinham firmes na fé, até à morte. Eram esses, os mártires, que tinham razão em seguir Jesus até no mistério da sua morte na cruz. O que nos podem estas palavras dizer hoje? O nosso mundo é duro em tantos domínios. Por exemplo, talvez não se possa dizer que o sentido do casamento e da família, o valor da palavra dada para ser fiel ao seu marido, à sua esposa, sejam referências maiores da nossa cultura. Querer, neste mundo, ter em conta estes valores não somente “espirituais”, mas propriamente cristãos, fazer referência ao Evangelho, afirmar-se como crente em Jesus, numa sociedade “descristianizada”, não é evidente hoje. A maior parte tomou as suas distâncias em relação a Deus, à fé cristã. Então, a palavra de hoje é-nos dada para nos despertar e, ao mesmo tempo, para nos encorajar. Aqueles que, apesar de tudo e contra tudo, continuam a dar um lugar importante na sua vida a Jesus, têm razão. O Evangelho de hoje é um convite urgente a mantermo-nos na nossa fé, por mais que isso custe!

6. ORAÇÃO EUCARÍSTICA.
Pode-se escolher a Oração Eucarística III que evoca, particularmente, a oblação de Cristo.

7. PALAVRA PARA O CAMINHO…
Como O seguimos? No caminho, grandes multidões à procura de Jesus, com interesses muito variados! Era ontem! E nós, hoje, como o seguimos? Como um líder político? Uma estrela da canção? Um ídolo do futebol? “Jesus voltou-Se”, indicando claramente os desafios. Tornar-se seu discípulo é uma questão de preferência absoluta, num caminho que passa pela cruz.


UNIDOS PELA PALAVRA DE DEUS
PROPOSTA PARA
ESCUTAR, PARTILHAR, VIVER E ANUNCIAR A PALAVRA NAS COMUNIDADES DEHONIANAS
Grupo Dinamizador:
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
Rua Cidade de Tete, 10 – 1800-129 LISBOA – Portugal
Tel. 218540900 – Fax: 218540909
scj.lu@netcabo.pt – www.ecclesia.pt/dehonianos